Capítulo 21 - O depoimento de Abilene

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Abilene já estava disposta a dar seu depoimento, conforme William havia solicitado. Ambos estavam sentados no escritório de Augusto, em duas poltronas reservadas no canto mais próximo à imensa estante de livros dele.

Dava para ver no semblante dela que ainda estava um tanto abalada, mas tentava respirar e oxigenar o cérebro para que pudesse se manter ativa. Depois de dizer seu nome completo, o detetive anotou na ficha: Abilene Aparecida Oliveira Alves.

- Sra. Abilene, minha missão é atentar aos fatos, portanto, levantei algumas hipóteses e acredito que está óbvia a ligação entre os dois casos.

Ela franzia o cenho e prendia alguns fios de cabelo soltos atrás das orelhas.

- E suponho que não haja apenas uma pessoa envolvida nisso...

Por um momento, ela parecia absorta em seus próprios devaneios.

- Alguém queria que minha menina... e o sr. Augusto... morressem... Quem faria uma coisa dessas? - Seu olhar estava distante.

- É para isso que estou aqui, senhora. Quero que me ajude a solucionar isso. Preciso da senhora. Poderemos fazer justiça.

- Sim - ela concordou, e uma lágrima lhe escapou dos olhos.

- Todos os detalhes são imprescindíveis. Reporte-me qualquer fato ou ação de que se lembrar.

- Certo - ela disse, sem emoção.

- Sra. Abilene, - começou ele com o interrogatório - o que fazia enquanto o seu patrão dormia?

- Exatamente o mesmo que ele. Eu estava dormindo.

- Recorda-se de alguma movimentação atípica?

- Ontem tivemos visitas - informou ela, vagarosamente. - Os amigos de Juliet.

- Sim, os jovens envolvidos no caso do jogo.

- Exatamente.

- Não sei se lhe serve de consolo, mas já temos um suspeito preso, o nome dele é Robson Conceição, um dos amigos de Juliet, e caso ele não esteja agindo sozinho mesmo, não se preocupe, garanto que a senhora estará em segurança.

- Obrigada, mas creio que isso já não seja importante.

A frase pairou no ar por alguns segundos antes de William continuar:

- Além dos amigos de Juliet, mais alguém esteve aqui ontem?

- Não... ah, me desculpe, sim. Fabiano, o melhor amigo de Augusto, almoçou aqui.

Ele anotou o nome de Fabiano.

- Certo. E onde posso encontrá-lo?

- Fabiano mora aqui perto, senhor. Posso lhe passar o endereço.

- Ficarei grato.

- A senhora poderia me dizer alguma razão para que tivessem interesse em assassinar o sr. Augusto Gentil?

- Não consigo pensar em nada coerente.

- Acredito que o sr. Augusto Gentil possuía uma concorrência grande no mercado, mas a hipótese de algum tipo de vingança não me parece plausível no momento.

- Mesmo com a loucura do mercado metalúrgico, Augusto não fez inimigos, não o consigo imaginar dessa forma.

- Percebo que isso seria remoto demais. - William fez uma pausa antes de continuar. - E se levássemos em consideração o dinheiro? - Deixou as palavras se espalharem.

- Dinheiro? - Ela perguntou baixinho. - Pode ser, senhor. Aliás, isso seria mais plausível do que um plano de vingança.

- Se tivermos o dinheiro como fator principal para os homicídios, consegue canalizar os pensamentos para algo?

O Cúmplice e o Assassino (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora