Capítulo 15 - A decisão

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decisãosubstantivo feminino. ato ou efeito de decidir; determinação. resolução tomada após julgamento; juízo, sentença.

  

Ponto de vista da Jesy

Eu levantei meus olhos quando me libertei daquele abraço e, ao olhar nos olhos de Louis, eu pude sentir que ainda estava confusa. Feliz, mas confusa.
Eu esperei tanto por aquilo. Eu queria tanto poder chamá-lo de meu. Porém, eu nunca quis que ele passasse por aquele tipo de situação. Eu não queria que ele virasse o centro das atenções e fizesse papel de ridículo na frente das pessoas.
Eu nunca quis nada disso.
Eu agora me encontro em um dilema. Metade de mim o quer, louca e apaixonadamente.
Mas metade de mim quer poupá-lo de todo esse caos.
E eu não sei o que fazer.
Eu sorrio para ele, pra que ele saiba que tudo vai ficar bem, mesmo sem ter a menor ideia se isso realmente irá acontecer. Coloco a mão em seu rosto, enquanto ele fecha os olhos, vermelhos e brilhantes, e suspira.
- Eu vou voltar pra aula? Você vem comigo? - lhe pergunto.
- Eu não queria... mas não estou podendo ficar perdendo aula. Você sabe como eu tenho dificuldades.
Eu sorri pra ele, querendo que ele soubesse que eu estava ali para ajudá-lo. Sempre estaria.
Nós nos dirigimos até a sala. Ele buscou minha mão, mas eu busquei uma maneira de não estar ao seu alcance. Eu realmente estava confusa naquele momento.
Entramos atrasados para a aula. Todos os olhos se dirigiram para nós dois. Eu quis desaparecer, mas sei que isso era algo que eu não podia fazer. Busquei um lugar junto às minhas amigas, me sentei calada e organizei meus materiais.
A professora não havia passado muito conteúdo ainda, não seria difícil acompanhar.
Olhei e percebi que Louis havia se sentado um pouco distante de mim e fiquei grata por isso. Meu pensamento estava a mil e eu não sabia o que fazer. Eu queria poder simplesmente deixá-lo ir. Mas eu nunca me senti tão feliz e não queria ter que voltar a me acostumar à minha vida sem ele. O que eu deveria fazer?
A aula se arrastou e meu cérebro divagou por tanto tempo e deu tantas voltas que minha cabeça doía quando a aula finalmente acabou.
Ao sair da sala, a maioria dos alunos já havia ido embora. Minhas amigas me esperavam, e ele também.
- Você está bem? - me perguntou Cecil, a amiga que sempre me dava carona e me esperava junto com Diana e Valerie. Todas visivelmente preocupadas.
- Sinceramente? Eu não sei.
Eu pude perceber todos os olhares em minha direção e eu só conseguia olhar pra Louis.
Ele estava ainda visivelmente nervoso, mas seu olhar parecia mais calmo.
- Meninas, vocês me dão licença, mas eu e Louis precisamos conversar.
Todas concordaram. Diana me deu um abraço silencioso e preocupado, e elas se foram.
- A gente precisa conversar. Mas não quero falar aqui. Esse ambiente está me sufocando. Você se importa de irmos pra minha casa?
Ele apenas concordou com a cabeça, olhando para baixo. Fomos silenciosamente em direção ao carro de Louis e seguimos assim até chegar em casa.
Abri a porta, entrei e ele me seguiu.
Aquela agonia que eu segurei o dia todo resolveu aflorar no momento em que ele fechou a porta. Todas as lágrimas que segurei enquanto estávamos na universidade resolveram sair nesse momento.

Pude perceber Louis se aproximando de mim e ele então me envolveu em seus braços, silenciosamente.
Eu nunca deixaria de me sentir aconchegada naquele abraço, mas nesse momento nem isso estava aliviando a pressão que pendia em cima de mim. Toda aquela situação me deixou instável e me sentir assim era exaustivo.
Me desvencilhei do abraço, enxugando minhas lágrimas.
Suspirei profundamente, recolhi minha coragem e olhei direto em seus olhos:
- Eu não quero isso. Eu quero você, mas não quero que você seja obrigado a passar por situações como as de hoje. Eu não quero ser o centro das atenções e te causar tanto dano.
Foi difícil dizer tudo aquilo sem me engasgar com meu choro. E ver o choque que cresceu no olhar de Louis foi tão devastador que só aumentou o buraco que eu sentia dentro de mim.
- Do que você está falando, Jes? Você não quer ficar comigo mais?
Ele se aproximou de mim. Estava perto demais pra me permitir pensar em uma resposta que não o magoasse. Eu segurei seu rosto, seu lindo e branco rosto. Olhei em seus adoráveis olhos verdes e, finalmente disse
- Acho que vai ser melhor se não ficarmos juntos. Era claro desde o começo que isso não ia funcionar, Louis. Eu disse isso. Eu conheço as pessoas e sei que algo como "nós" - eu disse apontando pra mim e pra ele - estava fadado a dar errado.
Ele me olhava incrédulo. Seus lábios abertos, pensando em algo pra dizer. Ele pegou minhas mãos, segurando-as.
- Você não pode se importar com isso. Essas pessoas têm que
Ser enfrentadas. Elas não podem sair por aí agindo dessa maneira, julgando os outros.
Eu me soltei de suas mãos, negando com minha cabeça e me afastando de Louis.
- Mas isso é exaustivo. Eu não quero nada disso. Você não merece isso, sabe?
- Então me diga o que eu mereço. Agora fiquei curioso.
- Você merece ter um relacionamento normal. Com uma pessoa normal.
- Pois eu não sabia que você era um ET - ele disse, com uma sobrancelha arqueada e ambos rimos. Foi inevitável - se você fosse um ET explicaria muita coisa!
- Como assim? O que você quer dizer?
- Você ser extremamente inteligente, ter uma cabeça difícil de entender, ser tão fofa e tão cabeçuda ao mesmo tempo. Vou pedir pra te estudarem - e dizendo isso ele sorriu, segurando meu rosto e me beijando delicadamente.
Por um instante eu até esqueci do que estávamos falando.
- Eu quero ficar com voce, Jesy. E você não vai conseguir me afastar de você tão fácil. Então precisamos pensar em um jeito de fazer isso funcionar.
- So se tivesse um jeito de sermos invisíveis - eu resmunguei, sabendo que não havia o que pudesse ser feito.
- Existe um jeito de sermos invisíveis. Você mesma disse isso quando resolvemos tentar. Ficarmos entre quatro paredes.
Eu olhei pra ele. Estava confusa. O que ele estava tentando dizer?
- Você disse aquela vez que podíamos ser livres e fazer o que quiséssemos aqui na sua casa. Eu confesso que nunca fiquei tão feliz por você morar sozinha... - ele deu um sorriso malicioso antes de continuar
- Nós podemos ficar aqui. E fingir que nada acontece quando estivermos na faculdade.
Eu olhei pra ele. Não sabendo disfarçar minha surpresa por ele ter lembrado daquilo.
Antes que eu dissesse qualquer coisa, ele continuou
- Eu não queria que fosse assim. Porque vai parecer que eu estou com vergonha de você e eu não estou. Só que se for o único jeito de ficar com você, eu aceito. Talvez assim você ganhe tempo e perceba que eu realmente não me importo com nada disso.
- Claro que se importa. Senão não teria ido pra cima do cara que disse aquelas coisas...
Ele pareceu confuso no início.
- Você acha que foi por isso? Você está totalmente errada. Eu fiz isso porque ele foi grosso com você. Eu fiz aquilo pra defender você. E não eu.
Agora foi minha vez de ficar surpresa.
Eu o abracei. Foi a única coisa que consegui fazer.
Ele levantou meu queixo. Minhas bochechas já estavam molhadas. Porque eu estava chorando. De novo.
- A decisão é sua. Mas você não vai conseguir me afastar de você. Então a decisão é sua, mas deve me incluir. E isso não é questionável!
Eu suspirei, fechei meus olhos, concordei e me aninhei em seu peito, sentindo seu cheiro. Ele apoiou o queixo em minha cabeça e naquele momento tudo parecia correto.
Eu continuo confusa. Eu ainda não sei o que fazer.
Mas ouvir tudo o que Louis disse me deixou um pouco mais tranquila.
Afinal, ele me queria. E é só isso que importa.

Eu resolvi concordar com a ideia de Louis (ou seria minha ideia, afinal?). Nós não ficaríamos juntos na universidade. Agiríamos como amigos, do jeito que sempre foi. Seria extremamente difícil ficar longe dele, mas seria melhor assim. E seria ainda mais complicado lidar com os curiosos que iriam, com certeza, querer saber por que (já) estávamos separados. Nosso relacionamento foi tão curto e já tem tanta confusão e tanta gente intrometendo.
Não sou mais uma jovenzinha. Não tenho saúde e paciência pra isso.
Concordamos em tentar dar essa chance a nós dois e isso já seria posto em prática no dia seguinte. Com certeza ia exigir tudo de mim. E ele estava disposto a tentar. Me senti lisonjeada por Louis estar demonstrando seus sentimentos dessa maneira.
Estávamos sentados na minha (agora nossa) almofada favorita.
Eu me levantei e me encostei-me no balcão.
- Você vai ficar comigo essa noite ou a nossa nova técnica já começa a valer a partir de agora? - perguntei sorrindo, já esperando a sua resposta.
- Pois claro que vou ficar. Nosso combinado é só da porta pra fora. Aqui dentro você não pode fugir de mim - ele tinha um brilho felino nos olhos e eu resolvi provocá-lo.
- Será que eu não posso fugir? - eu disse, me afastando lentamente dele.
Ele sorriu e rapidamente se levantou, ficando perto demais de mim.
- Você não ousaria - ele disse me olhando tão intensamente que eu senti um calor subir pela minha virilha.
- Você duvida? - eu disse me virando e indo em direção ao meu quarto. Ele me deu alguns segundos de vantagem e pouco depois eu pude sentir seus braços em torno da minha cintura. Virei-me e entrelacei minhas mãos em seu pescoço. Ele sorria como um garotinho, e eu o queria como um homem. Como jamais quis alguém.
Eu puxei seus lábios pra perto dos meus e ele continuou a me segurar pela cintura. Era incrível perceber que todas as minhas inseguranças com meu corpo e minha altura iam embora quando estava tão próxima assim dele. Nos beijamos. Carinhosamente, ardentemente e por fim, urgentemente.
Quando percebi já estava deitada em minha cama, com todo o delicioso peso de Louis em cima de mim. Nunca me cansaria daquilo.
E nunca me cansaria de saber que agora ele é meu.


Resplandecente - CompletaOnde histórias criam vida. Descubra agora