CAPÍTULO 15.

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Quando se recuperou, olhou no relógio, quem sabe ainda dava tempo para ir a faculdade, pra se recompor, ver o John, talvez, fazer algo... Qualquer coisa que tirasse aquele bilhete - deixado pelo canalha - dos seus pensamentos. Mas, já se passavam das dez horas, então iria ter que tirar esses pensamentos de alguma forma, sem ir à aula.

Tentou assistir, mas os olhares se alternavam entre a televisão e a maleta que o Alemão havia deixado lá, tentou ler um livro, mas não conseguia desviar o olhar da maleta, tentou ouvir músicas, mas também não conseguiu. Para matar aquela ânsia, a solução seria abrir o que tanto lhe incomodava.

Levantou-se do sofá, pegou a maleta e sentou-se novamente, olhou todos os lados da mala, e instantes depois abriu, e mesmo sabendo que já havia visto aquele dinheiro todo, ainda assim ficou boquiaberta.

Começou contando as notas de cem reais, e ao final de todas, haviam trinta e oito mil reais. Continuou contando as notas de cinquenta, e ao final, haviam vinte e dois mil reais. A soma total era de sessenta mil reais, dinheiro indigno, de vendas de drogas, de assaltos, e outras coisas inimagináveis.

Rayza sentia-se podre por dentro, só de pensar na possibilidade de gastar um tostão daquele dinheiro. Mas, o universo conspirava contra as suas vontades, seu curso custava mensalmente, mil e seiscentos reais, ela devia duas mensalidades ao diretor Rubens... Seu aluguel custava quatrocentos reais - por ser um apartamento minúsculo -, e devia três meses. Aquele dinheiro era a solução de seus problemas. Porém, como ainda dava tempo de arrumar outra, vestiu-se e foi procurar um emprego.

Até parecia que uma força do além estava contra ela, pois é quase impossível em uma cidade feito São Paulo, não encontrar um emprego satisfatório para alguém que está cursando o último semestre de medicina.

No horário do almoço comeu um hambúrguer, descansou um pouco, que deveria ser um pouco triplicado. O cansaço havia lhe vencido de uma vez por todas, e decidiu ir pra casa.

No caminho para casa, a melhor coisa que poderia lhe acontecer, aconteceu... Uma pessoa, não certamente para desabafar, pois não era confiável contar essas histórias a alguém. Mas nessa pessoa, viu algo que poderia lhe animar.

Lembrava de que todas as vezes que encontrou essa pessoa, estava triste, mas esse mesmo indivíduo lhe arrancava sorrisos. Sim, era o John que estava vindo em direção de Rayza.

- Porque faltou a aula hoje? Fiquei muito preocupado com você. - Abraçou Rayza.

- Não foi nada, apenas me atrasei, e achei melhor não ir atrasada, atrasada demais. - Sorriu inocentemente e um olhar de carência.

- Ah, entendi. Então... Depois nos falamos, agora tenho que ir. - Despediu-se e deu uma piscadela.

Huuum, cheirinho de decepção no ar...

Sem ninguém para fazer-lhe companhia, vestiu um short e uma camisa grande e masculina, ligou a televisão e assistiu o filme, "A Culpa é das Estrelas"... Com toda sensibilidade do mundo, chorou em praticamente todas as partes do filme, deitou-se perdida em pensamentos e acabou cochilando. Resultado de uma mente carregada, dormir à tarde não era o seu forte, dizendo melhor, nunca havia acontecido. Mas foi bom, um sono profundo lhe causaria bem.

Um final nada feliz!Onde histórias criam vida. Descubra agora