CAPÍTULO 34.

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Enxergava-se nos olhos tanto de John quanto os de Rayza, a exaustidão que o casamento os causara. Precisavam descansar, se divertirem, se beijarem, acreditem... Nem pra isso estavam tendo tempo!

- Vocês precisam descansar, relaxar! - Cassia disse para os dois.

- Não Cassia, faltam duas semanas para o casamento. Temos que ir escolher as flores hoje ainda. - Rayza retrucou.

- Também acho que precisamos relaxar um pouco. Vamos a casa de praia, amanhã estamos de volta. A mamãe irá escolher as flores, certo? - John disse, Cassia assentiu e Rayza não pareceu gostar muito da ideia.

- Podemos pelo menos terminar de tomar o café? - Indagou com um olhar frio, e John assentiu.

Ajeitaram algumas peças de roupas em uma bolsa, John pegou a carteira, se despediram da Cassia e saíram. Antes de irem a casa de praia, ele informou que iria no centro da cidade, passar em uma agência bancária e comprar, segundo ele, a melhor torta da cidade. E para a surpresa de Rayza, "a melhor torta da cidade", era vendida na padaria do tio do Alemão.

- Amor, compra uma torta de maçã inteira ali, vou sacar um dinheiro aqui na agência! - Ele jogou o dinheiro no colo dela, e saiu.

Como Rayza não havia contado nada para John sobre o episodio do dono da padaria, não poderia simplesmente dizer que não iria entrar lá e ponto. Poderia não entrar, mas teria que dar explicação ao namorado, e não queria estragar o momento.

- Veio fazer programa de novo? Sua barriga tá grande demais! - Ele disse com um sorriso malicioso em seus lábios, aproximando-se de Rayza.

- Você me respeita! - Ela disse apontando o dedo para o rosto do rapaz.

- Quem tem que me respeitar aqui é você, garota! - Gritou segurando o dedo dela, que imediatamente puxou, cuspiu na cara dele e saiu jogando alguns frascos de biscoitos caseiros no chão. - Ninguém cospe em mim, isso não vai ficar assim sua vadia, ou eu não me chamo Jorge Ferreira.

- Isso é uma ameaça? - Rayza perguntou virando-se para ele.

- Imagine do jeito que quiser! - E ela levantou o dedo do meio para ele e saiu.

- Ainda bem que a fila estava pequena. - John disse e ela deu um sorriso amarelado. - Cadê a torta?

- Não tinha, vamos logo daqui. - Retrucou entrando no carro.

Desde que saíram do centro da cidade, Rayza não conseguia pensar em outras coisas que não fosse as ameaças do padeiro, mas pelo menos agora sabia o nome dele, Jorge Ferreira... Se é que seu nome for realmente esse!

- O que está martelando a sua cabecinha? - John disse de uma forma carinhosa e preocupada.

- Nada, só estou cansada. - Mais que um minuto de silêncio, muito mais.

- Chegamos! - Desceu do carro. - Já posso sentir a calmaria desse lugar. - Rayza sorriu e ambos começaram a caminhar pela estradinha de chão.

Os dois estavam nas nuvens, ela não tanto quanto ele, por conta das ameaças, mas estava. Foi ali que aquele belo pedido de casamento aconteceu, foi ali que deram um passo a mais, foi ali que deram O BEIJO de suas vidas, por enquanto. Algumas fotos dos sorrisos despercebidos dela, ainda estavam ali, John pegou uma delas, e a beijou em um ato de carinho, e seguidamente tocou seus lábios ao dela em um selinho.

"É, foi aqui que minha vida começou a ter sentido!". Ele pensou alto.

- Já ia dizer o mesmo. - John olhou confuso, mas depois percebeu que tinha pensado alto demais e sorriu.

- Eu te amo!

- Eu também te amo!

estávamos tão bem que fiquei com medo de estragar tudo. - Lágrimas caíram.

- Não precisa chorar, quando eu disse que te amava, eu disse de coração. Os atos que fazemos de coração, ninguém estraga! Mas, você deveria ter me contado. - Ele disse tentando acalma-la.

Fecharam os olhos tentando dormir, mas John não conseguia, uma dúvida sobre Rayza perseguia a sua mente, até porque se ela pode esconder um segredo por mais de dez meses, pode esconder algum por mais de dez anos. E não era isso que ele queria para si, ele queria uma mulher que fosse sua companheira, sua amiga, e que ele pudesse confiar. Agora ele já não confiava nela como antes, mas ainda a amava, vão casar, ter filhos, morar juntos. Então assim que lembrou dos bons momentos da relação, conseguiu dormir com um sorriso nos lábios. Pena que no dia seguinte, o sorriso havia desaparecido, teve um pesadelo que lhe deixou menos confiante ainda, sonhou que a sua namorada estava tendo casos com o Alemão e com o Jorge, antes que ela pudesse acordar, ele enxugou as lágrimas que caíam dos olhos, e colocou o medo para correr. Depois de tomarem café, voltaram para a cidade.

- Rayza meu amor, então como foi o dia, se divertiram muito, relaxaram? O John te estressou? - Como de costume, Cassia fez o seu interrogatório antes mesmo de descerem do carro.

- O dia foi ótimo, o John cuidou de mim direitinho! - Rayza deu um sorriso envergonhado, ela ainda não tinha se habituado com o jeito extrovertido da sogra.

- Escolheu as flores, mãe? - John perguntou abraçando-a.

- Claro que sim, para a cerimônia, serão rosas brancas e amarelas. E para a comemoração, como vai ser no sítio, escolhi orquídeas lilases e rosas corais. O buquê deixei que a noiva escolhesse! - Cassia disse cantarolando e entrou.

Duas semanas, era essa questão de tempo que os "separavam". Logo logo, o casamento estaria chegando. Então, decidiram focar-se nos preparativos, e esquecer todos os problemas.

Um final nada feliz!Onde histórias criam vida. Descubra agora