Sob um precipício de sentimentos

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Carlos e o baixinho se aproximaram primeiramente da cama de Fen. Iria me levantar mas Carlos derruba sem querer um jarro de porcela atrás dele.

Ainda finjo estar dormindo, esperava que Fen acordasse mais ele ainda dorme como uma pedra.

- Mas que droga, Carlos! - disse o baixinho com um sotaque um pouco mexicano.

- Silêncio seu babaca! Agora vamos juntar isso, não quero ninguém desconfiando de mim. - Carlos e o baixinho começam a chutar os cacos para baixo da comoda.

Durante esse meio tempo, fico sentada na cama e tento pensar rapidamente em um plano de fuga, mas estou muito nervosa para pensar nisso. Abro a boca para gritar e ver se alguém vem ajudar mas  uma outra mão à cobre.

Olho para o lado e vejo Fen, ele ergue o dedo indicador até os lábios pedindo silêncio. Depois disso ele pega a minha mão e vamos até a varanda sorrateiramente.

Fico ofegante no parapeito lateral e sinto vontade de vômitar. Fen tenta me acalmar e diz a pior coisa que já saiu da boca dele desde que me entendo por gente:

- Crystal, nós vamos pular.

- Pular?!

As palavras ficaram rodeando a minha cabeça. Pular, pular, pular... vamos ter que fazer isso mesmo?!

- Claro - afirma Fen com uma confiança que chega ser irritante.

- T- tá, só tem uns... - olho para baixo - acho que uns 3 andares pra gente pular, nada demais, né?!

- Calma, tem alguns cipós ali na parede e...

- O que? Vamos imitar o Tarzan e a Jane?

- Crystal, dá pra se acalmar? - pede Fen segurando meus ombros.

- Fen, não dá! E-eu... tenho medo de altura... - admito a ele.

" O quê? Mas que diabos...?", ouço o sotaque mexicano do baixinho dentro do quarto. Acho que ainda vão demorar um pouco procurando pelo quarto ao invés da varanda, mas logo logo seremos pegos.

Fen estala a língua.

- F-Fen, me desculpa... Vai sem mim. Meu pai quer ver você morto de qualquer jeito, vai logo. - Falo,  só quero que ele fique bem.

Ele se aproxima mais de mim até nossos rostos estarem praticamente colados, ele alisa delicadamente uma mecha do meu cabelo castanho escuro e (não sei porque) essa ação me faz estremecer.

Fen se aproxima mais e mais, jurava que ia me beijar mas faz o contrário: ele beija delicadamente o canto da minha boca e isso faz com que eu fique com uma estranha calma.

- Está mais calma agora, pandinha? - sussurra Fen, sou puxada pela voz dele e acabo dizendo que "sim". - Okay, então vamos!

Ele me ajuda a me segurar nos cipós que decoram a parede e pelo visto dá para aguentar. Descemos lentamente até o segundo andar, onde pulamos na varanda de outra pessoa. Ouço a voz de Carlos e parece estar gritando de ódio.

Fen, depois de alguns minutos, arromba a porta que separa o local aberto para o quarto e entramos. Tenho que admitir: acho que nosso quarto é somente para hóspedes porque esse aqui tira todo sentido de estar naquele lugar.

O quarto é quase do tamanho de um salão de festas normal, uma pequena luz ilumina metade da cama (que ainda por cima é ENORME) e revela uma garota bonita e fofa, não consigo vê-la perfeitamente mas depois de um tempo me acostumando na escuridão consigo vê-la. É Esmeralda, a garotinha que nos salvou no ônibus.

Espera, estamos no quarto da Esmeralda, isto é, ela pode gritar se nos ver e irá chamar a todos e pensaram que os ladrões somos nós.

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