Não me lembro sobre o que exatamente sonhei, mas acordei assustada. No começo tentei me levantar, mas uma ponta de dor percorreu toda a extremidade do meu corpo e me obriguei a ficar no lugar. Minha mente parecia estar instável enquanto meu corpo parecia não responder há alguns dos meus movimentos. Logo consegui ao menos mexer os dedos das mãos e dos pés.
Senti o vazio do quarto quando notei que não havia mais ninguém. Levo minha mão cuidadosamente até minha cabeça e sinto o tecido um pouco áspero das várias ataduras que protegem meu crânio.
– Tem alguém aí? – minha voz saiu fraca, mas tentei mesmo assim.
Ninguém respondeu.
Eu adoro estar sozinha, privacidade era, às vezes, o meu dilema. Mas estive cercada de pessoas desde a chegada de Fen e muitas vezes essas "pessoas" fazem falta, mesmo com um dilema de privacidade idiota como o meu.
Mas uma vez tentei mexer outras partes do meu corpo e consegui mexer as pernas, mas notei alguns soros sendo aplicado nelas. Na verdade, pelo corpo todo várias injeção e ataduras tentam curar ferimentos que nem eu mesma sei se sofri ou não.
Chego na conclusão que talvez eu esteja no hospital (sim, cheguei nessa conclusão agora). Viro minha cabeça muito devagar pois cada movimento faz minha nuca arder, olho para mesinha ao lado da cama e encaro uma cartela de comprimidos que são... enormes.
Me assustei quando uma mulher saiu do banheiro com alguns baldes e também com alguns matérias de limpeza. Ela parece dançar ao ritmo da música que ouve em seu fone de ouvido, mas pára quando nota que estou acordada.
– Nossa, seu nome é... – ela pondera um pouco. – Ah! Paciente 078! Só um minuto, meu bem, irei chamar a enfermeira.
Então, a mulher se vai, me deixando novamente sozinha. Aproveito o tempo tentando levantar, mas novamente foram tentativas inúteis.
A enfermeira, junto com um médico, chegam alguns minutos depois e acabam me pegando no meio das minhas tentativas de ficar em pé.
– Ei, você não pode fazer isso! – exclama a enfermeira que me pega pelos ombros e me põem na cama.
– Se fizer isso pode reabrir os ferimentos da cirurgia! – disse o médico que evitava me pegar com força.
Parei quando ouvi a palavra "cirurgia". Agora estou lembrando: estava conversando em um bar com um cara chamado Kim, até que tive uma dor de cabeça horrível, tive um sangramento nasal e fui obrigada a vir para o hospital. Também lembro de estar com a perna quebrada, mas isso não me incomoda tanto no momento.
– Tem alguém conhecido da qual possa falar? – pergunto.
– Seus amigos estiveram aqui agora há pouco, vou mandar chamá-los novamente – disse a enfermeira.
– Obrigado.
Senti parte de mim um pouco aliviada, mas ainda me sentia nervosa e inquieta. A enfermeira vai embora, deixando apenas eu e o médico.
– Já faz quanto tempo que estou aqui? – pergunto.
– O certo é "quanto tempo você está dormindo" – ele me corrigiu. – Já faz três dias direto.
Não consegui engolir essa informação, mesmo sabendo que em minha situação isso é totalmente possível. Percebi que o médico fala a minha língua e não alemão, mas isso também não importa agora.
O médico me deseja melhoras e vai embora. O que se seguiu agora foi meio estranho: meus pensamentos pareciam travados, o quarto em que estou parece até mais amplo (apesar de saber o tamanho após uma boa olhada). Eu queria explicações, meu corpo parece vazio, assim como meu coração.
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Até onde você for...
RomanceQuase 12 anos se passaram desde a morte "acidental" da mãe de Crystal. Desde então, ela muda constantemente de cidades por causa de seu pai, que parece estar sempre com medo das autoridades. Em uma parada em Nova York, Crystal conhece a pessoa que m...