Capítulo 34 - Reunião dos componentes

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Enquanto a noite caía e o detetive coletava mais peças do seu mais novo quebra-cabeças na delegacia, o grupo de amigos envolvidos no caso d'O Cúmplice e o Assassino decidiu se reunir na república de Robson para conversar, debater e analisar tudo o que estava acontecendo sob seus pontos de vistas.

Mastigavam sem sentir direito o sabor dos lanches e petiscos que haviam preparado. O refrigerante ajudava a não engasgar. Da última vez que os dez tinham estado reunidos, uma pessoa acabou assassinada, e isso gerava tensão suficiente para que os pedaços embolados em suas bocas descessem secos como se a saliva lhes faltasse.

Douglas não estava mais ali para matar ninguém, ao que parecia estava longe, mas era inevitável andar por aí sem olhar para os lados e apertar o passo. Eles não o conheciam tão bem para saber onde ele poderia estar, e isso causava receio. Na cabeça deles, se Douglas tinha sido capaz de participar de dois homicídios, por que não seria capaz de se esconder em um canto qualquer das ruas da cidade e dizimar um por um dos "amigos", até que fosse capturado?

Numa das conversas, enquanto foram se acomodando na sala de estar, a teoria de que Douglas possuía algo contra cada um que estava ali tornava-se maior.

E se Juliet tivesse sido a primeira do grupo a ser perseguida? E se o assassinato do sr. Augusto tivesse sido só para desviar a atenção? Será mesmo que as reais vítimas eram os Gentil? Seria fácil relacionar a família Gentil como alvo dos homicídios, fazendo com que os verdadeiros nem se dessem conta do suposto plano de matar cada um do grupo.

Eram hipóteses, mas realmente alguns deles temiam por dar de cara com Douglas.

**********

— Ele teria mesmo motivos contra todos nós? — perguntou Robson. — Acham mesmo que ele teria uma razão para assassinar a gente? Querem saber? 'Tô de saco cheio disso! — Robson havia aguentado muito tempo aqueles devaneios que julgava inúteis. — Eu vou buscar mais refri — disse. — Antes que eu vomite o lanche todo.

O silêncio pairou na sala. Apenas os olhos se moviam de maneira rápida. Olhavam uns para os outros, como se tivessem revelado a pior das piores teorias das conspirações.

— A gente deve ir embora? — sussurrou Elita.

— Devemos. Sério mesmo, pessoal — respondeu Carol.

— Ei, o jornal das onze vai começar — disse Leonardo, quebrando todo aquele murmúrio com os olhos fitos na tela. — Cadê o controle? Aumenta aí. Não viram a chamada?

— Qual chamada, Leo?

— Mais um suspeito de estar envolvido nos crimes, Mike. Anda pessoal, aumenta aí.

— Deixa que eu aumento — falou Maicon.

— Ô, Robson! Corre aqui! Vão falar do Douglas!

— Estão de zoação comigo? — gritou Robson, lá da cozinha.

— Deixa disso, homem. É sério o que eu estou falando. Cola aqui, rápido!

Robson chegou da cozinha com um copo na mão. A televisão estava com o volume mais alto que o habitual. Eles aguardavam a notícia com uma expectativa que tornou a respiração de todos mais pesada.

A reportagem girou em torno do desaparecimento repentino de Douglas e era o próprio detetive William quem estava oficializando as buscas ao novo suspeito, ao vivo, para várias emissoras, na frente da delegacia.

Imagens das câmeras de segurança da rodoviária foram exibidas várias vezes, repetidamente, enquanto a voz do detetive dizia que as suspeitas eram de que Vinícius Moreno de Souza, de Vila Pequena, seria cúmplice de Douglas de Lima Acanho no homicídio duplo envolvendo os Gentil, na Cidade Esperança.

Os amigos se entreolharam, e de repente a sala ficou abafada.

Depois de declaradas publicamente as buscas oficiais por Douglas e o tal Vinícius, a desordem se instalou nas cabeças de todos os presentes na república.

Quem interrompeu os murmúrios, de novo, foi Robson.

— Eu não vou engolir isso!

— Você TEM que parar de estupidez, caralho! — explodiu Dênis. — Não está vendo?!

— MENINOS! — gritou Liliane.

— Vocês têm que parar de brigar — concordou Leonardo.

— Não estamos brigando! É que Robson reluta tanto em acreditar, que dá nos nervos! Ele não está vendo? Não está enxergando o que anda acontecendo?

— É verdade — concordou Andrew. — Robson, entendemos a amizade entre vocês dois! Mas como já havíamos falado aqui antes, até andamos com medo por aí, as ruas já não parecem mais as mesmas. Eu também não quero acreditar cegamente que Douglas está fazendo tudo isso, ou já fez, mas já chega, está na hora de parar!

— Chega, Andrew! Chega, Dênis! Digam o que quiser. Minha opinião sobre Douglas é a mesma! Continuo achando que ele é inocente!

O Cúmplice e o Assassino (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora