Capítulo 4 - O calor

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calor. substantivo masculino. qualidade, estado ou condição do que é quente ou está aquecido; temperatura (relativamente) alta. sensação produzida exteriormente por contato do corpo (pele) com fogo ou com ambiente ou matéria aquecidos.

- Eu não tenho a menor idéia de como responder à essa mensagem. Eu sei que precisamos conversar. Eu sei... Mas eu não sei se eu quero conversar com ele agora. Eu sei que quero ouvir o que ele tem a me dizer, mas eu tô preocupada. - Jesy começou a tentar explicar o que sentia à amiga, mas nem ela mesma estava entendendo. O nó na garganta aumentava a cada palavra e as lágrimas brotavam. Logo as pessoas começaram a olhar em direção à elas, com aquele olhar curioso que Jesy tanto temia.

Queria saber por que ele demorou tanto tempo para mandar uma mensagem, afinal, já haviam passado três horas desde o acontedio. Será que ele também ficou perturbado pelo que aconteceu? Será que ele se arrependeu? Será que ele ia dizer à ela para nunca mais falar com ele? Será que ele estava com muita raiva?

Diana não sabia nem mesmo o que responder para a amiga. Sentia-se compadecida pela situação, mas nunca tinha passado por nada parecido. Não tinha a menor idéia do que ela devia ou podia fazer. Queria apoiá-la, mas não conseguia. Porém, era visível pela sua expressão que ela compartilhava do sofrimento da amiga, e aquilo era reconfortante.

Finalmente Diana disse - "Eu só acho que vocês precisam realmente conversar".

O celular de Jesy pairava em sua mão, bloqueado, pois ela não sabia o que responder.

Ela olhava pra amiga, com lágrimas escorrendo pelas suas bochechas. Uma cena deplorável.

Depois de um tempo, Jesy criou coragem, desbloqueou a tela e respondeu "Precisamos mesmo".

Bloqueou rapidamente a tela e entregou o celular à amiga - "Eu não quero ver a resposta dele. Eu preciso ir bem na prova! Se ele responder, não me mostre, ok?"

Diana entendeu. Colocou o celular de Jesy no silencioso e o guardou em sua bolsa, sem nem ousar contestar a decisão da amiga, pois ela sabia o quanto a amiga prezava pelas suas notas, sabia que Jesy queria ir bem na prova de logo mais.

Então, elas resolveram ir embora, pois já estava quase na hora do almoço e Jesy tinha compromissos na hora do almoço com Valerie, amiga de ambas. Seria uma ótima maneira de tentar esquecer todo esse caos onde ela se meteu e daria um jeito de repassar a matéria antes da prova. Fizeram o trajeto de volta quase todo em silêncio, trocando sorrisos de entendimento de vez em quando, mas permaneciam naquele silêncio constrangedor onde tudo precisa ser dito, mas ninguém se atreve a iniciar o diálogo.

Diana ia acompanhar Jesy, ia ficar com ela o dia todo, então aceitou almoçar na casa da amiga, junto com Valerie.

Ao virarem a esquina da rua de Jesy, ambas pararam. Inacreditável: o carro de Louis estava na porta da casa de Jesy. Ela reconheceria aquele carro em qualquer lugar, pois o adesivo na traseira era inconfundível. Onde mais ela ia achar uma caminhonete azul marinho, toda empoeirada, com um belíssimo adesivo de um cavalo com a crina esvoaçante? Jesy sentiu vontade de se virar e ir pra outro lugar. Ou de sofrer autocombustão. Ou ficar milagrosamente invisível. Qualquer coisa que impedisse aquele momento.

Diana ficou imóvel, olhando pra amiga, sem saber o que fazer, afinal, ela estava totalmente curiosa para ver como seria o primeiro enfrentamento dos dois desde aquele momento inesperado de intimidade, mas se sentia uma intrusa ali no meio dos dois.

Antes mesmo de pensar no que fazer, Louis surgiu e as viu. Ele também parou onde estava. Provavelmente foi uma infeliz coincidência. Ele deve ter chegado há pouco tempo, chamado e viu que não havia ninguem em casa. Será que ele a procurou na clínica antes de ir até lá? Será que ele sabia que ela estaria nervosa demais para ir a qualquer lugar? Será que ele perguntou dela para as amigas?

Resplandecente - CompletaOnde histórias criam vida. Descubra agora