Campo minado

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O cheiro de grama molhada, os sons dos insetos e de uma correnteza que deve estar logo adiante me fizeram acreditar no lugar em que estou. Não tenho tanto contato com a natureza, são poucas as vezes em que ia para um lugar como esse... tão aberto e úmido.

Por algum motivo, me senti desprotegida. A dor de cabeça voltou com tanta intensidade que senti meu cérebro preste há explodir. Fiquei em posição fetal no chão com minhas mãos cobrindo cada milímetro da minha cabeça. Não sei por que isso está acontecendo comigo, toda vez que essa dor começa sinto um forte aperto no coração como se alguém estivesse prestes a tirar alguém importante da minha vida...

Comecei a gritar, dessa vez a dor não está passando... só está piorando.

- Nossa, ela ficou tão afetada assim? – ouço Frederick perguntar.

- Cala a boca! – ouço a voz de Fen.

Sinto os braços dele circulando a minha cintura e me levantando. De repente, me vi sentada no capô do velho fusca e ainda segurando minha cabeça como se ela fosse sair dali a qualquer instante.

- Crystal... eu sei que é doloroso, você morava em lugar parecido com esse daqui, sei que não deve se lembrar de nada mais algum dia irei falar tudo – sussurrou Fen em meu ouvido.

De repente, a dor de cabeça aguda não parecia nada mais que um simples incomodo. Comecei a arfar, tomava o ar como se fosse minha última esperança. Segurei no ombro bom de Fen e descansei minha cabeça lá enquanto ele acaricia levemente meu cabelo, me fazendo estremecer levemente.

- O quê foi isso, Fen? – sussurrei para ele.

- Nem eu sei explicar – respondeu ele.

- Com licença, mas não quer levar a dama para sua barraca? – perguntou Frederick.

- Acho melhor.

Me levantei do capô e segui Frederick até uma barraca razoavelmente menor que as outras. Mas a boa notícia é que me encaixei certinho lá dentro, claro que dá para se mexer lá dentro mas não tanto quanto gostaria.

Deitei o colchão inflável, me cobri com o lençol dos pés à cabeça ainda um pouco traumatizada com o que aconteceu. Ouço barulho do zíper que fecha a barraca e finalmente noto que estou só.

Fico pensando se essa dor de cabeça possa voltar novamente.

**POV FEN** (vez de Fen narrar)

Subi em uma árvore e fiquei escondido entre as folhas vigiando a barraca de Crystal. As memórias dela estão voltando mais só que com muita intensidade. Ou melhor, estão sendo forçadas a voltar.

O ataque que ela deu agora não foi normal, o local onde estamos é muito parecido com o local onde morávamos e por isso algumas memórias devem ter voltado muito bruscamente pois foi um choque de realidade. Estou cada dia mais preocupado, algum dia vou ter que falar tudo pois prometi para ela... uma promessa que talvez posso lhe render a saúde.

O máximo que posso fazer agora é esperar que nada de ruim aconteça.

. . .

Acabei dormindo naquele galho de árvore. Não sei como não caí pois tenho costume de me mexer muito quando durmo, que droga.

O ar começou a ficar cada vez mais frio, mas não foi por isso que acordei. Foi por causa de um cheiro horrível. Olhei para baixo e vi Frederick fazendo uma gororoba roxa que é impossível de identificar sobre o que talvez seja, pulei de galho em galho esperando que o odor ficasse menos ruim quando chegasse no chão... me enganei completamente.

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