CAPÍTULO 37.

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Atrás da sede do sítio, um jatinho alugado os esperavam para a tão sonhada, lua de mel.

- Você ainda não me falou para onde vamos! - Rayza reclamou.

- E nem vou dizer... Você verá! - John retrucou com um sorriso de orelha a orelha.

O voo foi tranquilo, porém, demorado e cansativo. Assim que chegaram onde iriam ficar, avistaram um dos pontos principais da cidade, a Torre Eiffel. Estavam em Paris!

- Paris?! - Indagou com uma sobrancelha erguida, e ele assentiu.

Cansados, deitaram-se na cama do hotel cinco estrelas que haviam se hospedado, olhando um nos olhos do outro. E sabe aquele momento, que a maior vontade é de dar um beijo voraz e com amor? Ambos sentiram, e ambos tomaram a iniciativa. Os lábios grudaram-se freneticamente, e o que impedia que as línguas mantivessem contato, desapareceu... As línguas brincavam uma com a outra, de uma forma que os pelos da nuca de John, arrepiavam-se. O vestido soltinho de Rayza, caiu dos seus ombros, e ele tirou de todo o corpo dela na maior calmaria do mundo. A paisagem o emocionou, aquela barriga enorme de quase nove meses, fez os seus olhos encherem de lágrimas, logo logo, na cama seriam quatro, John, Rayza, Clarice e Miguel. A família perfeita! Depois que ela estava despida, ele distribuía beijos por todo o seu corpo, começando pelo pescoço, passando pelos lábios e pelo cantinho dele, desceu até o queixo, e logo após estava entre os seios... Desceu passeando a língua por toda aquela área, e só parou na barriga, onde beijou centímetro por centímetro de pele, e nesse exato momento os bebês mexeram, iriam gostar do papai.

Voltou a sua posição inicial, com os olhos uns nos outros da forma mais intensa possível. Ele sorria, sorria como se sorrir fosse a única coisa que soubesse fazer, e saiu desse devaneio quando a voz doce de Rayza invadiu os seus ouvidos.

- Você vai... - Ele cai da cama. - Cair! - Rayza gargalha, ele levanta-se e deita na cama mais uma vez.

- Eu te amo!

- Eu também te amo!

Começaram a trocar carícias, fazer cafuné e acabaram dormindo.

No dia seguinte, assim que Rayza acordou e foi ao banheiro, soltou um líquido meio que viscoso, a bolsa havia estourado, então John a colocou no carro e partiu para um hospital, o mais conhecido da cidade.

Levaram Rayza até a sala de parto, o mais rápido possível. E quando começaram a fazer a cirurgia - pelo fato de ser um parto cesário -, houve uma complicação grave, que colocara a vida tanto de Rayza quanto dos bebês, em risco. Ela teve uma hemorragia, perdeu muito sangue, precisaria de doação. O mais rápido que pode, John fez os exames para saber se o seu sangue era compatível ao dela, mas não era. Algumas enfermeiras observando a situação desesperadora de John, também fizeram os exames, mas nenhuma delas tinha o sangue compatível com o de Rayza. Então os médicos chegaram a conclusão de que o sangue dela era raríssimo, só algum familiar com o grau de parentesco bem próximo, poderia ter o sangue compatível ao dela. O problema, é que ela não tinha familiar algum, exceto pelo seu pai, Isaac.

- Oi John, ta tudo bem por ai? - Isaac perguntou do outro lado da linha telefônica.

- Não, a Rayza está tendo hemorragia, precisa de sangue, o dela é muito raro. O seu pode ser compatível, pega o primeiro voo para aqui, por favor. - John dizia sem pausas, desesperado.

- Estou indo. Cuida dela, por favor! - Isaac desligou o celular ofegante, aparentava estar correndo.

John ligou para os seus pais, contou a história e eles disseram que logo logo também estariam em Paris.

- Ela vai resistir? - John indagou para um dos médicos.

- Sinceramente, não sei. Espero que sim, irei tirar os bebês! - John assentiu preocupado, e voltou a sala de parto com o médico.

Dentro da sala, John chorava sem parar, segurava na mão de Rayza tentando lhe dar forças, mas ele não tinha forças nem para si próprio. Os olhos de Rayza estavam pouco abertos, sua expressão era cansada, e o seu rosto estava molhado, uma mistura de suor e de lágrimas que caíam lentamente. Um sorriso bem fraco surgiu aos lábios dos dois, quando alguns fiozinhos ruivos saiu de Rayza.

Clarice foi a primeira a nascer, tão linda... Os cabelos ruivos da mãe, os olhos castanhos claros, que era a fusão do verde esmeralda de Rayza, e o castanho escuro de John, o nariz arrebitado como o do pai. E um choro fino e intenso, que esperançou o papai.

- Vai dar tudo certo, amor! - Ela tentava responder, mas a sua voz não saia, então apertou a mão do esposo.

Depois de oito minutos, o príncipe Miguel, nasceu e por incrível que pareça, não chorou. Já era marrento, como a mãe, iria dar muito trabalho para os dois. Seus cabelos também eram ruivos, os olhos eram castanhos escuros como os de John, e o nariz como o da mãe.

Nem precisaria de exame DNA, os bebês, com toda a certeza, eram filhos de John. Todo o processo foi feito, cortaram o cordão umbilical de ambos, limparam e colocaram para dormir no berçário, enquanto a princesa e o príncipe dormiam, Rayza sofria, perdendo mais e mais sangue.

Depois de duas horas e meia, Isaac, Cassia e Josué chegaram ao hospital.

- Minha filha está bem, eu vim o mais rápido que consegui. - Ele dizia desesperado.

- A Rayza está inconsciente. Vai, rápido... - John direcionou Isaac a sala de exames. - Pelo amor de Deus, o seu sangue é compatível, tem que ser. - A porta da sala fechou-se.

Depois de alguns minutos, que pareceram dez anos, Isaac saiu da sala sorridente. O seu tipo sanguíneo também era raro, então poderia fazer a doação. E fez... O processo foi complicado, mas pareceu dar certo. Porém, os batimentos cardíacos de Rayza diminuíram até pararem por completo.

- Não, isso não pode estar acontecendo. - John chorava desesperado sobre o corpo de Rayza.

Os médicos voltaram a sala com um aparelho chamado de desfibrilador cardíaco, e posicionaram sobre o peito de Rayza. Apertaram contra ele uma vez, e no impulso o corpo dela subiu e desceu, mas os batimentos cardíacos não voltaram. Acionaram o aparelho mais uma vez, aconteceu a mesma coisa no mínimo umas quatro vezes, mas os batimentos cardíacos não voltavam. Quando John desistiu, e foi para a porta da sala com o choro preso no cantos dos olhos, algo apitou, e aos poucos os batimentos de Rayza voltaram, e ela começou a respirar lentamente. John correu até a cama em que ela estava, e a abraçou cuidadosamente.

- Finalmente, um final feliz em nossas vidas! - Ele disse quando ela já estava consciente.

- Isso não é um ''final feliz". A nossa história ainda não acabou. - Ela retrucou em meio a um sorriso fraco.

No comecinho da noite, Cassia levou os bebês para que Rayza pudesse vê-los, a abraçou e não conversaram muito por conta dela precisar de repouso. Depois Josué entrou a sala, disse algumas palavras bonitas e saiu. Logo era a vez do Isaac, John tirou os bebês dos braços de Rayza, e saiu deixando-os a sós.

- Minha filha, me desculpa por não ter voltado, por não ter procurado saber a verdade sobre você, por tudo... - Ela assentiu. - Um dia você irá saber toda a verdade, e vai ver que eu fui apenas uma vítima, minha filha. - Ele dizia tentando não a olhar nos olhos. - Eu te amo, minha filha. Me perdoa?

- Eu te perdoo, papai! - Ela disse com um sorriso fraco nos lábios.


Um final nada feliz!Onde histórias criam vida. Descubra agora