Todos nós temos segredos (parte 2)

106 10 0
                                    

Fico um pouco abismada com a notícia, mas eu estou muito feliz por ele ter acordado.

Hendry me põe no chão e corro para dentro da casa, nem me preocupo com os degraus e corro rapidamente sobre eles. No último degrau ouço vozes agitadas no quarto onde Fen está.

Atravesso o corredor com muita lerdeza e crio coragem para abrir a porta. A primeira coisa que vejo são duas pessoas segurando Fen pelos braços e tentando ao máximo segurá-lo pelas pernas, ele grita meu nome que se mistura com as vozes nervosas de Judith e senhor Rest e das pessoas em volta.

- CRYSTAL! O QUE VOCÊS FIZERAM COM A CRYSTAL?! CRYSTAAAAAAAAL!

Fico parada no batente da porta com a boca escancarada e os olhos arregalados. Fen se debate com força mas nem tanto no ombro direito por causa da ferida. Sério, a cena está bizarra.

- CRYST... - Fen fica mudo quando me vê.

Acabo não resistindo, Fen está tão mal e parece ter me esperado um tempão. Fiquei muitas vezes com medo e angústia porque não tinha fé que ele iria acordar, mas agora ele está bem na minha frente e acordado.

Corro ao seu encontro, Fen senta rapidamente na beira da cama antes de me abraçar com força, sinto as lágrimas se acumulando e jorrando pelas minhas bochechas.

- Seu idiota! Nunca mais me dê um susto desses! - falo olhando bem fundo nos olhos dele, ele dá aquele sorriso debochado mas dessa vez também sorrio.

- Nunca mais vou deixar você sozinha... - sussurra ele.

Sorrio muito mais depois disso, logo volto para terra e percebo que estamos no meio de muita gente para termos um momento tão íntimo assim. Olho em volto, meu olhar para em Hendry que sorri mas tem um olhar frio e triste.

Não entendo o que ele esconde dentro de si para ficar tão triste daquele jeito. Fen solta um gemido alto, olho para ele e o local onde a bala acertou está sangrando de novo. Entro em desespero e me afasto.

- Droga, ele se debateu demais... - disse o senhor Rest.

- Por favor... Crystal... não vá embora - disse Fen ofegante.

- Posso ficar aqui durante o processedimento? Por favor! - peço.

- Não, temos que ter espaço e esse quarto é pequeno, vocês não quiseram levá-lo para hospital e agora precisamos de espaço - disse senhor Rest com ignorância.

Continuo implorando até que Hendry é obrigado a me pegar. Sou totalmente contra essa vontade mas cedo à ele. No corredor, Hendry me para, tento até fugir mais ele me prende contra a parede.

- Me solta, eu preciso ir vê-lo! - grito.

- Você não vai conseguir desse jeito! Por favor, deixa meu pai fazer o trabalho dele, logo você irá vê-lo - grita Hendry de volta.

Respiro fundo várias vezes e me contento com a situação, sério, eu estou muito nervosa.

Bato no braço dele e ando a passos largos até lá fora. Fecho a porta com toda a força atrás de mim e vou em direção ao curral de cavalos.

Minha sorte é que o curral está aberto, entro e me deito no femo. Começo a pensar na vida: será que tudo mudou tanto depois que vi o que realmente meu pai é? Será que nada mudaria se não estivesse conhecido Fen ou será que mudaria? Processo todos os meus pensamentos e junto eles em um mini resumo da minha vida como está sendo agora. Ainda tem essa droga desses sonhos que não me deixam em paz nem um segundo.

Bem mais tarde, Hendry me acha dentro do curral e me obriga a entrar na casa pois já estava tarde. Tiro as minhas galochas e me jogo no sofá como se fosse minha cama. Logo em seguida já estava dormindo.

Até onde você for...Onde histórias criam vida. Descubra agora