Me deitei novamente e encarei o teto por bastante tempo até que me cansei e comecei a andar pelo quarto. Foi uma batalha para conseguir me levantar por causa da perna, mas consegui e manquei pelo quarto sem cerimônia.
Não sai, pois provavelmente me mandariam de volta. Olho o lado de fora através da janela e não deixo de sentir ciúmes das pessoas lá fora. Sei lá... mas estou com uma vontade enorme de sair e procurar por pistas que me levem até o significado desses meus sonhos.
Acabo me cansando, por isso volto à me deitar. Mas depois de um tempo alguém bate na porta, não respondo mas quem quer que esteja do outro lado continuou insistindo até que me senti obrigada à responder.
– Pode entrar... – digo, mas saiu bastante fraco.
Me surpreendo quando um dos gêmeos entra no quarto carregando uma bandeja com alimentos. Não sei dizer se é Tom ou Thomas, mas fiquei muito agradecida quando meu olhar parou no enorme prato de espaguete com almondegas.
– Foi Leon que preparou, agradeça depois – disse ele.
Assenti com um movimento de cabeça. O gêmeo ficou me observando enquanto comia a primeira garfada do espaguete, mas minha curiosidade falou mais alto e logo me senti tentada há perguntar se ele era Tom ou Thomas.
– Me desculpe a pergunta, mas... – deixo meu garfo de lado e o encaro. – Você é o Tom ou o Thomas?
Por um segundo ele permaneceu sério até que começou a rir. Não sei bem o motivo mas sorri da maneira mais natural possível.
– É muito confuso no começo, né?! – disse ele entre sorrisos. – Bom, mas eu sou o Thomas, prazer!
Ficamos nos entreolhando simpaticamente, mas senti que Thomas queria falar algo mais. É como se as palavras estivessem presas nele e de alguma forma não conseguisse soltar, já eu estou com uma mistura de sentimentos e ao mesmo tempo... admiração, talvez?! Mas porque isso está acontecendo com alguém que praticamente acabei de conhecer?!
De repente, sua expressão feliz passo para uma confusa. Ele se aproximou de mim e isso praticamente me obrigou a olhá-lo.
– Você realmente não se lembra de nada? – perguntou ele, essa pergunta me atingiu como uma flecha.
Tá, primeiro foi Tom e agora é Thomas. Isso tudo está, de alguma forma, muito estranho mas sinto que conheço todos dessa casa, o mesmo que senti quando comecei a me aproximar mais de Fen. Não respondi absolutamente nada, só comi mais do espaguete já um pouco frio. Thomas não pareceu feliz com isso.
– Quer saber? Você precisa de ar puro! Vem! – disse ele.
– Ei, mas...
Já era tarde demais. Com um movimento rápido, Thomas pegou a bandeja e à deixou de lado e me levantou como um bebê sendo levantado pela mãe. Ele me levou até o corredor ainda me carregando, protestei até chegarmos na sala onde não tinha mais ninguém e vi que não tinha mais opção à não ser aceitar.
– Pra onde estamos indo? – pergunto.
– A praia!
De repente começo à ficar nervosa. Não é a primeira vez que vou à praia, mas faz muito tempo que fui em uma. Quando já estávamos fora da casa, Thomas finalmente resolveu me pôr no chão e quase caí.
– Vai ficar tudo bem? – pergunta ele.
– C-claro...
Atravessamos lentamente a rua. As escadas para descer ficam em uma parte um pouco afastada da casa, mas encaramos aquela caminhada mesmo assim. Nunca imaginei um lugar tão tranquilo como essa cidadezinha no interior da Alemanha, às pessoas acenavam e nos desejavam bom dia com um sorriso estampado no rosto. Se pudesse moraria aqui para sempre.
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Até onde você for...
RomanceQuase 12 anos se passaram desde a morte "acidental" da mãe de Crystal. Desde então, ela muda constantemente de cidades por causa de seu pai, que parece estar sempre com medo das autoridades. Em uma parada em Nova York, Crystal conhece a pessoa que m...