Fugir ou não com ele?

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 Acordo depois de pesadelo monstruoso. Sonhei que Fen apareceu dentro da minha mala e... ah, não, não foi um pesadelo. Ele dorme em uma poltrona da sala, parece um morto mais não o culpo: ficar por 12 horas dentro de uma mala deve ser um inferno.

Vou ao banheiro, me apoio na pia e penso em uma maneira de mandar Fen de volta para Nova York sem falar pro meu pai algo como: "pai, têm um garoto aqui que quer voltar para o lugar de onde veio... Ah, a propósito, ele veio dentro da minha mala."

Acho que vou ter que aguentar uns dias até achar uma maneira correta, mas como?

Observo me no espelho: o cabelo castanho escuro bagunçado, os olhos azuis penetrantes... como eu ainda aguento? Resolvo, finalmente, tomar um banho. Dormi de roupa porque fiquei com medo de Fen aparecer e... esquece. Quando vou trancar a porta, Fen a abre com toda forma. A cara dele ainda está meio grogue, não deve ter percebido que sai da cama.

- FEN, fecha essa maldita porta! – resmungo.

- Hã... hum... Crystal, é você? – pergunta ele.

- Não, é a sua avó!

- Vovó?

- Ah , só vai embora.

Fecho a porta na cara dele. Se ele quiser vir comigo terá que seguir as minhas regras.


Quanto termino a minha higiene e termino de me arrumar, saiu do banheiro e vejo Fen com a mesmo suéter de ontem e penso se ele está com calor (até porque Dubai foi construída em um deserto). Vasculho a mala e encontro uma camiseta dizendo " I love Londres" e dou para ele usar.

- Toma – falo quando entrego - , não vai andar por aí nesse deserto com suéter, né?!

- Obrigada – suspira ele de alivio.

Enquanto ele vai ao banheiro se trocar, penso no que aconteceu ontem, vou explicar: meu pai entrou no meu quarto pela segunda vez no dia e avisou que vamos para o mercado que fica nos trilhos dos trens de Dubai. Fiquei empolgada com a ideia mas Fen não pareceu gostar muito.

- Você e ele sozinhos? – perguntou ele depois que meu pai saiu. Fen estava escondido no banheiro.

- Escuta bem, eu e você nos conhecemos à apenas um dia... não pode me impedir de ficar com meu pai, A PESSOA DA QUAL CONFIO – dissera eu, deixei bem claro que confio mais no meu pai do que nele, isso deixou ele zangado.

- Então é assim?

Depois dessas palavras, Fen cutuca as minhas costelas, justo o meu lugar onde sinto cócegas. Ele intensifica mais e logo me vejo em uma guerra contra cócegas. O meu problema é que riu como se estivesse engolido um daqueles ursinhos carinhosos: de um jeito muito contagiante e fofo. De repente Fen para e segura o meu queixo.

- Você tem uma risada linda – disse ele.

Fico sem reação, sinto meu rosto corar e só não fico mais vermelha porque consigo me afastar dele. Fen não dá trégua e se aproxima de mim e finaliza com um abraço, sou praticamente obrigada a ceder. Os braços dele enlaçados na minha cintura me fazem estremecer de vergonha mas o toque dele é tão familiar, parece até que já o abracei antes..

Voltando para realidade, fiquei pensando nessa "situação" a noite inteira e sobre seu toque familiar, será que o conheço de algum lugar e não lembro?

Escuto a porta do banheiro sendo fechada. Achei que Fen iria ficar ridículo com a camiseta do meu pai mas pelo visto ele ficou um gato. Ele aproveitou e também tomou um banho, o cabelo bagunçado e o jeito "limpinho" dele agora é de se encantar.

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