Capítulo 8 - O depoimento de Andrew

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O primeiro a dar seu depoimento foi Andrew. O detetive pediu que se sentasse e perguntou seu nome completo:

- Andrew Tavares Gomes, senhor.

William anotou seu nome e gravou na mente sua fisionomia: alto, loiro, de olhos verdes. Depois começou:

- Dê sua versão do que aconteceu. Do começo.

- Tudo bem, senhor. - Após um longo suspiro, Andrew prosseguiu: - Acredito que o "começo" foi quando a gente estava na mansão. Nós tínhamos levado algumas bebidas para relaxar e ficar mais de boa, mas daí o sr. Augusto tinha regras de proibição para tudo e Juliet ficou nervosa, porque dava para ver nos olhos dela que ela queria fazer algo diferente, mas não queria que seu tio soubesse. Pensamos em dar uma volta pra evitar encrenca para o lado de Juliet. Lembro que ela exigiu ir para um lugar fechado, tenho certeza de que não queria ser vista por aí, então decidimos ir até a FHCE. Lá a gente poderia beber e pôr em prática um jogo que ela recebeu no e-mail dela.

- Sim, o jogo. Fale mais sobre ele.

- É um jogo chamado "O Cúmplice e o Assassino". Creio que o senhor não saiba como é que funciona...

- Explique - inquiriu William.

- De uma forma resumida, o jogo começa quando se escolhe um Cúmplice. Depois de escolhido, todo mundo entra, neste caso, na sala que escolheu. No segundo andar onde a gente estava, tinha a quantidade de salas perfeitas, uma para cada.

William ouvia atento.

- Quando está todo mundo dentro da sua sala, o Cúmplice escolhe um Assassino. O Assassino tem a função de matar, é claro. Então, o Cúmplice fica na sala do Assassino esperando ele matar alguém. De mentira, é claro!

- Claro - disse o detetive, de forma irônica. Andrew engoliu em seco, percebendo a frase mal-elaborada que dissera. - Continue.

- Então, feita a escolha, o Assassino sai da sala e põe os disfarces, no caso usamos uma capa e uma máscara. Depois, a Vítima vota em quem ela acha que foi.

- Permita-me perguntar: Esse disfarce era eficiente?

- Para ajudar, as luzes das salas estavam apagadas enquanto jogávamos.

- Você acha que, pela estatura da pessoa, não seria possível reconhecê-la?

- Para dizer a verdade, nem pensamos nisso, senhor - disse Andrew, estreitando os olhos.

- Pelo que percebi, a capa que estava no meio do corredor, a qual acredito que usaram para o disfarce, poderia muito bem revelar parte dos braços, e seus pés, caso a pessoa fosse alta. Mesmo com a iluminação da lua, penso eu, daria muito bem para reconhecer a pessoa. E, levando em consideração a touca da capa, ela é mais larga que um disfarce eficaz exigiria, daria para enxergar certas características, mesmo que com uma máscara. Imagine uma das meninas como Assassina, seria fácil reconhecê-la, pois seus cabelos, mais longos que os dos homens, não colaboraria, não é mesmo?

Andrew estava com o olhar petrificado e com os lábios secos. Antes de falar, passou a língua por eles, para umedecê-los:

- Agora com o senhor falando, vejo que não nos preparamos muito bem para jogar. Existiam falhas de que não nos demos conta.

- Ou o jogo foi planejado para durar menos de uma rodada, eu arriscaria.

- O senhor tem toda razão! - Os olhos de Andrew se arregalaram atrás das lentes.

- Mas prossiga. Diga o que acontece depois - disse William, com a mão no queixo e recostado em sua cadeira.

- Bom, depois de fazer a Vítima, o Assassino retorna para sua sala. Daí é a hora de o Cúmplice "acordar" os demais. - Andrew fez aspas com os dedos quando se referiu a "acordar". - Todos acordam, ou seja, saem da sala, menos quem morreu. Desse jeito todo mundo acaba sabendo quem foi a Vítima. Aí o Cúmplice pede para que a Vítima saia da sala e incrimine alguém de quem ela suspeite. Depois do voto dela, todo mundo vota, até o próprio Assassino, que deve ser convincente ao acusar o outro.

O Cúmplice e o Assassino (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora