Capítulo 35 - A visita (1)

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Louis era meu refúgio.  Uma praia paradisíaca, de águas verdes e cristalinas, que transmitia segurança, força e alegria.
Ele era tudo que eu sempre quis, mas nunca achei que merecia. Me completava, me entendia... me amava!

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Apesar de já estar quase na hora do almoço, Julieta devorou seu pastel de queijo vorazmente e disse que ia querer almoçar sim, só que mais tarde. Era uma figura!
Passamos toda a tarde juntos. Minha mãe fazendo comentários embaraçosos sobre mim, minhas bochechas queimando e Louis engasgando de tanto rir. Almoçamos juntos e as horas fluíram tão levemente que, quando o sol se pôs, eu me assustei.
Eu e minha mãe estávamos sentadas em um dos bancos da praça enquanto Louis corría atrás de Julieta pelos canteiros. Era visível o quanto minha mãe gostava dele. E eu não podia estar mais satisfeita. Ela pegou minha mão pra ver meu anel de perto.
- Esse menino te pegou de jeito mesmo, né?
Eu me senti corando enquanto apenas concordava, olhando pra aquele menino grande que corria pela praça. Ele havia me pegado de todos os jeitos sim, e agora não havia mais volta. Eu sorria sozinha e devia estar parecendo uma idiota olhando pra eles.
- Acho que vamos embora hoje. O Frank me ligou que vai nos dar carona.
A simples menção do nome dele me enjoava. Mas não podia impedir, afinal ele também era filho dela. Só o fato dele não ter aparecido na minha festa ja me tranquilizava.
- Depois dou um jeito de reembolsar o que você gastou no hotel.
Ela ficou calada, o que era estranho. Nem sequer contestou. Até que finalmente resolveu responder. 
- Não se preocupe. Foi parte do presente de aniversário que Louis deu pra você.  Ele queria ter a casa só pra vocês dois.
Senti o sangue subir pro rosto enquanto meu coração disparava. Não sabia exatamente como deveria reagir a aquilo. Ele de fato havia pensado em tudo.
Só pude sentir meu coração crescendo enquanto ele vinha em minha direção, ofegante pela correria, com Julieta pendurada em seu pescoço. 

Ficamos perambulando pela praça por mais algum tempo até que Frank finalmente surgiu para buscá-las. Cumprimentou Louis de uma maneira tão educada que até me surpreendeu. Abracei Julieta o mais forte e o mais demoradamente que eu pude e, assim, me despedi delas. Fiquei  de mãos dadas com Louis, com minha cabeça apoiada em seu ombro, vendo-as se afastarem. Depois fomos procurar um banco para ficar mais uns minutinhos antes de irmos pra casa.
Um pequeno silêncio se instalou e foi quebrado por Louis.
- Minha mãe quer te conhecer. 
Olhei-o assustada e instintivamente travei. Sabia que um dia aquilo iria acontecer,  mas eu certamente não estava preparada. Não assim de surpresa.
- E eu acho que já está na hora - ele continuou, acariciando minha mão onde meu lindo anel refletia  a luz do poste acima de nós.
Eu respirei fundo. Precisava ser cuidadosa.
- Eu também acho. E realmente estou curiosa pra conhecê-la.
Louis abriu um sorriso com minha resposta. Rapidamente sacou o celular do bolso e discou algum número que logo depois eu descobri que era de seu pai.
- Oi, pai. Podemos ir visitá-los amanhã? - silêncio - Sim. Ela vai comigo - ele olhou em minha direção,  sorriu e apertou minha mão. 
Eu envolvi seu braço com o meu e fiquei ali acariciando-o  levemente enquanto tentava não entrar em pânico. Mil possibilidades passavam pela minha cabeça. Sei que a família de Louis mora na zona rural de uma cidade muito pequena e que eles são pessoas bem simples e humildes. Mas eu estava apavorada pela ideia de que eles não gostassem de mim.
Louis desligou o telefone em algum momento, mas eu estava tão imersa em meus pensamentos que nem percebi.
Ele precisou me chamar duas vezes para que eu conseguisse focar no que ele dizia.
- Ei. No que você está pensando?
Mordi o lábio,  sabendo que estava sendo estúpida.
- Estou com medo deles não gostarem de mim.
Louis sorriu. Um sorriso solidário, acolhedor. Ele me apertou em seus braços
- Isso é impossível.  Minha mãe ja te ama antes mesmo de te conhecer. Eu falei muito de você.
Me surpreendi. Olhei curiosa, e ele sorria. 
- O que você disse sobre mim?
- Tudo. E digamos que minha mãe meio que já te conhecia antes de ficarmos juntos. Sempre falei muito bem de você, porque você sempre esteve presente e sempre me ajudou nos estudos. Ela já te admirava e tenho certeza que depois que te conhecer, vai te adorar ainda mais.
Ele beijou carinhosamente minha testa e eu sorri ao ouvir tudo aquilo.
- Amanhã ela vai te roubar de mim e você vai ver que não tem porque se preocupar. Ela com certeza vai te contar histórias da minha infância e vai me matar de vergonha.
Ele balançou a cabeça lamentando, sabendo que aquilo com certeza iria acontecer.
Eu ri.
- Vai ser a vingança pelas coisas constrangedoras que minha mãe sempre fala pra você.  
Estava mais relaxada, mas continuava ansiosa.
Iríamos sair no dia seguinte logo cedo e seríamos esperados para o almoço. Outro fato que me preocupava, pois eu posso ser meio enjoada para comida. Porém, Louis me garantiu que havia conversado com sua mãe e que ela não faria nada que eu não gostasse. Ao contrário, ela lhe perguntou coisas das quais eu mais gostasse e seria uma surpresa.
- Não devia ter feito isso. Ela vai achar que eu sou uma enjoada. 
Louis gargalhava com minha insegurança, enquanto nos levava de volta pra casa.

Resplandecente - CompletaOnde histórias criam vida. Descubra agora