CAPÍTULO 19.

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No domingo, assim que acordou Rayza foi ao banheiro tomar banho, escovar os dentes. Quando saiu do banheiro, tomou um iogurte e comeu um pão ainda com a toalha no corpo. Assim que terminou o seu café, foi arrumar-se, vestiu-se numa camiseta e numa calça, ambas peças da cor preta, e saiu de casa.

No caminho para onde ela desejava ir, parou e comprou umas rosas brancas. Voltou a caminhar, e enfim chegou... E já chorando, foi até o túmulo da sua mãe.

Em frente ao túmulo, ajoelhou-se, colocou as flores e caiu aos prantos no meio das gotas grossas de chuva. O dia estava triste, nuvens cinzas cobriam o céu, e trovões que um dia amedrontaram Rayza, hoje não amedrontava mais.

- Que saudades, minha mãe. Eu te amo tanto! - Passava as mãos sobre o túmulo de dona Maria.

Passou alguns minutos no cemitério e, depois foi pra casa. Estava tão cansada de toda aquela luta diária, mas jamais iria desistir, o sonho da sua mãe, tinha que ser realizado, nem que fosse a última coisa que Rayza fizesse na vida.

Quando chegou em casa, entrou no banheiro, tirou a roupa e tomou um banho, um daqueles de lavar até a alma. As lágrimas caiam, mas como não cair? Era muito sofrimento para uma pessoa só.

- Levanta essa cabeça Rayza, sua mãe não te quer assim! - Disse Rayza, olhando para o seu próprio reflexo no espelho. Secou o rosto, e soltou um sorriso forçado.

Quando saiu do banheiro, vestiu-se em um pijama, deitou no sofá, se enrolou com o cobertor e começou a ler o livro "A última música". Se emocionou em diversas partes do livro, havia sido tão lindo a parte em que o pai e a filha começaram a se entender, e foi tão triste a parte em que o pai morre, e a filha realiza o último desejo dele, que era compor uma música, uma última música, a partir daí que se dá o nome do livro.

Quando terminou de ler, já se passavam das uma e meia da tarde, nem havia almoçado. Então vestiu-se em uma roupa qualquer e foi a um restaurante.

- Boa tarde. O que vai querer? - Uma moça perguntou-a, assim que ela sentou-se. A garçonete era uma negra muito bonita, com os olhos escuros, boca carnuda e os cabelos encaracolados em um black power.

- O que você me indica? - A moça sorriu. - Estou sem cabeça.

- Pode ser lasanha de frango? - Rayza assentiu e a moça foi buscar o almoço.

Uns cinco minutos depois, a moça voltou com a porção de lasanha, Rayza almoçou tranquilamente, pagou a conta e saiu. Não queria ir para casa, não agora, queria respirar um ar puro, então foi até o parque, ficou observando umas crianças correndo e soltou o primeiro sorriso verdadeiro daquele dia embaraçador.

Distraída, olhando as crianças correrem e se divertirem, pensando em como havia sido a sua infância ao lado da sua mãe, sentiu uma mão tocar em seu ombro, quando olhou para trás deu de cara com o Alemão.

- O que você quer comigo? - Se afastou um pouco.

- Calma princesa, eu não vou te fazer mal nenhum! - Ele tentou se aproximar, mas ela não deixou.

- Eu estou calma! - Ela gritou. - Não encosta em mim, eu te odeio, idiota.

- Só saio daqui se pegar em minha mão, como uma pessoa educada. - Pôs a mão para cumprimentar.

- Então você vai ficar aqui, por que eu já estou indo. - Deu as costas para Alemão e ele pegou em seu braço e puxou-a. Os dois se viram abraçados, por alguns segundos Rayza não tentou sair, mas depois lembrou que "odiava o Alemão", então o empurrou e saiu correndo.

A primeira coisa que viu assim que saiu correndo, foi o John.

- Quem é aquele cara? - Ele perguntou furioso.

- É um amigo meu. - Retrucou.

- Se é seu amigo, por que empurrou ele? - Rayza ficou em silêncio. - Eu vou saber dessa história direito agora mesmo. - Saiu em direção onde o Alemão estava e Rayza o puxou.

- Eu não quero que você vá até lá, aquele cara é apenas um idiota que estava tentando me segurar. - Disse olhando no fundo dos olhos de John.

- Hum, olha se aquele cara encostar perto de você, não respondo por os meus atos.

- Depois eu que sou a ciumentinha, hein? - Ela sorriu.

- É, você é a ciumentinha, e ponto final. - Retribuiu o sorriso e abraçaram-se. - Afinal, o que está fazendo aqui?

- Ah, é que hoje fez dois meses que a minha mãe partiu. Eu fui ao cemitério e depois vim aqui para poder respirar um ar puro.

- Por que não me chamou para ir com você?

- Porque eu queria que esse momento fosse só meu. - Um silêncio constrangedor surgiu entre os dois, e ela quebrou o gelo. - E você está fazendo o que aqui?

- O mesmo que você, respirando um ar puro. Não consigo tirar aquelas besteiras da cabeça. - Rayza levantou e em seguida puxou ele e começou a correr. - Pra onde vamos?

- Reviver a infância, vamos brincar. Te peguei, tá com você. - Deu um toque no corpo de John e saiu correndo e gargalhando.

John correu atrás de Rayza, e demorou um bom tempo para conseguir acompanha-la, quando conseguiu, pulou sobre ela e os dois caíram sobre a grama. Os olhares se encontraram e imediatamente os lábios também, as línguas dançavam ao mesmo ritmo, mas o clima foi quebrado.

- Eca, que nojo. - Um garotinho de olhos azuis e cabelos louros disse olhando o beijo dos dois, e saiu correndo. John e Rayza, gargalharam e se levantaram para ir embora.

Quando já estavam na casa de Rayza, fizeram uma pipoca queimada, e um brigadeiro queimado também, gargalharam e foram assistir ao filme "Cartas para Julieta", quando o filme acabou, John beijou-a e se despediu.

Quando Rayza sentou-se, sentiu algo estranho, então pôs a mão para ver o que era, era a chave do carro de John. Segundos depois alguém bateu na porta.

- Já estou indo, amor... Louco, esqueceu a ch... - Abriu a porta e deu de cara com Alemão, tentou fechar a porta, mas ele empurrou e entrou. - O que você quer aqui?

- Vim te ver! - Disse Alemão sorrindo.

- Vai embora daqui. - Retrucou Rayza apontando para porta aberta.

- Eu vou, depois de te dar um beijo. - Partiu para cima de Rayza e acabou beijando-a, nesse exato momento John entrou dentro da casa, e o sorriso que estava em seus lábios se esvaiu.

- Rayza?! - Ela empurrou Alemão, e ele foi embora.

Quando Alemão estava próximo a porta, sentiu um soco em um dos olhos. Pôs uma das mãos no olho atingido, e com a outra foi bater em John, conseguiu atingir a barriga dele. Rayza encostou tentando ajudar.

- Vá embora Alemão! VAI! - Ela gritou.

- Você ta marcado, hein playboy?! - Retrucou e saiu.

- John, não era o que você estava pensando. - Ela tentou o abraçar e ele a empurrou.

- Como assim Rayza? Eu chego aqui e te topo aos beijos com um "traficantezinho" e não era o que eu estava pensando?! - Retrucou revoltado.

- Me perdoa John, foi tudo um mal entendido. - Suplicou aos prantos.

- Você me disse que não íamos ter segredos... Quando ia me falar dele? Te perguntei no parque e você disse que não conhecia! - Encarava Rayza com fúria no olhar.

- John, pelo amor de Deus, eu te amo.

- Tem certeza disso? Quem ama aqui sou eu, e cadê o recíproco? Não existe! Me esquece Rayza. - Levantou-se do chão e foi embora.

Depois que ele saiu, Rayza ligou para o celular dele diversas vezes e não obteve resultados. Passou o restante da noite aos prantos na cama, até que caiu no sono.


Um final nada feliz!Onde histórias criam vida. Descubra agora