Uma criança corre muito e acaba ralando o joelho, ela chora freneticamente até um garoto aparecer. Parecia ter minha idade. O sonho muda e vejo meu pai segurando uma panela e me pedindo para fechar os olhos e...
Sou acordada por causa de uma tremedeira do trem. Olho em volta e franzo o cenho confusa. Olho para baixo e vejo Fen deitado na minha perna de uma forma delicada como se estivesse aproveitando o momento. Tenho vontade de empurrá-lo mas olho melhor para ele: o cabelo, as faces do rosto... se parecem com o garoto do meu sonho.
Os olhos dele vão se levantando antes que eu pudesse fazer alguma coisa. Quando Fen me encara, sinto cada vez mais aproximidade como se já estivesse o visto antes!
- Crystal... algum problema?- pergunta ele ainda sonolento.
- Um pequeno - quero saber se já nos encontramos antes e também se ele tem algo a comentar sobre o meu sonho, então começo pelo sonho: - Fen, olha talvez você não queira falar dos meus problemas mas... eu tive um sonho, nesse sonho tinha um garoto muito parecido com você... tem algo a comentar?
A pausa que ele fez foi tão repentina que fiquei com medo. A sensação é de tudo estar parado e o tempo não parecer andar. Fen volta para terra e faz uma pergunta totalmente inesperada:
- Você não se lembra mesmo de nada, "pandinha"?
Fiquei assustada e ao mesmo tempo surpresa. "Pandinha"? Que apelido estúpido é esse? Mas sinto como se sentisse falta daquele apelido, tudo está tão estranho que fico simplesmente perplexa. O trem para antes de responder, provavelmente seria uma resposta egoísta, por isso, me mantenho quieta.
Foi aí que bateu o desespero. Não sabemos onde estamos até descermos: Omã, Mascate. Estamos em Mascate.
((NOTAS DA AUTORA: Omã é um país vizinho do Emiratos Árabes Unidos onde fica Dubai))
Quando descemos do trem percebo que não trouxemos nada, somente a roupa que estamos vestindo e um pouco de dinheiro, nada mais. Nos misturamos com as pessoas e logo parecemos apenas um casal de turistas.
Enquanto seguimos em fila reta para os ônibus de saída olho para Fen, o jeito descontraído dele parece mais pensativo e sério. Engulo em seco e crio coragem, o que vou fazer agora NÃO significa nada só quero que ele pare de ficar daquele jeito.
Seguro sua mão e a aperto. Mas de repente sinto como se estivesse em flash back rápido e logo volto a mim. O que foi isso? Estou tento esse problema desde do dia em que olhei para Fen, qual é!
Mas isso não me impede de continuar segurando a sua mão. Fen retribui mais continua com a mesma cara.
- Se está assim por causa do lance do "pandinha" então é melhor melhora essa cara, não estou com raiva ou te achando estranho, achei até... fofo - falo, sinto meu rosto corar.
Ele olha para mim, um olhar de esperança resgatada.
- Você não se lembra mesmo de nada, pandinha.
Faço cara de raiva mas, na verdade, riu. Fen também ri e entramos juntos no ônibus.
Faço cara de sono na hora em que o ônibus liga. Não sou preguiçosa, muito pelo contrário, sou DESMOTIVADA, odeio quando me chama de preguiçosa.
Sorte que trouxe meu celular e fiquei jogando. Fen viu e decidiu que o que eu estou fazendo é muito melhor do que ficar encarando uma janela. Passamos um tempo assim até estarmos assistindo The vampires diaries.
- É ridículo! Não entendi nada! - reclama Fen.
- Não é tão difícil: os caras são vampiros e gostam da principal, só isso - tento explicar pela DÉCIMA VEZ mas de uma forma mais simplificada.
- Se fosse assim eu assistiria crepúsculo. Mas já que não curto esses lances de minininha, então, vamos assistir Jogos Vorazes.
- Tá, mas só deixa eu terminar de assistir esse episódio...
- Vamos, Crystal! Tem até um pouco de romance pra você admirar no filme - disse Fen. Ele tenta pegar meu celular mas não deixo.
Depois de um tempo lutando, infelizmente Fen consegue pegar meu celular e assistir Jogos Vorazes. Não é que eu não goste, é porque The vampires diaries é viciante!
- Fen? - chamo a atenção dele depois de 40 minutos de filme. Ele dorme tranquilamente e ainda segura firmemente meu celular como se não quisesse me parar de assistir por causa dele.
Pego meu celular e guardo no bolso. Dou um pequeno beijo em sua bochecha isso faz com que Fen se mexa um pouquinho e logo volta a ficar imóvel.
"Ele me conhece de algum lugar...", penso comigo mesma. De repente, o ônibus para de andar. As pessoas começam a murmurra entre si e Fen acaba acordando.
- O que ouve? - pergunta ele.
- Eu não sei.
Sete policiais armados surgem dentro do ônibus. Você me ouviu bem SETE POLICIAIS.
- Com licença... Boa tarde a todos! Estamos procurando uma pessoa que talvez esteja nesse ônibus, se não estiver vamos embora e deixaremos vocês continuarem a viagem. O nome dessa menina na foto é Crystal Underwoo, está sendo procurada por fugir. Se não se importam... vamos investigar cada um de vocês.
" Pronto, agora é meu fim!", penso desesperada. Aperto a mão de Fen e ele encara os policiais como se dissesse " Venham pegar ela e mato vocês".
Tinhamos que pensar em um plano e rápido, mas não consegui pensar em nada porque meus pensamentos já estavam ocupados demais em pensar como o meu pai conseguiu escapar ileso e ainda avisar a polícia sobre o meu desaparecimento.
Tarde demais: um dos policiais me olhou de longe e apontou para mim. Droga, droga, droga, mil vezes droga! Me puxaram da minha poltrona e começei a me debater até que Fen se mete no meio e acaba batendo no polícial. As pessoas entram em pânico e alguns filmam a situação, os outros políciais partem pro ataque mais Fen bate em mais dois. Mas os outros quatro seguram Fen e dão uma grande surra no estômago dele seguido de uma coronhada na cabeça
- NÃO! PAREM COM ISSO, POR FAVOR! É A MIM QUE VOCÊS QUEREM! - grito.
- Pan... dinha - são as últimas palavras dele antes de desmaiar.
- Sra. Underwoo, por favor, temos informação que seu pai está preocupadissimo - disse um dos policiais.
- Eu não LIGO PRO MEU PAI, ele assassinou um parceiro de vocês e não fazem nada?!
- O delegado morreu se suicidando!
- É MENTIRA, É...
Um dos políciais me pegou por trás e prendeu minhas mãos com algemas. Não dá pra acreditar, depois de tudo vou voltar?
Uma coisa inesperada acontece: uma menina que não deve ter 10 anos diz umas palavras em outra língua e os políciais ficam imóveis. Fen cai no chão após o policial que o segura também entrar em transe. Observo melhor a menina e ela está coberta com um pano negro.
- Vão logo embora - disse ela -, se não o transe vai acabar.
Saiu com dificuldade por causa de Fen e o jogo no asfalto. Aquela menina tem um truque muito bom, bom mesmo. Tão bom que me sinto cansada...
Em um baque surdo, caiu no asfalto e me contorço para tentar não entrar em transe também, mas a garota grita algumas palavras incompreensíveis lá dentro e isso me faz cair em um sono longo.
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Até onde você for...
RomanceQuase 12 anos se passaram desde a morte "acidental" da mãe de Crystal. Desde então, ela muda constantemente de cidades por causa de seu pai, que parece estar sempre com medo das autoridades. Em uma parada em Nova York, Crystal conhece a pessoa que m...