CAPÍTULO 6.

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Passaram-se mais duas semanas, e a mensalidade de Rayza venceu, não havia conseguido um emprego, ao menos de lavar louças, e então o que ela iria fazer pra pagar uma quantia nada baixa para quem não trabalha?

"Enquanto o Diretor Rubens não me procura, posso continuar procurando um emprego". Era o que ela pensava.

Durante aquela semana inteira, havia se tornado hábito, sair todos os dias, no mesmo horário, em busca de um emprego, e só receber "não".

Porém, numa sexta-feira, algo chamou a sua atenção, talvez fosse uma solução. A garota estava andando pelo centro de São Paulo, e em uma padaria viu a placa: "Precisa-se de funcionários". Já bastante animada, entrou na padaria, confiante de que naquele dia sairia empregada.

- Oi, boa tarde! - Disse Rayza, radiante.

- Boa tarde, mocinha! - Respondeu um homem, não muito velho, careca, gordo e com uma cara de... safado.

- É que eu vi uma placa aqui na entrada, e me interessei. Estou desempregada, e tenho que pagar umas contas, será que poderia arrumar um servicinho pra mim, nem que seja de faxineira? - Perguntou, quase implorando.

- Eu gostaria de lhe ajudar, mas nessa padaria, mulher só se for cliente.

- Poxa, eu preciso tanto de um emprego. Pelo menos, pode me ajudar, me indicando a alguém? Sei lá... - Enquanto ela conversava, o rapaz babava observando o decote dela. Notou que ele não estava prestando atenção e continuou - Ei, ei, você ta ouvindo?

- Ah, oi! Me desculpe. - Rayza assentiu e sorriu inocentemente. - Então você quer um emprego?

- Sim, estou passando por uns problemas, tenho que resolvê-los, o mais rápido possível.

- Olha garota, eu sei de uma coisa que você pode fazer. Não é bem um emprego, mas lhe garanto que vai dar dinheiro, e ainda mais sendo você. - Enquanto falava, sorria maliciosamente.

- Então, o que é? - Perguntou animada.

- Eu acho que você não vai gostar, mas porquê não vende esse corpinho? Eu posso ser o seu primeiro cliente! - Colocou a sua mão sobre a de Rayza, e ela tirou.

- Não, isso nunca! - A imagem de Alemão dando-lhe dinheiro, foi a mente, e ela se envergonhou de estar sendo hipócrita dizendo: ''isso nunca".

- Conheço algumas meninas que já estão ricas se prostituindo... Se mudar de ideia, me procure! Agora tenho que voltar ao trabalho. - Afastou-se do balcão e Rayza foi embora.

No caminho para casa, sua mente estava carregada de pensamentos nojentos e piedosos. Rayza via um filme, deitando-se com diversos homens, de todas as raças, e de todos os tamanhos, recebendo merrecas como pagamento. A menininha tão inocente, que estava escondida dentro dela, floresceu... A garota que por mais que se fingisse de forte, precisava de colo, estava ali mais uma vez, afim de um conforto, e quem iria lhe oferecer isso? Ninguém. Não tinha mãe, a Victória não atendia as diversas ligações, etc... Aliás, Rayza recebeu sim, um consolo, o melhor que alguém poderia receber, o consolo de quem estava do seu lado até quando ela dormia.

Agora seriam só os dois, Rayza e Deus, Deus e Rayza!

Um final nada feliz!Onde histórias criam vida. Descubra agora