Capítulo 32 - O enfrentamento

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(Enquanto escrevia esse capítulo eu ouvia o álbum Who we are, do Lifehouse. Recomendo que ouçam, muito bom!)

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Foram dois dias em que pude disfrutar novamente de uma overdose de Louis ao meu lado. E, de bônus, ainda tinha a fofura ambulante de Julieta para tornar tudo aquilo ainda mais adorável.

Fui à universidade logo na manhã seguinte à chegada de Louis, com ele e Julieta a tiracolo, para explicar toda a situação para Patrick.

- Menino, ela quase me matou aqui. Jurava que você tinha matado alguém, ou algo pior. Ela saiu daqui parecendo um zumbi, e não respondia minhas mensagens - estávamos todos sentados. Patrick em sua cadeira habitual, atrás de sua mesa, enquanto eu e Louis nos sentamos à sua frente. Julieta estava se distraindo escrevendo no quadro. Todos rimos da preocupação de Patrick.

- Eu sei que devia ter te respondido, mas eu estava péssima. Eu não queria falar com ninguém. E depois ele chegou. E aí que eu não queria falar com mais ninguém mesmo - olhei para Louis, que sorriu envergonhado para mim. Eu realmente não precisava de mais ninguém agora que ele estava - temporariamente - de volta.

Conversamos mais um pouco, pois Patrick queria saber sobre o estágio de Louis. Eu fiquei sentada ali, atenta a cada palavra, absorvendo cada partícula envolta naquela conversa, cada centímetro da presença dele naquele cômodo. Era interessante como eu estava ciente da presença dele desde que chegou. Eu não conseguia mais desligar aquela sensação de alerta e de aconchego e de preocupação e de presença. Ele estava aqui. E eu precisava aproveitar cada segundo de nosso tempo já escasso.

Estou com medo de estar ficando obssessiva, mas eu realmente não consigo evitar.

Naquele dia saímos com Julieta para passear na praça. Nos sentamos para tomar sorvete, jogamos peteca, ele e Julieta jogaram bola, e eu fiquei sentada à sombra vislumbrando aquilo que se parecia muito com o tipo de presente e futuro que eu talvez algum dia pudesse querer - ou merecer.

- Vem jogar também, tia Jesy - gritou a pequena me tirando dos meus pensamentos.

- Claro, meu bem. Vamos jogar nós três, mas tenham cuidado comigo, vocês dois não são nada delicados jogando bola.

E aquilo era a pura verdade. O fato de Louis ser um - enferrujado - praticante de kung fu muitos centímentros mais alto que eu, e Julieta ser uma criança pequena e cheia de energia, me deixava em desvantagem ali.

Se isso acontecesse há alguns meses, eu nem mesmo me levantaria do meu assento debaixo de uma árvore com bastante sombra. Era preguiçosa, me cansava fácil e era mais - muito mais - pesada. Entretanto, desde que me tornei assídua na academia e perdi mais de 10 quilos, eu demoro mais para me cansar e tenho mais fôlego e ânimo. E isso fez toda a diferença naquela brincadeira inocente. Consegui desviar de jogadas mais fortes, consegui devolver a bola rapidamente e, no final, estávamos todos errando as jogadas e vermelhos de tanto rir.

- Ai, meu Deus. Rindo desse jeito eu vou ficar sem forças - disse sabiamente Julieta enquanto se jogava num dos banquinhos que ficavam à sombra. Devido ao período de férias, a praça central estava até que cheia, com muitas famílias e crianças brincando com seus pais, andando de bicicletas e fazendo aquilo que as crianças fazem de melhor: gritando.

Estávamos nós três sentados, descansando após a brincadeira. Um casal já idoso passou por nós e parou para conversar com Julieta. Apesar de ter apenas 6 anos, ela é uma criança muito educada, e bem articulada. Ela, mesmo tímida, sabe conversar e consegue deixar as pessoas encantadas por ela com poucas palavras. Naquele dia, mesmo suada e com o rabo de cavalo bagunçado pela correria, ela ainda estava com a mesma carinha bonita que sempre lhe rendia elogios. Seus enormes olhos cor de mel transmitiam tanta doçura que era difícil resistir.

Resplandecente - CompletaOnde histórias criam vida. Descubra agora