presente. intervalo de tempo entre o futuro e o passado. tempo atual.
Pensando em quanto a vida é injusta as vezes, Jesy finalmente percebeu que só teria alguns meses junto de Louis. Aquele era o último período em que eles teriam aulas regulares na Universidade. Em pouco tempo eles estariam se formando. E, com certeza, cada um tomaria um rumo diferente após isso.
Ponto de vista da Jesy
Já estou há uma semana na academia. Não sinto mais como se cada fibra muscular pedisse misericórdia, e já adicionei isso tranquilamente a minha rotina. Só sinto dor quando mudo o peso em algum exercício ou quando tento algo novo.
Passei a semana inteira preocupada pensando que meu breve relacionamento com Louis talvez tivesse uma data de validade: o fim do período.
Esse era o nosso último período de aulas regulares, pois no próximo cada um iria pra um lado fazer o estágio supervisionado, que era obrigatório para a colação de grau.
Eu já andei mexendo meus palitos, pois sei que a situação financeira de minha mãe não anda das melhores graças aos meus estudos. Ainda que eu tenha uma bolsa integral e não pague pelo curso, estudar fora é muito despendioso. Por isso, conversei com Patrick, meu mais novo amigo, professor contratado há um ano e que me adotou como pupila desde que pegamos mais intimidade. Ele, por incrível que pareça, é um ano mais novo que eu, já é bem sucedido e é um excelente profissional. Me inspiro nele todos os dias para ser assim quando me formar no fim do ano.
Quando fui ao seu gabinete ter a conversa sobre o estágio, ele foi super atencioso e positivo e acabou me revelando mais do que eu jamais imaginaria.
- Então você acha uma boa idéia fazer meu estágio supervisionado aqui, Patrick?
- Claro que acho. Vou achar ótimo poder ter você aqui pra poder acompanhar os casos e acostumar com a rotina da clínica.
Ele parecia genuinamente contente por isso e vê-lo assim me deixou mais segura ainda da minha decisão.
- Eu não podia estar te contando isso, mas você já deve estar sabendo que a universidade está pleiteando um programa de residência. Pois na última reunião a coordenadora me confidenciou que pelo que tudo indica vai dar certo. Para o ano que vem. E, se der certo, nós dois concordamos que você devesse preencher essa vaga.
Pude sentir meus olhos de arregalando, minhas pupilas dilatando e meu coração acelerando.
- Desculpa, o que?
Ele riu da minha surpresa. Estávamos sozinhos em sua sala e eu não precisei conter minhas palavras, que acabaram saindo altas demais.
- Isso mesmo. Eu só preciso que você lute nessa batalha ao meu lado. Esse período você não apareceu quanto devia aqui na clínica, me deixou preocupado, pensando se fizemos a escolha certa. Eu espero que, sabendo do que está em jogo, você passe a ser mais assídua. É uma grande oportunidade.
- Sim! Claro. Pode deixar! Eu estou tão feliz. Tão lisonjeada. Mesmo achando que não mereço, eu agradeço de coração.
Patrick me olhava sério, mas seus olhos demonstravam uma chateação.
- Jesy, você tem muito potencial. Não sei porque você acha que não. É uma ótima aluna, serve de referência para muitos alunos. Precisa se dar mais crédito. Quero que algum dia você assuma todo esse potencial. E eu espero estar aqui para ver.
Ele sorriu e eu lhe retribuí o sorriso.
-OK. Obrigada mesmo assim!
- Mas cuidado. Não comente isso com ninguém. Ainda não é um fato e não queremos abutres em cima disso.
- Claro. Pode ficar tranquilo!Quando saí de seu gabinete, fui para a clínica. Mantive o silêncio sobre o assunto. Mas sabia que precisaria ter uma conversa séria com Louis. Precisaria contar isso pra ele. Nós precisamos resolver o que será de nós quando tivermos que ficar separados.
Além disso, eu havia tomado uma decisão sobre nosso relacionamento.
Ao chegar em casa, me joguei na almofada da sala por alguns minutos. Estava cansada e o dia havia sido cheio de emoções. Louis ainda demoraria um pouco pra chegar.
Criei coragem, troquei de roupa e fui correndo pra academia. Precisava colocar as minhas idéias em ordem e lá seria um lugar perfeito para isso!
Quando voltei da academia, pingando suor e com as idéias mais em ordem, Louis já havia chegado e estava organizando a casa. Estava tão absorto no que estava fazendo que não viu quando cheguei e o abracei, por trás. Eu estava pregando de suor, mas isso não impediu que ele se virasse sorrindo, me abraçasse e me beijasse.
- Oi! Já estava com saudade!
Ele disse, ainda sorrindo.
- Eu também. Vou tomar um banho e depois precisamos conversar.
- OPA. Eu estou encrencado? Ele disse me olhando curioso, mas apreensivo.
Não pude evitar sorrir a sua reação.
- Claro que não, seu bestinha! Só que precisamos falar muito sério. E não dá pra esperar mais. Tomo banho em cinco minutos - eu alcancei seu rosto, depositei um beijo em sua bochecha e me dirigi ao banheiro - e dessa vez preciso tomar banho rápido mesmo, antes que perca a coragem, então não me distraia - dei uma piscadinha e encostei a porta do banheiro antes que ele ousasse contestar meu pedido.
Ele estava ouvindo música, um sertanejo que eu nunca tinha ouvido na vida. Eu particularmente odeio esse tipo de música, mas não podia e não queria proibí-lo. Além do que, ele estava praticamente fazendo faxina. Eu não seria doida pra reclamar.
Saí do banho, enrolei os cabelos molhados em uma toalha e me enrolei em outra, saindo em direção ao meu quarto. Mal entrei no meu quarto e fui parada pela visão dele. Que estava deitado na cama, me esperando.
- Você disse pra eu nao interromper seu banho, eu fui obediente e fiquei aqui te esperando.
Seu sorriso me derreteu, e eu subi na cama junto dele. Mesmo enrolada nas toalhas. Me encaixei em seus braços e aproveitei aquela sensação.
- Temos duas coisas importantes a discutir. Você escolhe qual delas. Uma é nosso futuro e a outra é o nosso presente.
Olhei pra ele, que parecia confuso. E de repente ficou mais branco que papel.
- Por Deus do céu, não me fala que você tá grávida que meu pai me mata.
Eu me espantei. Inicialmente. Depois tive um acesso de riso que deixou lágrimas nos meus olhos. Ele ficou ainda mais confuso.
- Baby. De onde você tirou isso? - eu disse , apertando suas bochechas - Olha, se isso te acalma, eu devo te lembrar que eu tomo remédio e eu tenho o sistema reprodutor todo problemático. Eu provavelmente nunca vou poder ter filhos. E eu nem sei se quero. Mas esse não é o tema da nossa conversa. Foco, Louis. E respira!
Ele estava visivelmente respirando com dificuldade e achei aquilo tão engraçado
- Ok. E não que se você estivesse grávida eu não ia assumir ou ficar ao seu lado ou achar o máximo. É que eu ainda tenho muita coisa pra fazer antes disso acontecer. Me perdoa a reação exagerada.
- Por um momento eu achei que você ia morrer. De verdade. Não precisa se preocupar com isso. Tá bem? E sobre o que você quer falar primeiro então?
Eu me levantei depois do ataque de risos pra me trocar. Estava procurando minhas roupas enquanto ele parecia pensar por uns instantes.
- Quero falar sobre o presente primeiro. Porque o futuro pode esperar e eu estou muito curioso.
Ambos sorrimos com sua curiosidade. Ele sempre foi extremamente curioso e aquilo era adorável às vezes. Já havia me trocado e estava penteando o cabelo.
- Então tá. Eu estive pensando e eu estou cogitando a possibilidade de desistir dessa ideia de ficarmos escondidos.
Eu não sei porque mas estava tímida e insegura enquanto dizia isso. Fiquei investigando suas reações enquanto dizia isso. Ele parecia uma árvore de natal que ia se iluminando. Seus olhos eram fogos de artifício e eu acho que nunca vi seu sorriso tão amplo. Ele quase se teletransportou e estava a minha frente, me abraçando, com o nariz inspirando forte em meu cabelo.
- Eu sabia que tinha feito a escolha certa. Essa é a melhor notícia de todas. E quais são suas condições para que isso aconteça? Me diz que eu faço qualquer coisa.
Meu sorriso já estava tão amplo quanto o dele. O abracei em silêncio por alguns segundos.
- Eu não quero discutir isso ainda. São coisas bobas e pessoais. Eu estou meio que batendo uma aposta comigo mesma e preciso ainda colocar isso em ordem. Até que eu resolva isso, vamos deixar como está. Me dá mais alguns dias. Já foi um grande passo eu considerar, compartilhar com você. Estou disposta a tentar -segurei seu rosto, olhando diretamente em seus olhos - Você pode esperar mais alguns dias?
Ele fechou os olhos, concordou e depositou um beijo na palma da minha mão. - Você sabe que sim. Você sabe que eu espero o tempo que for.
- Até porque eu não vou a lugar algum - lhe beijei rapidamente, abraçando-o de novo.
- Isso que importa - ele respondeu baixinho em meu pescoço - agora, e o outro assunto? O futuro?
Eu ainda estava insegura quanto a isso. Me soltei de nosso abraço, olhei meio indecisa pra ele.
- Podemos jantar primeiro? Eu estou um tanto faminta. Nem lembro a última vez que comi hoje.
Ele me olhou desconfiado. Mas, cedeu e me acompanhou até a cozinha.
- Só que assim que terminarmos de jantar você vai continuar nossa conversa, não é mesmo?
Eu sabia que seria difícil driblar sua curiosidade e aquela conversa não poderia esperar.
E eu também não queria que esperasse. Precisava exorcisar aquilo.
O mais rápido possível. E seria hoje.→←
Ei, povo... Feliz Natal, tenham um ótimo fim de ano. Logo a continuação irá chegar.
Espero que estejam gostando. Vou acrescentar algumas mudanças no decorrer da história, aguardem!
Enquanto isso, votem e comentem!
Beijos ♥
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Resplandecente - Completa
RomanceNem tudo é ficção. Sejam bem vindos ao romance entre Jesy e Louis. Jesy era uma estudante universitária, insegura e acima do peso que só sabia fazer duas coisas: estudar para se tornar uma boa médica veterinária e fantasiar com o cara por quem é a...