Capítulo 14 - O depoimento de Leonardo

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Quando Leonardo entrou na sala, observou que o detetive consultava as horas em seu relógio de pulso. Já estava ficando tarde.

— Seu nome completo — pediu William.

— Leonardo Barbosa Marques.

Ele viu que o detetive estava meio cansado, talvez fosse por isso que recebera um olhar desinteressado. Mas isso não importava. Leonardo não tinha muito o que dizer.

Depois de informar ao detetive qual era a sua posição no jogo, sentiu uma gota de suor brotar de sua testa, passou as costas da mão para limpar, e aguardou as perguntas.

— O que sabe sobre o Interrogação?

— Bom, Juliet recebeu um e-mail de um cara usando esse nome.

— Um cara? Tem certeza de que é um homem?

— Certeza é claro que eu não tenho, mas deve ser...

Leonardo pensou consigo mesmo, achava difícil que uma garota tivesse esfaqueado Juliet, estava mais para um homem, com certeza.

O rapaz expôs seu ponto de vista sobre o assunto, e William compartilhou com ele um pouco de seus conhecimentos: disse que, na maioria dos casos de assassinatos nos quais trabalhou durante sua carreira, as mulheres assassinas se esquivavam de maneiras violentas de matar, por isso faziam um uso constante de venenos. Era rápido, prático, não exigia força física e era clean, além de ser mais fácil de camuflar, pois elas poderiam muito bem "temperar" alguma comida ou bebida com quaisquer venenos. Tudo era uma questão de sutileza. Envenenamento, segundo William, era uma forma silenciosa de matar.

— Então o senhor também acha que não foi uma mulher que matou Juliet, não é?

— Tire suas próprias conclusões, Leonardo. Vamos seguir. Antes de sair da mansão do sr. Augusto, você percebeu se alguém foi atrás de vocês?

— Sou meio destraidão, mas acho que não. A não ser que algum guarda-costas da Juliet tenha sido chamado pelos caras lá da portaria e tenha ido atrás da gente.

— É bem provável que isso tenha aconteciso. O sr. Augusto é um milionário, e a sobrinha dele deve ser muito visada.

— Pode crer — disse Leonardo, balançando a cabeça e girando a aba do boné para trás. — Mas se realmente um guarda-costas tivesse ido atrás, teria evitado que ela fosse assassinada.

— Bem observado. A não ser que o guarda-costas fosse o assassino. O que seria irônico demais — brincou William.

Leonardo deu um sorrisinho amarelo e coçou a nuca por debaixo do boné.

— Ok. Vamos ao local do assassinato. Você sabe quem era o Assassino do jogo?

— Ah, para falar a verdade, não. Ficamos tãochocados com a morte dela que nem discutimos, e também porque depois surgiu ahipótese de alguém ter invadido a escola e tê-la matado — disse, esfregando aspalmas das mãos.    

— Algum movimento fora do comum na hora do jogo?

— Sei lá, não notei não.

William suspirou. Leonardo não trazia pistas, era isso que o suspiro significava.

Ao encerrar seu testemunho, Leonardo disse que chamaria seu parceiro para ser o próximo.

— Beleza?

— Beleza — concordou o detetive, usando da mesma gíria e ao mesmo tempo se perguntando que tipo de parceria era aquela.





O Cúmplice e o Assassino (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora