O bar

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Começo a pensar se foi mesmo uma boa ideia não voltar. A cidade pode ser pequena, mas as ruas parecem inacabáveis. Mas mereço estar zangada, não mereço?! Ou é só birra minha? Acho que é somente birra, mas agora é muito tarde para voltar atrás.

Me apoio nas paredes que acompanham a rua até o final. Não sei exatamente onde estou mais viro à esquina seguinte e acabo me deparando com um bar. Parece ser um estabelecimento pequeno, da qual substituíram a porta por fitas azuis super brilhantes e onde frequentam várias... idosas. Tá, né. Mas alguma coisa em suas expressões fez minha curiosidade falar mais alto e querer entrar no estabelecimento.

Faço força para conseguir subir nos degraus, se não fosse por uma das idosas me ajudar eu teria caído durante o caminho (fui ajudada por uma idosa... que hilário).

Atravesso as portas de vidro do local e me direciono ao balcão. Sento, estranhando um pouco o local e logo me servem um copo de água com um cardápio. Finjo ler as opções enquanto analiso o local: tem um palco cercado pelas idosas, as mesas são bem espalhadas, o tema é estilo anos 50, etc.

Tomo pequenos goles da minha água, mas acho que fiquei tempo demais assim pois o cara do outro lado do balcão estala os dedos para chamar minha atenção.

- Ei, vai comer alguma coisa ou vai fazer uma redação sobre meu cardápio? – disse ele.

- Ah, eu...

Me encolho na minha cadeira e busco nos meus bolsos se tenho pelo menos alguns centavos. Nada.

- Sinto muito pela intromissão – começo a me levantar mas ele me para.

- Ei, sinto que te conheço de algum lugar – pergunta ele, então pensa um pouco. – Você não é a garota que Leon trouxe pra casa dele? Deixa eu ver... alguns dias atrás?

Assento, não tem porque mentir. Ele sorri.

- Leon vem algumas vezes aqui, pode pedir qualquer coisa... – ele se aproxima de mim mas está olhando para outra direção e sussurra: - não conto nada para ele.

Ele se afasta para servir mais bebida para algumas pessoas também sentadas no balcão e logo volta. Seu cabelo é bagunçado de um jeito bonito, os olhos são puxados, a pele parece de um bebê e o uniforme que parece apertado caí bem demais nele.

- Você não é alemão, não é? – pergunto, mas acho que fui grosseira. Mas ele ri.

- Não e você? Não parece ser alemã também.

- Sou americana.

Ele balança a cabeça de forma afirmativa, ele limpa o balcão com um pano enquanto serve mais alguns clientes. E então volta ao me u encontro.

- Sou coreano, mas fui criado nos Estados Unidos por... – ele finge contar nos dedos – uns dezoito anos.

- Hum, acho que não tenho lugar especifico – digo.

- Como assim?

- Vivi viajando com meu pai – dou mais um gole na água que já está quase quente.

- E agora está com Leon? São namorados ou algo assim?

Quase engasgo com a água.

- Somos conhecidos, ele é amigo do meu... – não sei como definir Fen, namorado? Melhores? Amizade colorida? - ... amigo.

- Amigo do seu amigo? Hum, legal – ele sorri de forma que acho bem simpático.

Minha água acaba e peço um refrigerante. Não quero que a conta de Leon venha alta por minha causa, então fico só nisso por um tempo. O cara do outro lado do balcão me olha profundamente e também olho para ele, mas com bastante estranheza.

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