Capítulo 37 - A visita (3)

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Louis não quis ir embora enquanto não conseguisse me mostrar uma coisa que, segundo ele, eu iria adorar e seria inesquecível. Eu, curiosa como sou, me deixei guiar por ele até aquela mesma pedra onde o assisti cavalgar em Dominador algumas horas antes.

Já era fim de tarde, nós dois nos sentamos sobre a pedra, e eu continuei sem entender o que estava acontecendo. Ele segurou minha mão, deu um leve apertão e apenas sussurrou

- Confia em mim, e só olha pra frente. Você não vai se arrepender.

Fiquei olhando para toda aquela imensidão sem entender o que ele estava querendo dizer. Como se a qualquer momento algo mágico fosse surgir à minha frente. E, por incrível que pareça, foi exatamente o que aconteceu. Conformo a noite tentava avançar, levando embora o sol, o horizonte se tingia de cores que, combinadas, formavam a coisa mais linda em que eu já havia colocado meus olhos. Laranja, rosa, vermelho. Rajadas de cores, nuvens cortadas e, por um momento, não consegui olhar pra mais nada. Eu acompanhei o sol, observei fascinada a luz fazer seu malabarismo e nada mais existia ali, apenas o aperto da mão de Louis na minha e o céu. O céu mais resplandecente que eu já havia visto em toda a minha vida. Qualquer um sabe da minha obsessão pelo pôr do sol. Qualquer um saberia que aquilo me encantaria permanentemente. Quando o baile das luzes acabou e o sol se escondeu completamente atrás das montanhas, dando ao céu aquele tom de cinza azulado que antecede a noite, eu me virei para Louis. Seus olhos brilhavam em minha direção e seu sorriso estava tão amplo quanto o meu.

- Gostou?

Eu o abracei. Nada que eu dissesse poderia descrever o quanto eu estava agradecida. Por tê-lo ao meu lado, por ele me conhecer tão bem e por ele saber o quanto aquilo seria significativo. Eu o abracei forte o bastante para que não houvesse um cantinho de mim que não estivesse preenchido de amor.

- Obrigada! - foi a única coisa que pude dizer a ele, ainda envolvendo-o em um abraço. Aquele dia estava sendo tão surpreendente que eu estava com medo de que estivesse tudo bom demais pra ser verdade. Afrouxei meu abraço apenas o suficiente para olhar nos olhos de Louis, aproveitando a luz escassa que ainda restava de todo aquele espetáculo. Seus olhos, meu mar particular.

- Eu te amo tanto, meu menino. Tanto - e eu o beijei, calma e longamente. Ele retribuiu o beijo, enquanto uma brisa fria soprava indicando que a noite estava se aproximando. Meu corpo se arrepiou e eu nunca saberia dizer se era pela sensação térmica ou por tudo que aquele momento representou. Meu beijo foi ternamente correspondido, e quando Louis se afastou de mim, aumentando o contato do meu corpo com o vento, pude perceber o quanto a proximidade de nossos corpos me aquece. Por dentro e por fora.

- Eu também te amo, minha mulher.

Ele beijou rapidamente minha bochecha, antes de se levantar e me levar com ele, agarrada à sua cintura para combater o frio que insistia em me atacar. Fomos até a casa dele, para fazer as devidas despedidas.

Rosa nos esperava na sala com um singelo embrulho nas mãos. Não entendi até que ela começou a falar

- Jesy, eu sinto muito não ter dado tempo de secar, mas quero que você leve isso para sua mãe.

Quando abri o embrulho, me emocionei ao perceber que era a toalha bordada que estava na mesa da cozinha. Aquela que ela mesma bordou e que eu elogiei. Estava ligeiramente úmida, demonstrando que ela havia lavado para poder me entregar.

- Eu não posso aceitar, Rosa. Imagina... - antes mesmo que eu terminasse de falar, ela segurou minha mão e me interrompeu.

- Isso é o mínimo que eu posso fazer. Você vê esse sorriso plantado no rosto de Louis? É culpa sua. E eu nunca vou poder agradecer tudo que eu sei que você fez e ainda faz por ele. Você é especial para o meu filho, Jesy. E eu faço questão que você leve um pedacinho de nós com você.

Resplandecente - CompletaOnde histórias criam vida. Descubra agora