PRÓLOGO

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Se nós, seres humanos, possuíssemos um dispositivo com a finalidade de soar um alarme quando um assassino estivesse por perto, a fim de ceifar nossas vidas, seria perturbador, mas perfeito. E, neste caso, o de Juliet Gentil estaria soando há muito tempo. Entretanto, mesmo assim, com alarmes hipotéticos ou não, ela não foi capaz de perceber o perigo que se aproximava de maneira sorrateira. Juliet decidiu jogar, e foi eliminada para sempre, não apenas do jogo, mas da vida também.

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Presa em seu mundinho, envolta por uma redoma de vidro, Juliet era a insegurança em pessoa. Foi criada pela figura mais poderosa da cidade, seu tio, e recebia uma quantidade de proteção exagerada - se é que é possível quantificar - somada aos mimos que a riqueza poderia lhe oferecer. Por essa razão, talvez, o mundo lá fora parecesse aterrorizante.

Agora, com seus novos, e únicos, amigos - os quais foram convidados a passarem a noite em sua casa, uma mansão, para ser exato -, Juliet sentia-se nervosa. Queria que a noite fosse perfeita; sua missão era agradá-los.

O cronograma mental que ela havia traçado estava nos conformes, assim como o plano diabólico de alguém próximo.

Quando todos já estavam satisfeitos com o banquete, Juliet chamou a galera ao seu quarto. Eram dez convidados. Amigos da faculdade, os quais ela sempre desejou ter.

- Como já disse, sintam-se à vontade.

Como havia passado o dia ocupada com os planos para a noite, nem tinha se dado conta de que, na sua caixa de e-mails, havia um que iniciaria uma cadeia de acontecimentos que a levaria à morte!

Juliet pegou o celular para verificar as notificações mais recentes. Foi aí que notou o bendito e-mail. Abriu e se deparou com um texto extenso. Intrigada, achou melhor ler em seu notebook.

- Que cara é essa, Ju? - perguntou Liliane, com o leve sotaque do norte do país.

Já com o notebook no colo, Juliet respondeu:

- Alguém com o perfil "Interrogação" me mandou um e-mail.

- Deixa a gente ver - disse Dênis, chegando mais perto. - Interrogação? Esse cara, ou seja lá quem for, é um idiota. Quem colocaria um nome desses num e-mail?

- Verdade - falou Robson -, mas o que ele mandou?

Também não sei.

- O assunto é: "O Cúmplice e o Assassino". Não faço ideia do que seja.

- Pois então leia - sugeriu Carol.

- Vamos ver.

- Não clique em nenhum link. Pode ser vírus - precaveu Andrew.

Mas não havia link. Eram regras para um jogo. Um jogo de estratégia que fez a respiração de todos ficar mais pesada.

Juliet ergueu as sobrancelhas como se uma força as puxasse para cima. O jogo é legal, mas por que mandaram isso pra mim?

Mesmo com perguntas na cabeça eles apreciaram a originalidade e a trama da brincadeira.

Quando a atenção voltada ao jogo perdeu a força, decidiram burlar o que era proibido na mansão: ingerir bebidas alcoólicas e... Não acredito que Leo e Maicon trouxeram esse troço... fumar. Haviam levado um narguilé.

Juliet sempre foi contra qualquer tipo de fumo. Em sua concepção, o objeto esguio, cheio de curvas, ondulações e mangueiras e que lhe trazia a Índia à mente não era somente um cachimbo que utilizava água e tabaco aromatizado. Para ela, aquilo significava um meio de drogar-se.

O Cúmplice e o Assassino (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora