coragem. substantivo feminino.
moral forte perante o perigo, os riscos; bravura, intrepidez.
firmeza de espírito para enfrentar situação emocional ou moralmente difícil.Naquela manhã não precisava acordar muito cedo pois não haveria aula. Mas acordei mesmo assim. O meu relógio biológico estava com seu despertador bem regulado. Percebi que Louis ainda dormia, então me levantei e fui arrumar o café. Aproveitei e liguei pra minha mãe, queria sua opinião sobre a compra da cama de casal.
Já havia discutido com ela sobre meu relacionamento com Louis, e ela não concordava com essa coisa de "namorar escondido". Mas apoiava minha felicidade. E por isso estava ansiosa para conhecê-lo. Só que isso teria que esperar, pois com a familia conturbada que eu tenho, eu ainda não me sentia segura de inserí-lo nesse universo.
Resolvi então ligar para ela, já que, infelizmente, ela ainda era a minha provedora. Eu arranjava maneiras para ajudá-la, mas a maior parte do dinheiro vinha dela.
- Bom dia - ela disse assim que atendeu ao telefone. Como trabalhava em uma escola, ela acordava cedo todos os dias, então ligar para ela antes das 7 da manhã não seria problema algum.
- Bom dia, moça! Já foi pra escola? - sim, minha mãe insiste em chamar a Universidade de escola. - Ainda não, mãe. Hoje não tenho aula cedo.
- Então por que acordou tão cedo?
- Queria te perguntar uma coisa. Será que cabe no orçamento eu comprar uma cama nova? Essa minha tá com os dias contados. Houve um pequeno silêncio.
- Vocês quebraram a cama, Jesy?
Senti minhas bochechas queimando. Minha mãe não era inocente de pensar que eu e Louis tínhamos um relacionamento casto, afinal eu tenho quase 30 anos e moro sozinha. Mas ela também não deveria estar falando desse jeito, afinal ela era minha mãe.
- Não, mãe. Que horror. É só que...a cama tá pequena! - não ia adiantar inventar alguma desculpa. Era a sinceridade. Agora eu deveria esperar pelo veredicto.
- Bom... Se você pesquisar e encontrar alguma que caiba no nosso orçamento, eu posso pensar no seu caso. Sua cama realmente está pedindo socorro há tempos, agora então ela deve estar morrendo - não consegui não rir com sua descrição.
- OK. Eu vou dar uma pesquisada então. Depois me manda por mensagem qual o limite, pra facilitar minha busca.
- Tá bem. Daí a sua cama atual você coloca no quartinho, que eu uso quando for te visitar. Beleza? E agora eu vou desligar porque vou entrar pra escola. Depois você me manda uma mensagem para me lembrar e eu te mando o valor.
- Tá bem, mãe.
- Deus te abençoe - e desligou.
As conversas com minha mãe eram sempre assim. Rápidas. Ela sempre falava comigo quando estava na correria, e não contestava minhas decisões desde que fossem razoáveis. A questão "dinheiro" lá em casa era problemática. Eu iria ter que discutir com Louis sobre a cama, pra ver se ele concordaria realmente com a compra, pra poder começar a fazer a pesquisa de preços. Enquanto falava com minha mãe eu sentei na varanda para poder admirar o sol e o
movimento da rua. Eu adorava me sentar ali. Resolvi ficar ali por mais um tempo, curtindo a preguiça. Eram raros os dias em que eu podia ficar tranquila de manhã, então devia aproveitá-lo ao máximo. Quando me cansei de ficar sentada voltei ao quarto. Percebi que Louis ainda não tinha se levantado. Eu então voltei a me aninhar a ele na cama. Cochilei não sei por quanto tempo, até que senti mãos acariciando meu cabelo. Não havia maneira melhor de acordar.
- Eu realmente acho que devíamos trocar essa cama. Um pouco mais de espaço seria bem útil - ele disse enquanto descia sua mão pelas minhas costas. Sua voz sonolenta era adorável. Seus olhos verdes eram serenos quando ele acordava. Jamais me enjoaria daquela visão.
- Eu falei sobre isso com minha mãe hoje. Ela vai me dizer um valor máximo e eu vou pesquisar. Dependendo do preço, ela autorizou a compra.
Ele se remexeu na cama, se virando e ficando de frente à mim.
- Eu posso ajudar nisso. Posso pagar metade. O olhei incrédula.
- Como assim, Louis? Por que?
- Eu vou usar a cama também. Nada mais justo. Eu sei como você se esforça pra ajudar a sua mãe, não seria justo você pagar por ela sozinha.
- Mas... comprar uma cama junto parece um compromisso.
Eu não queria ter dito aquilo soando tão desconfiada, mas assim que a frase saiu da minha boca ela parecia errada. Ele ficou visivelmente incomodado, se levantou e o olhar em seu rosto era duro. - Sim, Jesy. Um compromisso. Não como adotar um cachorro ou ter um filho, mas um compromisso. E eu pelo menos não me incomodo com isso, pois é exatamente o que eu quero com você. Não sei porque você não percebeu ainda...
Realmente, desde que começamos a ficar juntos foram pouquíssimas as vezes em que Louis dormiu em sua casa.
- Bom, para um casal esquisito como nós, comprar uma cama é um tipo de compromisso adequado, já que tudo que nós fazemos é dentro de casa. Seria nosso elo secreto - ele disse sorrindo, me abraçando e me apertando junto ao seu peito.
- Tá bem, eu aceito. Então a gente podia aproveitar que tem a manhã livre pra pesquisar - assim que pensei nisso, percebi que não poderíamos fazer aquilo. Não poderíamos sair juntos para ir a lojas pesquisar modelos e valores. E eu não tinha internet em casa, não poderíamos fazer isso ali também - esquece... não podemos ir juntos. Eu vou, eu pesquiso. Você vai ter que confiar em mim.
- Ou... podemos fazer diferente. Na minha casa tem internet. Você não quer ir para lá e a gente pesquisa juntos pelo computador?
Oh meu Deus, aquela era a primeira vez que ele me convidava para ir até a casa dele. E eu devo confessar que estava sofrendo um pequeno surto silencioso por causa disso. Afinal, mesmo que ele não morasse sozinho, aquilo iria significar muito. Eu acabaria conhecendo mais sobre ele, conheceria seu quarto.
- Eu confesso que adoraria. Mas e o Roger, que mora com você? Ele não pode nos ver juntos - eu não conseguia disfarçar minha ansiedade e minha preocupação.
- Não precisa se preocupar. Roger é um lerdo. E eu duvido que ele esteja em casa. Ele estava enrolado com o plantão.
- Bom...se você me garante que não há problemas eu aceito. Adoraria conhecer seu quarto. Ele fez uma careta muito engraçada.
- Ah, então... como você sabe, faz dias que não durmo em casa, então pode ser que meu quarto esteja um pouco bagunçado. Nós dois rimos da situação.
- Pois eu vou adorar mesmo assim, tenho certeza. Nós dois sorrimos e ele me beijou rapidamente.
- Então vamos? - se levantou, me estendeu a mão e esperou me levantar. Eu já havia trocado de roupa, por isso fiquei sentada enquanto ele se trocava. Nunca me cansaria de admirar aquela situação. Ele rapidamente trocou sua calça de pijama (que ele havia vestido em algum momento da noite após eu cair no sono, exausta). Vestiu uma calça jeans, calçou suas botas e escolheu uma camisa xadrez. Eu fiz questão de me levantar e abotoar a camisa. Podia sentir o calor que saía de nós dois com essa simples proximidade e adorava isso.
Tomamos café rapidamente e fomos para seu carro. Estava apreensiva quando ele estacionou em frente sua casa. Ele tentou me acalmar entrando antes para ter certeza de que Roger não estava lá. E ele não estava.
Isso me tranquilizou e assim pude entrar, absorvendo cada pedacinho daquele ambiente novo. Era como deveria ser a casa de dois universitários solteiros. Dois bem bagunceiros, aliás. Mas os cômodos comuns não me interessavam e eu passei os olhos por eles rapidamente. Louis me puxou pela mão e me levou até seu quarto.
Era como entrar em outro mundo mesmo. E estava extremamente bagunçado. Haviam camisas jogadas pelo quarto e a cama estava em uma desordem assustadora. Havia uma mesinha logo abaixo da janela, onde estava colocado seu notebook. Ele foi até lá ligá-lo enquanto eu olhava por todos os lados, reconhecendo e me acostumando a todo aquele novo ambiente.
- Bem que você disse que ia estar bagunçado... - eu olhei divertida para ele, que estava sentado de frente ao notebook.
Ele caiu numa gargalhada levou sua cabeça para trás. Eu logo me juntei a Louis, parando atrás dele e passando os dedos por seu cabelo. Ele havia aberto algumas páginas de lojas de departamento e estava pesquisando por camas de casal. Aquilo realmente denotava um compromisso: cama de casal. Mal percebia que estava passando minhas unhas pelo seu pescoço e por sua nuca.
- Você está me distraindo, Jesy - ele disse em um gemido. Eu percebi o que estava fazendo e parei. Eu direcionei minha atenção novamente para sua bagunça, enquanto ele continuava sua pesquisa. Abri gavetas, remexi em suas roupas. Encontrei seu perfume e me peguei envolvida por aquele aroma delicioso. O cheiro dele. Me distraí tanto mexendo em suas coisas que mal ouvi quando ele falou comigo. Ele precisou repetir.
- Jes, hey...você precisa vir aqui me ajudar a escolher.
Me virei finalmente percebendo que ele falava comigo. Fui em direção a ele, mas passei direto e me sentei em sua cama, jogando parte daquela bagunça para o lado.
- Não dá pra nós dois sentarmos aí, Lou... - eu disse, gesticulando para que ele trouxesse o computador e se sentasse na cama ao meu lado. Ele então se levantou, trazendo o notebook consigo e se sentou ao meu lado. E começou a me mostrar, com muita animação, alguns modelos que ele achou interessantes - e resistentes. Não conseguia nem me ofender com essa exigência dele. Nós dois juntos era um fardo um tanto pesado para uma cama, ela realmente tinha que ser resistente.
Aquele ambiente estava me deixando um tanto faminta. Logo eu estava com o queixo no ombro de Louis, acariciando seus cabelos e inalando seu cheiro. Eu não prestava a menor atenção ao que ele falava. Precisava que suas mãos estivessem em mim.
- Psiu...tem uma cama bem aqui - eu disse, enquanto passava lentamente minha unha pela sua nuca. Ele se virou para mim e seus olhos brilharam.
- Você me iludiu, dizendo que queria vir pesquisar aqui, só pra poder me usar na minha cama?
- Claro que não. Mas, agora que eu estou aqui, essa ideia me pareceu ótima. Mas se você
não quiser... - eu disse, retirando minhas mãos que estavam em contato com ele e fiz menção de me levantar da cama. Ele me puxou violentamente para baixo, me fazendo cair na cama e quando percebi ele já estava em cima de mim, colocando o notebook no chão com uma das mãos.
Logo ele também estava ávido e as suas intenções estavam claras. Ele foi rápido em tirar minha blusa e abaixar meu short. Eu não tinha tanta pressa assim. Estava aproveitando cada botão de sua camisa, abrindo-os vagarosamente.
- Você quer me matar desse jeito - ele sussurrou em meu ouvido e logo depois mordeu meu pescoço. Um arrepio subiu pela minha espinha e naquele momento eu não queria nada mais. Eu só queria ser dele. E depois, queria escolher a melhor cama para ser a próxima que iria estrear com ele. Porque nunca mais queria estar em nenhuma outra cama com nenhum outro homem.
O fato de frequentar a academia estava me dando fôlego e eu vi que, dessa vez, eu não iria desistir de perseguir a perda de peso. E eu não iria desistir de Louis. Acabamos estreando todos os ângulos de sua cama. Jogamos toda aquela bagunça pro chão, junto com nossas roupas.
E eu não queria mais que aquilo fosse segredo. Estava cristalino que eu era feliz com ele, e que ele me amava daquele jeito.Nosso test-drive demorou mais do que deveria e tivemos que almoçar na casa de Louis. Ele resolveu cozinhar para nós, e eu estava tão absorvida pela felicidade que Louis me proporcionou que não percebi quando Roger chegou. Ele nos cumprimentou rapidamente e sumiu. Assim como a cor no meu rosto. Eu devia estar pálida como um papel, pois logo Louis veio se sentar perto de mim. Ele evitou qualquer tipo de contato, pois Roger poderia voltar à cozinha a qualquer momento. E foi o que ele fez. Ele logo se juntou a nós na cozinha e começou a falar naturalmente. Graças a Deus Roger era uma pessoa fácil de se conviver pois era engraçado e conseguia ser educado. Tive que reunir todas as minhas forças para conseguir me manter neutra naquele ambiente.
- Então finalmente você veio nos visitar, Jesy? - ele perguntou, inocentemente.
- Eu vim ajudar o Louis...ele pediu pra eu ajudar ele a estudar e lá em casa não tinha jeito... - eu tentei driblar toda aquela situação.
- Bom, espero que você não se assuste com a bagunça - ele estava sendo tão amável. E eu era grata por isso.
O almoço correu tranquilamente. Nós três convivemos harmonicamente e eu roubei o lugar de Roger na carona de Louis para a Universidade.
- Não preocupa, Jesy. Eu arranjo outra carona rapidinho.
Eu fui até em casa com Louis, pois precisava trocar de roupa. Ao estacionar ele me perguntou se eu queria que ele ficasse. Mas, não. Seria a última vez, mas eu precisava chegar sozinha. Então ele me deixou em casa e, após me trocar, eu fui sozinha para a Universidade.
A tarde passou rapidamente e surpreendentemente a hora de ir embora estava quase chegando. Eu estive observando Louis por mais tempo do que deveria. Me lembrei de toda nossa curta trajetória e sabia que estava sorrindo sozinha. Ele estava distraído e animado conversando com alguns amigos, a uma distância de mim. Eu o observava, em silêncio, encostada no balcão da recepção, enquanto ele estava em frente a um dos bancos. Me lembrei de um sonho que tive, onde nos sentávamos juntos em um daqueles bancos. E me lembrei do dia em que tive esse sonho: o dia em que eu o beijei pela primeira vez, após ele aparecer bêbado na minha casa, um tempo atrás. Senti minha temperatura subindo e meu coração acelerando pensando que, provavelmente, aquela foi uma das minhas atitudes mais corajosas dos últimos tempos. Até hoje.
Eu arrumei minha postura me desencostando do balcão, revisei meu jaleco e verifiquei se estava amassado e abotoado corretamente. Respirei fundo e dei meu primeiro passo em direção ao Louis. Eu achei por um momento que ia desmaiar de tão nervosa e podia sentir meu coração batendo em meus ouvidos. Porém, não voltei atrás. Continuei andando até parar ao seu lado. Ele demorou uns momentos para me perceber ao seu lado, pois estava numa conversa acalorada com os outros colegas. Até que virou seu rosto pra mim, parou de falar e sorriu.
- Oi - disse ele, ainda sorrindo.
Eu me aproximei. Ele estava com o jaleco aberto. Não olhei para mais ninguém que estava naquela roda ou eu desistiria. Encaixei minha mão em sua cintura embaixo do jaleco, passando e chegando até a base de sua coluna, e a outra mão eu subi até seu rosto. - Oi - eu disse, me aproximando cada vez mais. Seus olhos se dilataram, e ele
pareceu perceber o que estava prestes a acontecer. Mas ele não tomou nenhuma iniciativa. Ele esperou e deixou que a coisa acontecesse em meu tempo.
Eu calmamente encaixei meu corpo ao dele, desci minha mão até seu pescoço e segurei seu cabelo na nuca. Olhei diretamente pra ele, dando um leve aceno, dizendo em silêncio que aquilo era o que eu queria naquele momento e que eu não estava com medo. Nossos lábios se tocaram delicadamente e, por poucos segundos, aquele momento era tudo que existia.
Fez-se um silêncio, e quando deixei os seus lábios pude ver seus olhos brilhavam e ele tinha um sorriso plantado em seu rosto. Percebi que todos seus amigos que estavam na roda congelaram. Momentaneamente, já que logo depois um deles soltou um comentário:
- Eu acho que estamos sobrando aqui, galera.
Louis me puxou pra mais perto dele e percebeu que eu não me afastei. Ele estava satisfeito, era visível. Ele não conseguia parar de sorrir.
- Ai, pare de bobagem. Eu já estava indo embora. Só senti que precisava fazer isso antes - disse me virando pra Louis e esperando sua reação.
Ele ainda sorria, com as bochechas coradas, talvez pela surpresa. Ou pela animação.
- Foi a melhor ideia que você teve - ele disse, me surpreendendo com mais um beijo rápido e doce. Agora quem estava com as bochechas coradas era eu.
Eu o abracei, puxando seu pescoço e sussurrando um "Eu te amo" bem próximo ao seu ouvido. Queria que só ele ouvisse. Aquele abraço marcava mais um passo corajoso. Mais uma coisa que eu jamais faria, se não fosse por ele. Agora era de verdade: eu assumi que estávamos juntos.→←
Yey, finalmente!
Jelouis (nome carinhoso dado pela mayecriss) estão livres!Bom...Resplandecente talvez esteja encaminhando para um desfecho.... mas, preciso que comentem suas opiniões, pessoal!
É importante saber se estão gostando!
;)Feliz ano novo, meu povo ♥
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Resplandecente - Completa
RomanceNem tudo é ficção. Sejam bem vindos ao romance entre Jesy e Louis. Jesy era uma estudante universitária, insegura e acima do peso que só sabia fazer duas coisas: estudar para se tornar uma boa médica veterinária e fantasiar com o cara por quem é a...