Capítulo 7 - Detetive William entra no jogo

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03 de julho de 2015, sexta-feira - 23h16

O chamado foi encaminhado para a delegacia mais próxima à Faculdade de Humanas. E lá trabalhava o Inspetor William Guimarães Silva. Foi Beatriz, a secretária que chamava a atenção de qualquer homem, dona de lábios carnudos e vermelhos e de uma pele clara que contrastava com seus cabelos negros e brilhantes, quem entrou na sala dele e repassou o caso. Ambos estavam de plantão naquela noite.

Era impossível não sentir a força magnética que ela emanava com sua beleza, e William se esforçava sempre para dar total atenção ao que ela dizia, sem desviar os pensamentos para além.

— Muito obrigado, Beatriz. Eu vou cuidar disso.

— Estou às ordens, senhor. Nos vemos amanhã, Caio já chegou.

— Tudo bem, bom descanso.

— Obrigada, até amanhã.

Bom, William não estava apaixonado, sempre colocava a profissão em primeiro lugar em sua vida, não tinha tempo para essas coisas. Sentia-se atraído pela estonteante Beatriz? Claro! E me diz aí quem não ficaria? Porém, quando surgia a pequena hipótese em sua cabeça, de pelo menos sair para jantar com ela, William já descartava a ideia.

Ambos eram adultos e vacinados, é óbvio! Mas William insistia na ideia besta de que ela jamais daria bola a um quase quarentão. Beatriz, por muitas vezes, deu indícios de que poderiam sim um dia almoçar juntos ou até mesmo jantar. No entanto, o trabalho o deixava cego e vidrado, fazendo-o não perceber.

O detetive Silva era um homem alto, forte, com um par de olhos escuros, assim como o cabelo, que raramente estava despenteado, aliás, estava sempre penteado para trás e fixado com gel. Na parte inferior do rosto, tinha a irritante marca de barba composta de pelos espessos demais para o gosto dele. Em suma, William era um homem comum, sem atrativos.

Quando passou pela secretaria, foi cumprimentado por Caio, mais conhecido como "Novato" por ali. Desde pequeno almejava trabalhar numa Delegacia de Polícia, e se mostrou eufórico quando passou na entrevista e foi aceito — mesmo que fosse para arquivar documentos, atender pequenas ocorrências e trabalhar como secretário-do-terceiro-turno.

— Fique atento, Novato — disse o detetive. — Acho que teremos um trabalhão esta noite.

— Manda ver, chefe!

William estava para encerrar seu plantão também, mas o fato de onze jovens que invadiram o prédio da FHCE no meio da noite, em pleno início de férias para jogar um jogo que acabou em morte era saboroso demais para ele.

O carro do detetive era um Corola preto, perfeito para ele no quesito discrição. Jamais gostou de andar em viaturas, elas eram escandalosas demais, e isso não condizia com sua profissão, que exigia dele, na maioria das vezes, passar despercebido.

Três policiais o acompanhavam. Entre eles: Tony, que era perito criminal. Assustaram os porteiros e seguranças da faculdade, que nem ao menos haviam notado qualquer movimentação no prédio. Eles não tiveram outra opção a não ser liberar a passagem para as autoridades, sustentando olhares curiosos.

Dois dos guardas seguiram a equipe da polícia até o bloco onde estavam os jovens.

Quando entraram no campo de visão do grupo de amigos, os profissionais perceberam o quanto os jovens estavam atônitos. Alguns se mostraram aliviados pela chegada da polícia, mas todos tremiam por dentro.

O detetive fotografou com seus olhos tudo que era possível. Os rostos. As salas. As mochilas. As bebidas. E, principalmente, as expressões de cada um.

O Cúmplice e o Assassino (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora