Resplandecente - Completa

Capítulo - 41 - O final (2-2)

Última parte do segundo final. Iria ficar mais longo, mas não consigo mais... Espero que gostem e desculpem se houver erros!

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Os últimos meses passaram como um raio. Quando comecei a faculdade não pensei que tudo ia acabar tão rápido. Alguns de nós já se formaram com um emprego esperando. Alguns não tiveram a mesma sorte. E eu fiquei na Universidade, como Patrick já havia me dito, pois o programa de residência deu certo e eu preenchi a vaga. Eu finalmente estava formada, empregada e apaixonada. Não estava podendo reclamar do rumo que minha vida havia tomado.

Louis havia conseguido uma vaga temporária no hospital onde fez estágio no Rio de Janeiro e, depois, foi transferido para uma filial no Norte do país. Ele conseguiu ficar ainda mais longe de mim, e nossas visitas estavam cada vez mais esparsas. Isso era agoniante, mas estávamos cientes de que provavelmente iríamos nos distanciar quando nos formássemos. Ele dispensou a vaga oferecida na cidade onde seus pais moravam, pois no emprego que aceitou, ele iria ganhar mais do que o triplo oferecido no primeiro. E Louis era a pessoa mais mercenária que eu já conheci, portanto, isso não me surpreendeu e eu gostei de vê-lo sendo valorizado e em um bom emprego. Estávamos evoluindo profissionalmente e não havia do que reclamar - além da distância, claro.

Já fazia um mês desde a última vez em que nos vimos. Louis quase não atendia o telefone. E aquilo já estava me enlouquecendo. Por mais que meus dias fossem cheios, fazendo atendimentos na clínica, medicando animais nos canis, ajudando os professores nas aulas práticas e, depois, indo à academia, eu pensava nele o tempo todo. Em alguns dias, a saudade que eu sentia dele era excruciante. Tão injusto ter que aprender a ficar longe dele, quando tudo que eu queria era tê-lo ao meu lado sempre.

Nossa rotina doida muitas vezes nos colocava em turnos diferentes, então eu passava dias a fio sem conseguir falar direito com Louis. Eu definitivamente não fui feita para relacionamentos à distância. Sentia falta até mesmo do cheiro dele. Aquilo era insano!

Seis meses já haviam se passado desde a nossa formatura. Eu já estava no meio da residência. Era muito curioso perceber como o tempo passava absurdamente rápido.

Numa sexta-feira chuvosa, a energia acabou na clínica e os atendimentos foram suspensos. Eu aproveitei pra me aconchegar no sofá da sala de residente - sim, os residentes tem uma sala só para eles e eu achava isso o máximo. Havia ali uma cama de solteiro e um sofá de dois lugares, e eu adorava ficar ali passando o tempo quando o movimento fraco da clínica me permitia, o que era muito raro.

Estava revendo as fichas dos últimos casos atendidos naquela semana, repassando os tratamentos para meu caderno de anotações, aproveitando o restinho da luz natural que entrava pela janela.

Quando dei por mim, fui acordada por uma voz me chamando e percebi que adormeci com as fichas e o caderno no colo. Aquela havia sido uma semana extremamente cansativa.

Lucas, o recepcionista da clínica, veio me chamar.

- Jesy, tem uma pessoa lá na recepção te chamando.

Bocejei e me espreguicei inteira, tentando fazer meu corpo acordar.

- Ok, Lucas. Obrigada. Eu já vou indo lá.

- Tá. Vou pedir pra esperar.

Me levantei, fui até o banheiro, joguei uma água fria no rosto e ajeitei o meu cabelo. Finalmente conseguia me olhar no espelho sem odiar o que me refletia. Perdi alguns segundos observando meu rosto e gostando do que via. Meus cabelos caíam rebeldes como sempre, já que eu nunca os penteava - uma das vantagens de ter cabelo liso - e ele estava um pouxo bagunçado após o meu cochilo desajeitado. Meu rosto agora não era circular e rodeado por gordura como antes. Eu conseguia usar colares e meu pescoço não era mais apenas uma papada. Eu realmente havia mudado muito depois que emagreci e agora eu sentia orgulho ao olhar no espelho.