Preso entre mim e você

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POV'S FEN

- Dá pra me liberarem logo?! – pergunto para o policial em frente a mim.

- Respeite a autoridade garoto e ainda mais... – ele fez uma pequena análise com os olhos no meu braço. – Por quê quer viajar com uma ferida desse tamanho?!

Durante esses dias nem tinha reparado no meu braço ferido, mas estou começando há perder alguns movimentos dele (como erguer coisas pesadas ou balançá-lo).

Você deve estar se perguntando por que diabos estou em uma delegacia. Eu, Hendry e Frederick estávamos na rodoviária para pegar o ônibus, depois do ônibus pegaríamos um trem em direção a Alemanha. Logo, tentaríamos fazer de tudo para ir a Munique.

Mas alguém me denunciou por ter uma ferida enorme no braço. Agora estamos em Paris, discutindo com o único policial que fala a nossa língua sobre me levar ao hospital ou não.

- Preciso ir! O ônibus ainda não chegou, talvez dê tempo de alguém da sua equipe deixar eu e meus amigos na rodoviária – digo.

- Só se tratar dessa ferida! – exclamou o policial.

- MAS NÃO ESTÁ DOENDO!

- C-calma, s'il vous plaît, volto já... (NOTA: "s'il vous plaît", traduzindo do Francês significa "por favor").

Tá, talvez demore um pouco para ir resgatar a Crystal. Só penso nela dia após dia, até porque não é todo dia que você perde a pessoa que ama. Enterro minha mão no meu cabelo, deixando ele bem bagunçado, isso me alivia às vezes... ÀS VEZES. Ouço a porta batendo atrás de mim, mas não é o policial... é Hendry. Ele anda a passos apressados e se curva, nos deixando a cara a cara.

- Liberaram você? – pergunta ele.

- Óbvio que não.

- E o braço?

- Acho que vamos pro hospital.

Sinto a frustração de Hendry, também estou bastante frustrado e por isso permanecemos quietos, sem nem ao menos olhar para cara um do outro.

Antes de resgatar a Crystal, serei submetido à uma possível cirurgia. Daí seria uma questão de tempo para descobrirem que Frederick não é nem nosso responsável. Hendry volta pra Turquia, eu para Nova York e Frederick é preso por tentar levar dois adolescentes para fora da fronteira. Que final lindo! Dá vontade de me matar! Depois de tudo pelo qual passamos seria uma droga voltar.

- Onde está Frederick? – pergunto.

- Na lojinha de doces do outro lado da rua tentando paquerar a mulher do balcão – disse ele.

- Que idiota.

- É, eu sei.

Algum tempo se passou até que o mesmo policial chega, acompanhado de outro policial. O que fala minha língua começa a discutir em francês com o outro (que não parece dar a mínima pra essa coisa toda). Senti que havia passado uma eternidade esperando quando finalmente chegam há uma conclusão.

- Você irá para o hospital imediatamente! – disse o policial que fala a minha língua, mas com um sotaque francês.

Não, não, não, não... Se eu for pro hospital vai acabar com tudo e nunca vamos encontrar a Crystal! O que eu faço?

Levanto da cadeira e me curvo para socar o policial, ainda bem que consegui. Pego o pulso de Hendry e saímos correndo da sala.

- Fen! Você tá ficando louco? – grita Hendry em meio aos gritos do policial.

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