Capítulo 5 (p.2/2) - Tentativas infelizes

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— E isso é ruim? Fazer você sorrir?

Ela respirou fundo e se declarou:

— Você sabe que foi o único que amei, Rick. Não me faça agir como uma colegial apaixonada pelo professor de educação física.

— Se eu for, hipoteticamente, o tal professor, não ligo de você agir como uma colegial.

— Está me cantando?

— Ah, você acha isso? Acha realmente que é uma cantada?

— Para, Rick! Isso é muita cara de pau, sabia?

— O quê? Ligar depois de um ano, dizer que ainda a amo, ficar feliz por você não estar se envolvendo com alguém, e soltar uma cantada com intuito de reconquistar você, é ser cara de pau?

Ela ficou sem palavras. Uma lágrima brotou e deslizou pelo seu rosto.

— Você me deixou... Isso foi, como posso dizer? Lindo?

— Ufa, ainda bem que gostou, me sinto mais aliviado, pois estou mais para professor de matemática financeira do que um sarado que dá aulas numa quadra. Minhas armas de sedução são outras, baby.

Valéria gargalhou. Não pôde evitar.

— Você não existe, Rick! Você é lindo – Ela sentiu os lábios formigarem.

— Olha só... estou conquistando a colegial.

— Não seria reconquistando?

– Opa, desculpa, falha minha: reconquistando. Obrigado!

Riram juntos dessa vez.

— E ah, agradeço o elogio, mas quero ver você dizer que estou lindo depois dos sete quilos que ganhei.

— Hum, daí eu teria que pensar — Ela entrou no joguinho de adolescentes apaixonados.

— Aposto que continua linda.

— Continuo, sim — disse ela sem modéstia, brincando.

— A colegial está se insinuando para o professor?

— Você não venha me ofender, porque senão dou um tapa na sua cara. E além disso, vou até a diretoria reclamar do assédio.

— Nunca achei que ouviria isso, mas tudo que eu queria agora era levar esse tapa. Isso significaria estar bem perto de você, a ponto de segurar sua mão, do modo mais clichê possível, porque, sim, o amor é extremamente clichê. Queria olhar no fundo dos seus olhos e antes de beijar você, dizer que a amo.

Mais uma vez ela ficou sem palavras, e sua respiração ficou mais pesada.

Tudo aquilo era louco, estava sendo louco. Como assim, do nada, Ricardo tinha aparecido e a fazia rir, enchendo seu peito de esperança?

— Depois dessas palavras, eu desistiria de ir até a diretoria no meio do corredor.

— Caramba, você chegaria a ir até o corredor mesmo?

Era incrível como ele provocava uma sensação boa nela.

Estavam mais para "jovens namorados separados por um final de semana sem grana para saírem" do que "ex-noivos com sonhos interrompidos".

Após mais piadinhas e insinuações amorosas, notaram o quão louca era aquela situação. Foi então que um clima mais pesado tomou conta da conversa, as palavras se tornaram mais moderadas e tensas.

— Bom, tudo isso que está acontecendo, e tudo que aconteceu, é bem maluco — disse ela.

— Nós nos amamos, Valéria.

O Cúmplice e o Assassino (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora