Capítulo 24 - O futuro

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futuro. tempo que se segue ao presente.

Eu não sabia nem se ia conseguir terminar de comer meu jantar. Louis estava balançando tanto a perna, pela ansiedade, que achei que a mesa ia sair do lugar. Tive que segurar meu riso diversas vezes, a curiosidade dele era enorme.
Eu mantive um constrangedor silêncio pois precisava pensar bem no que ia dizer a ele.
Resolvi brincar um pouco com a expectativa de Louis.
- Você acha que eu devo trocar minha cama por uma de casal?
Louis me olhou com um olhar um tanto desconsertado, parando com o garfo a meio caminho da boca.
- Não era esse o assunto da nossa conversa séria, era?
Tentei me segurar, mas não consegui. Mais uma vez caí na gargalhada com a cara que ele fez.
- Claro que não. Só estava tentando amenizar o clima.
Ele abaixou o garfo até o prato
- Você está judiando de mim hoje, Jes!
Mais uma vez eu sorri pra ele. Peguei sua mão e apertei com força.
- Me desculpe, meu bem. Nós vamos ter a tal conversa sobre o futuro, mas eu realmente quero sua opinião sobre a cama. A minha está pequena para nós. E acho que ela logo vai quebrar...se é que você me entende...
Senti minhas bochechas queimando e ele sorriu, malicioso.
- Eu não reclamaria. Podemos pensar nisso sim. Ia ser ótimo ter um pouco mais de espaço - ele deu uma piscadinha. E tinha parado de balançar a perna. Acho que consegui distraí-lo.
Terminamos o jantar e a perna balançante havia voltado.
Organizamos a louça que seria lavada no dia seguinte. Estava tão cansada, mas aquela conversa não podia esperar.
Abri a porta e me sentei na varanda, observando o movimento da rua. Ele logo estava de pé ao meu lado. Puxei-o pela cintura, aproximando-nos. Fiquei ali abraçada a ele por uns instantes, quando resolvi quebrar o silêncio.
- Então...
Senti Louis ficar tenso em nosso aperto.
- Você já parou pra pensar que temos uma data de validade?
Eu havia levantado os olhos para ele e ele abaixou os olhos para mim.
- Como assim? Estou confuso.
- Período que vem é nosso supervisionado. Eu ainda nem sei pra onde você vai. Estivemos vivendo um dia de cada vez, tão absortos um no outro, que não paramos pra pensar em algo tão importante quanto o futuro.
- Pra ser sincero, eu ainda não sei pra onde vou - ele disse, um tanto constrangido e coçando o pescoço.
- Mas pra qualquer lugar que você vá, será pra longe de mim. E depois do supervisionado você não irá voltar pra cá.
Eu não pude disfarçar minha decepção a cada palavra.
- Mas por que você tá preocupada com isso agora? O que está acontecendo?
Eu precisava explicar a ele quais eram os meus planos de futuro, para que nós tentássemos encontrar uma solução, juntos.
Eu não queria ficar longe dele. Sentia meu peito se apertando só de pensar nisso. Passei três longos anos imaginando nós dois juntos e agora...
Eu o abracei forte demais, queria poder absorver cada pedaço dele. Não podia mais sobreviver longe dele.
Ele percebeu minha repentina ansiedade e pareceu ainda mais desorientado.
- O que foi, Jesy? Você está muito misteriosa hoje!
- Eu só não quero ficar longe de você. Eu vou estar aqui. Vou fazer meu supervisionado na Universidade. Já até conversei com o Patrick, que aprovou minha ideia.
E tem mais uma coisa...
- O que? O que é?
Ele havia se sentado no batente da porta e estava concentrado em tudo que eu dizia.
- Pra falar sobre isso precisamos ir lá pra dentro. Não quero correr o risco de que alguém ouça.
Pude ver a surpresa e o espanto. Tenho certeza de que ele estava criando mil teorias enquanto se levantava com um olhar um tanto horrorizado. Ele ergueu sua mão esperando a minha. Eu segurei sua mão enquanto descia de onde estava. Entramos, de mãos dadas. A mão de Louis estava gelada. Ele estava realmente nervoso com aquela conversa toda. Fechei a porta atrás de nós. Ele nos guiou até o quarto, onde se sentou na beirada da cama. Eu subi para o meio da cama, encostei nos travesseiros, cruzando minhas pernas e colocando um deles em meu colo. Aquilo me ajudava quando estava nervosa.
- Não sei se isso será uma notícia boa pra você, mas pra mim foi ótima.
- Fala logo, criatura!
- Então, o Patrick me disse que talvez o programa de residência da universidade dê certo.
- Olha só, que coisa boa. Mas, espera... é só isso?
- Não. Não é só isso. Ele disse que, se sair pro ano que vem, a primeira vaga será minha...
Eu devo ter dito aquilo baixo demais. Pois minha voz foi realmente perdendo a força. Era surreal dizer aquilo em voz alta, pois parecia bom demais pra ser verdade.
Parecia que Louis não havia ouvido o que eu disse. Ele estava quieto. Quando levantei os olhos pra ele pelo que pareceu uma eternidade de silêncio, ele estava sorrindo.
- Que foi? Diz alguma coisa...
Eu estava ficando nervosa com aquele silêncio.
- Eu estou tão orgulhoso de você por isso - ele disse, subindo em minha direção e me abraçando forte demais, estava dificil respirar.
- Oh! - eu não estava conseguindo falar. Ele realmente estava usando uma força considerável.
Quando ele me liberou, estava com olhos brilhantes. Eu queria poder capturar aquele brilho para que ele me iluminasse sempre que a escuridão ameaçasse voltar pra me assombrar.
- Parece que você ficou bem feliz com isso, não é mesmo?
- Eu não fiquei feliz. Fiquei muito feliz! Você merece ser bem sucedida, merece que as pessoas reconheçam todas as suas qualidades.
Meus olhos marejaram ao perceber o amor que saía em sua voz junto com suas palavras.
- Eu te amo tanto - eu o beijei rapidamente, voltando a minha posição e enxugando as lágrimas que vinham caindo - e isso ainda é so uma opção. Ainda não deu certo!
- Mas eu sei que, se der certo, você vai arrasar - ele disse, se aproximando novamente e me beijando.
- Espero que assim seja. Mas, voltamos ao começo da nossa conversa. Quando você for pro seu supervisionado, o que vai ser de nós dois?
Agora que as lágrimas descobriram o caminho de saída eu não conseguia mais contê-las. Eu realmente não conseguia imaginar me afastar de Louis. Eu não queria.
- Mas, Jesy. Meu amor, você não tem porque se preocupar com isso. Mesmo que eu vá para longe fazer meu supervisionado, são apenas dois meses. Vão ser dois longos meses mas depois eu volto.
- Você está esquecendo que já disse pra mim que recebeu uma proposta de emprego pra quando estiver formado. Lá na sua cidade. Você pode voltar, mas não vai ficar aqui. E eu nem quero que você perca essa oportunidade por minha culpa. Eu quero que você seja bem sucedido, porque você merece também.
- Onde você está querendo chegar?
- Ano que vem, se a vaga da residência sair, eu vou ficar aqui e você vai voltar pra sua cidade...
- E aí você está com medo de que a gente se separe?
Apenas concordei com a cabeça, incapaz de verbalizar essa ideia.
Louis havia tirado o travesseiro que estava em meu colo e o substituído pela sua cabeça. Isso, aliás, me lembrou o momento que antecedeu nosso primeiro abraço e aqueceu meu coração. Enrolei meus dedos em seus cachinhos, tentando fazer com que aquele momento ficasse gravado em minha memória pra sempre.
- Eu não sei o que o futuro nos reserva. Mas se depender de mim, eu vou fazer o possível pra ficar com você.
Ele se levantou, ficando frente a frente comigo. Seus olhos demonstravam tanta sinceridade...
- Eu não imaginava que nós dois iríamos chegar até aqui, pra falar a verdade. Era tudo muito complicado e instável. Mas, antes, com a Lara, eu me preocupava que ela não ia querer ir embora comigo ou que eu teria que ir atrás dela. Só que, com você é tão diferente. Você sempre me fez sentir confiante, especial... nunca duvidou de mim. Mesmo quando brigava comigo quando estávamos estudando, era sempre pro melhor.
Eu estava sorrindo, segurando forte em suas mãos. Ele estava me dizendo todas essas coisas pela primeira vez e eu não podia estar me sentindo mais feliz. E ele continuou.
- Eu não me preocupo mais com isso. Sei que você vai me apoiar no que eu decidir, e eu espero que você saiba que eu também vou apoiar as suas decisões. Eu não espero que você vá atrás de mim, e eu sei que você vai entender se eu não puder ficar aqui.
Concordei silenciosamente. Ele realmente sabia como eu me sentia em relação a tudo isso. Mas eu ainda estava insegura.
- Eu nem sei o que te dizer, Lou. Você me deixou ainda mais apaixonada. E eu te amo tanto - eu segurei seu rosto, apertei suas bochechas e o trouxe pra mais perto.
- Eu espero que não se importe, mas eu preciso muito beijar você nesse momento.
Ele diminuiu ainda mais a distância entre nós, me pegando em um beijo que carregava todo o amor que esteve pairando sobre nós depois de tudo que ele havia dito!
- Podemos continuar essa conversa amanhã? - ele suplicou enquanto depositava pequenos beijos em meu pescoço.
Seria realmente difícil continuar qualquer conversa nesse momento. Eu estava inebriada por tudo que havia sido dito e não queria que nada alterasse aquilo. Me entreguei a Louis, pois ele havia acabado de se tornar o dono definitivo e irrefutável de todo meu coração. E todo meu corpo, já que seu toque e seus lábios estavam me reverenciando de uma forma em que eu me sentia eterna.ė

Naquela noite adormeci certa de que, independentemente do que o destino reservasse, aquela noite e aquela conversa seriam sempre uma doce memória. Uma memória que eu iria acessar sempre que precisasse lembrar como é me sentir plena! A entrega com que nossos corpos se amaram demonstrou que estávamos exatamente onde deveríamos estar.
Afinal, há dias em que a felicidade vem em pacotes sardentos de 1,80m com beijos doces e palavras inesperadas.
Oh, Louis...

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Aparentemente o futuro é promissor...

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Obrigada pelas leituras. Comecei a escrever tão despretensiosamente e estou com tantas leituras que me sinto até importante.
Olha...Se há alguém que lê e nunca comentou, se manifeste, por favor! Não tenha vergonha. Quero conhecer você!
Um abraço e obrigada, de novo

Resplandecente - CompletaOnde histórias criam vida. Descubra agora