- 10 minutos...acho que é o suficiente.
- Mas chefe, ainda não está na hora!
- Cala a boca, essa palhaçada já está indo longe demais... - Mark tenta se soltar, porém o mesmo lembra que está preso. - Droga! Crystal, adiante a situação e pegue a caixa.
Não sei porque, mas obedeci ao seu comando ingenuamente: deixo a comida no chão e vou até a caixa onde faço extremo esforço para movê-la.
- Isso, boa garota. Agora é só tirar o cadeado - instruiu ele.
- Por quê sempre tem um cadeado? - me pergunto em voz alta.
- Como?!
- Porque não colocam fita adesiva, cola ou sei lá mais o que seja?
- É bom não reclamar por ser apenas um cadeado - disse Mark. - Acredite, a coisas piores no mundo do que um cadeado.
- Ok, Ok, senhor profissional dos bandidos - digo sarcasticamente enquanto tento abrir o cadeado, mas sem sucesso.
- Deixe de ser metida e abra logo! - exclamou Mark.
Bom, preciso da chave para abrir, mas como estamos em uma situação deveras delicada preciso arranjar outros meios. Procuro pela sala e encontro alguns utensílios que podem ser úteis, mas não tão eficazes na hora de abrir espeçuras mais grossas e começo a desanimar aos poucos.
- Tente abrir com os pés - disse Mark.
- Ah, extremamente fácil.
- Você está tão lerda para achar alguma coisa que preciso te dar opção!
Começamos uma discursão, os xingamentos rolavam como chuva de tão fácil que era de nos insultar.
- EI, DÁ PRA PARAR SUAS CRIANÇAS?! - gritou o ajudante. - TEM UMA PEDRA ENORME ALI, DO TAMANHO DA MINHA MÃO, PEGA LOGO E ABRE ESSA PORCARIA!
E é nessas horas que me pergunto: "porque tem uma pedra dentro do porão? ". Como se não pudesse ficar mais estranho tudo isso. Me aproximo da pedra e caramba...ela é realmente enorme. Talvez uma pedra assim deve ser guardada e...
- Vai pegar ou vai querer que oficialize seu casamento com a pedra? - disse Mark da maneira mais arrogante que conseguiu.
Tá, talvez eu esteja realmente muito estranha admirando uma pedra. Há pego sem cerimônias e começo a batê- la contra o cadeado.
Não demorou muito e, por conta do peso, o cadeado cai no chão finalmente aberto. Dou um sorriso, me sentindo vitoriosa.
E de repente, sou preenchida por culpa. Uma culpa repentina que me faz estremecer. "Abra", "não abra", meu cérebro não sabe o que fazer. Sei que estou demorando, mas Mark não se pronuncia, sinto seu olhar queimando minhas costas como se disse: "vá, agora já é tarde".
Abro bem devagar a tampa, meus dedos instantaneamente a apertam e ficam brancos. Estou nervosa, mas nem sei o que me espera dentro daquela caixa, engulo em seco e simplesmente empurro a tampa - da qual faz um barulho pouco audível no chão.
Por instinto, fecho os olhos com força. O cheiro de morfo se faz presente pelo cômodo. Vou abrindo um olho de cada vez até que o objeto se torna nítido aos meus olhos: o que está dentro está coberto por uma lona branca e suja. Dou um puxão e logo me arrependo pois mais poeira é expelida.
São vários livros, ou melhor, álbuns de fotos. Algumas fotos estão soltas mas não me atrevo à pegá-las. Mexo em um dos álbuns e escuto algo no fundo da caixa.
- Crystal, isso pertence a você - diz ele. - Aquele seu pai canalha quase o levou, sorte que eu estava lá
Permaneço perplexa. "Sorte que eu estava lá?", onde isso está? onde esse cara estava?
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Até onde você for...
RomanceQuase 12 anos se passaram desde a morte "acidental" da mãe de Crystal. Desde então, ela muda constantemente de cidades por causa de seu pai, que parece estar sempre com medo das autoridades. Em uma parada em Nova York, Crystal conhece a pessoa que m...