Todos nós temos segredos (parte 1)

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Hendry, Hendry, Hendry... não, não conheço esse cara. Estava checando mentalmente se o conheço de algum lugar para não ficar como Fen, tentando me lembrar de onde o conheço.

Nenhuma imagem me vem a cabeça, Hendry oferece uma das mãos para me ajudar a levantar e aceito.

Ainda olho para ele como se fosse um fazendeiro, pois não há como ignorar as roupas. Acho que ele percebeu pois voltou a avisar:

- Não sou um fazendeiro de verdade!

- É! Tô sabendo, é porque não tem como ignorar as roupas! - exclamo.

- Hã?... ah, tá.

"Finalmente ele entendeu", penso. Fico meio tímida na frente dele, os olhos grandes dele parecem me estudar a cada parte. Ainda não entendo o motivo dele estar aqui, mas agradeço por ter aparecido naquela hora.

- Seu amigo precisa de ajuda - disse Hendry - ,meu pai é médico e fazendeiro na Turquia, somos americanos mais resolvemos morar nesse país.

- Não acha que está se abrindo demais para alguém que acabou de conhecer? - pergunto.

- Sim, até porque sou um livro aberto.

Ainda não confio muito nesse tal de Hendry, mas vou fazer qualquer coisa para que Fen não morra. Hendry carrega Fen e, não sei como, consegue atravessar o muro com Fen ainda na garupa. Chego logo depois e me deparo com um único "carro" estacionado: uma caminhonete vermelho vivo, atrás tem alguns produtos como bananas e vegetais. Olho para Hendry como se disse "E você ainda se diz não ser um fazendeiro".

- Tá, tá, meu pai que é fazendeiro eu só vim disfarçado.

- Por quê o disfarçe? - cruzo os braços.

- Assuntos pessoais... Vamos logo!

Ele deita Fen no banco de trás, também fico lá e apoio a cabeça dele no meu colo. A blusa I love Londres, que dei para ele em Dubai, está totalmente suja de sangue.

Há minha vontade foi de chorar, mas preciso ser forte nesse momento e não uma chorona.

Encaro Fen, depois olho para janela e quando olho, grito: o baixinho está me encarando pela janela do carro.

- DESÇA AQUI GAROTA! EU QUERO O MEU DINHEIRO! - berrava ele do outro lado do vidro.

Ele tentou arrombar a porta mas não teve muito sucesso pois Hendry deu no pé. Meu coração está acelerado e meus pelos do corpo todos eriçados como às de um gato depois de um banho gelado, não tive a coragem para olhar para trás, só tentei encarar a poltrona o máximo que conseguia.

- Você está bem?! - pergunta Hendry me olhando pelo retrovisor.

- S-sim, acho que sim... - digo.

- Quem era aquele cara? - pergunta ele.

- Um pessoa... - pondero um pouco - uma pessoa desagradável.

- Entendo se não quiser falar muito.

- Valeu...

A viagem se passava e eu ia me acalmando, a única preocupação que eu tinha era com Fen. Hendry me perguntou várias coisas no carro e só respondi que meu nome é Crystal Underwoo e que meu pai é um cretino.

Ficamos o resto do caminho todo em um silêncio tenso, algumas vezes parei de tentar admirar as paisagens e sentia a respiração de Fen (que parece estar sempre prestes a morrer).

Entramos no meio de um matagal bem escuro, uma única luz de revelou naquele território e avistei uma casa grande de dois andares. Estacionamos o carro mas continuamos dentro depois que Hendry desliga o carro. Ele se vira e ficamos cara a cara, Hendry puxa alguma coisa do porta luvas e releva um repelente que logo é jogado em minha direção.

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