Capítulo 10 - O depoimento de Elita

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Após a saída de Robson, Elita entrou na sala.

William anotou "Elita Duarte Colores" na lista de nomes, e "Elita" no layout que estava rascunhando. A moça de olhos negros que tinha corpo de modelo, cabelos azulados e curtos e estava com a maquiagem borrada por causa das lágrimas. Suas mãos estavam trêmulas, mas dava para notar que ela tentava se acalmar.

— Preciso de sua ajuda, Elita. Conte-me tudo o que sabe e tudo aquilo que julgue suspeito ou importante. Acalme-se e responda as perguntas, tudo bem?

Ela assentiu.

— Ótimo. Diga o que sabe sobre o e-mail e as regras do jogo que Juliet recebeu.

As respostas foram as mesmas. Elita disse que não sabia quem poderia ser o Interrogação e contou sua versão de como funcionava o jogo.

— Sobre a saída de vocês da mansão: como foi? Notou se alguém estava perseguindo vocês?

Ela franziu o cenho quando o detetive falou sobre a possibilidade de serem seguidos. Acalmando-se, falou sobre a "fuga" deles e afirmou que ninguém da mansão, a não ser os porteiros, sabiam que eles estavam saindo. William perguntou se ela tinha certeza daquilo.

— Tenho certeza, senhor. Ninguém sabia para onde estávamos indo. Juliet mentiu para os porteiros que o sr. Augusto sabia, mas em nenhum momento ela disse que íamos para a FHCE... E acho que ninguém seguiu a gente, não.

Elita prosseguiu, descrevendo como o jogo havia começado e, com lágrimas nos olhos, finalizou a história com a morte da amiga.

— Sabe me dizer quem foi o escolhido para ser o Assassino do jogo?

— Não sei quem foi que Andrew escolheu, mas deve ter sido alguém discreto, tipo Douglas, ele é meio estranho, na dele.

— Ok. E durante a brincadeira, você viu algo? Ou ouviu, pelo menos?

— Não, senhor. — Mas seus olhos haviam dito que sim, e William percebeu.

— Acho melhor me falar a verdade, mocinha. — Ele a fitou, intimidando-a.

E agora? Devo dizer? Será que vou comprometer Lúcia de alguma forma?

— Diga — insistiu William, tirando-a dos devaneios.

— Está bem, eu... — resolveu dizer. — Eu tenho medo de estar encrencando alguém injustamente, mas já que estamos todos envolvidos, devo dizer que ouvi algum movimento na sala em frente à "minha".

— E quem estava nessa sala?

— Lúcia — e Elita foi se adiantando: — Mas, assim, eu não tenho certeza de que ouvi, é só um palpite. E, aliás, ela pode ter esbarrado sem querer numa carteira. Entende? Não quero comprometer ninguém com minhas dúvidas, senhor William.

— Entendo — disse ele. — Fique tranquila.

William analisava a nova informação.

— A sala onde Lúcia estava era na extremidade, defronte à sua, não é isso?

— Sim, senhor.

— Isso quer dizer que só havia uma sala ao lado da dela. Saberia me dizer quem estava na sala ao lado da que sua amiga estava?

Agora é a hora que eu comprometo mais alguém. Isso não vai prestar.

— Era a Carol.

William tomou nota. Perguntaria a Carol sobre a movimentação na sala de Lúcia, pois como ela estava ao lado, talvez pudesse descrever com mais precisão.

A pedido do detetive, Elita falou um pouco mais sobre o dinheiro que estava em jogo.

— Foi Robson quem sugeriu. Combinamos que seriam vinte reais de cada.

— O dinheiro ainda está com Robson?

Elita, acho que você está complicando todo mundo nessa...

— Ainda está com ele, sim, senhor.

— Tudo bem. Tem mais algo que julga importante a me dizer?

Claro que não, já falei demais!

— Não tenho. Posso ir?

— Antes de sair, qual é a cor do seu tênis?

O que isso tem a ver? — pensou em responder.

— É branco, senhor, por quê?

— Não se preocupe, foi só uma pergunta. — William anotou mais alguma coisa no seu bloco de notas. — Chame a Carol, por favor.

Espero que ela não me mate depois. Já citei nomes demais aqui.

— Claro — respondeu ela, saindo em seguida.



O Cúmplice e o Assassino (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora