Frederick é louco e vamos acampar!

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Chegamos no aeroporto acabados. Fen está todo sujo (assim como eu), Hendry está com hematomas pelo rosto e meu vestido rasgou, juntamente com meu pé que doí pois tive que tirar meus sapatos que atrapalharam na correria.

Os olhares das pessoas se direcionaram justamente para nós, mas não posso disfarçar que estamos com uma aparência horrível, é impossível ninguém olhar. Fen abriu a mochila e puxou uma pasta de lá, dentro tem dinheiro e assim como passaporte e documentos falsos.

- Ei, meu nome não é Brisas - falo.

- Vai ter que se contentar com esse nome até chegarmos em Paris, "Brisas" - brinca Fen.

- Há- há, não acho graça.

- Nem eu, já que meu nome agora é "Falanel".

O único passaporte com o nome certo é o de Hendry, mas ele já tinha viajado já que sua família é americana e se mudaram aqui para Turquia. Levei a mochila para o banheiro do aeroporto para poder me trocar, Hendry ficou esperando do lado de fora enquanto Fen foi comprar às passagens para Paris. Espero que seja mesmo Paris, pois Judith não falou para que lugar da França deveríamos ir.

Entrei em um box, puxei uma muda de roupa que acredito ser minha e me despi. A roupa é confortável: um casaco preto, blusa de manga comprida e meu velho all star que me acompanhou durante todo esse tempo. Saí do box e dei uma ajustada no meu cabelo e limpei meu rosto o máximo que pude. Quando saí, dei a mochila para Hendry e me sentei nas cadeiras vazias do aeroporto.

Fen chegou logo em seguida e me deu às passagens, logo em seguida sentando ao meu lado. A manga da camisa dele está com um pequeno traço de sangue, ele se movimentou muito e não passou o remédio para cicatrizar mais rápido.

- Está sentindo dor? - pergunto.

- Um pouco... mas não é nada demais - disse ele.

- Ah... se estiver sentindo algo me fale - falo.

- Tudo bem, "Brisas".

- Para de me chamar desse jeito!

Esse nome é horrível, mas ele tem razão tenho que me contentar com esse nome até chegar em Paris. Hendry chegou logo depois e se sentou do nas cadeiras atrás de mim, pelo visto ele queria evitar Fen ao máximo. Enquanto esperávamos o voou ser anunciado, vários guardas apareceram e no meio deles... está meu pai. Droga! É bastante provável que ou Judith ou o senhor Rest tenham sido pegos e obrigados há falar. Quando o nosso voou é anunciado saímos correndo dali, os guardas notam o nosso movimento suspeito e correm até nós.

Chegamos no detector de metal, passamos a mochila rapidamente e andamos rapidinho pelos corredores. Os guardas acabam sendo barrados, mas é questão de tempo até que tudo esteja explicado para eles.

- SENHOR, SOMOS DA POLÍCIA MUNICIPAL! NOS DEIXE ENTRAR! -ouvimos o oficial da polícia falando lá do portão.

Não perdemos tempo e entramos no avião. Graças a Deus eram poucas pessoas para aquele voou, por isso decolamos rápido. Sentei na minha poltrona, Hendry e Fen se sentaram um pouco mais há frente pois nossas poltronas não são perto uma da outra.

Só conseguia pensar na probabilidade da polícia de Paris ser avisada, mas cheguei ao ponto de que talvez cheguemos lá antes dela ser avisada. Senti meu corpo tremendo, não pelo medo e, sim, pelo avião em movimento.

A viagem foi totalmente desconfortante, o medo de ser pega não me deixa fechar os olhos uma vez sequer. Demorou quase 5 horas para chegar em Paris, saímos do avião ainda apreensivos e amedrontados como se fossemos molhar as calças a qualquer momento.

Olhei para os fast food que servem cada um comida de outro país e sinto minha barriga roncar.

- Estou com fome - digo.

- Também, querem que eu vá comprar alguma coisa? - pergunta Fen.

- Sim, pode ser qualquer coisa.

- Tá bom, não fiquem dentro do aeroporto. Me esperem lá fora.

Fen mandou um olhar mortal para Hendry, se virou e foi em direção aos Fast Food. Fiquei do lado de fora, sentada em um banco velho esperando que ninguém se importe com minha presença, o tempo está bem fechado e frio.

Hendry apareceu magicamente ao meu lado no banco.

- Era o seu pai lá no aeroporto, não é? - pergunta ele.

- Sim...

- Mas ele estava lá na minha casa, será que... - ele fez uma pausa - DROGA!

Sei o que ele está imaginando: sua família sendo cruelmente morta. Não posso dizer que não ouve uma probabilidade de ter acontecido isso, mas tenho que dizer que está tudo bem porque acho mesmo que está tudo bem. Não posso tirar as esperanças de alguém desse jeito.

- Sua família está bem, Hendry - digo sem olhá-lo. - Tenho certeza que está.

- Hmm... verdade, também tenho que alimentar minhas esperanças. Às vezes acho que sou muito apegado a eles...

Do bolso dele tirou um papel, desdobrou e vi uma foto bem antiga de sua família.

- Judith deve ter posto isso quando organizou a mochila, droga eu nem pude levá-la.

Não sabia o que dizer, só fico quieta esperando que Hendry guarde a foto. Ele tem direito de sentir falta, tem direito de sentir preocupação com a própria família, coisas que não tenho mais direito.

Fen chega com três Mclanches, comemos até não podermos mais e tentamos adivinhar quem poderia ser o tal de Frederick. Exploro o lugar com os olhos, até que vejo um velho (que parece ter feito anos de pilates) com uma placa escrito: "Para as pessoas que o velho Rest mandou: Sou eu, Frederick!".

Primeiro não acreditei mas daí notei o famoso sobrenome do pai de Hendry e confirmei que seria ele. Levantamos do banco, nos pronunciamos na frente dele e quando olha diretamente para Hendry, seu rosto se ilumina.

- MAS NÃO É QUE VOCÊ CRESCEU!!!!! -gritou Frederick rindo histericamente. - AQUELE VELHO TINHA RAZÃO... iai? Essa daí é sua namorada? Bonitinha...

- P-para tio Frederick - diz Hendry. Seu rosto começou a ficar vermelho como tomate e senti o meu assim também.

- Espera... ele é seu tio?!?! - exaltou Fen.

- Desde quando me conheço por gente!!!! - grita Frederick. - Agora vamos, franceses não gostam de gritaria.

. . .

O tio do Hendry não avisou que estacionou o carro no final do enorme estacionamento do aeroporto, por isso tivemos que bater mais perna para atravessar. O carro dele é um fusca estilo anos 80 que parece ter saído do salão de beleza para tratar de um problema sério.

Agora, estamos no meio de um transito no centro da cidade ouvindo rap francês. Tenho que admitir que é horrível e ao mesmo tempo a batida se torna animada, mas ainda continua sendo horrível.

- Uhu! Seguraaaa! - grita Frederick após dar uma arrancada com o carro, felizmente saindo do transito.

" Meu Deus, queria estar morta", pensei. De repente, os prédios começam a sumir e dar uma visão mais pobre de Paris.

Até que passamos por essa "área pobre" e adentramos na floresta enrubescida por árvores de vários tipos. A trilha parece não ter fim, o céu nublado de Paris não tem mais lugar em meio a tantas árvores. Por impulso, pego a mão de Fen e seguro com força, tenho que admitir que estou com um pouco de medo.

Em seguida, paramos. A primeira coisa que vejo quando saiu do fusca é um acampamento montado de forma desorganizada, não dá para acreditar que esse cara mora aí.

- Bem-vindos há minha casa! - disse Frederick levantando as mão em sinal de orgulho.

Nunca tinha acampado na vida, mas não é agora que esse "sonho" deveria se realizar.

Com certeza, essa vai ser a viagem mais longa da minha vida.




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