Capítulo 28 - Uma nova análise

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William se sentia bem melhor, revigorado, depois de conseguir dormir o necessário para recarregar as energias. Mesmo assim, chegou cedo ao DP naquela manhã.

Estava repassando tudo mentalmente sobre o crime, quando alguém bateu na porta da sua sala. Era um policial portando um envelope.

— São os resultados das autópsias?

— Sim, senhor — disse o homem, entregando-o ao detetive, e saindo logo após o "obrigado" de William.

Pegou os papéis e começou a ler as partes que mais o interessavam.

Sobre Juliet: as perfurações embaixo do seio esquerdo sugeriam que a arma utilizada possuía uma lâmina reta, como qualquer faca comum, sem desenho na entrada. Com base no ângulo causado pelo impacto, o autor do crime tinha boas chances de ser destro, e a julgar pelas direções das incisões, não era possível dizer se a pessoa era mais alta ou mais baixa que a vítima. William não chegou a estranhar esse fato, afinal, segundo suas hipóteses, Juliet estava desmaiada no chão quando recebeu os golpes. Não havia sinais de abrasão, o que descartava qualquer possibilidade de luta, ou reação de defesa, ou seja, não existira luta. A membrana que envolve o coração, chamada tecnicamente de pericárdio, estava ensopada. O sangue havia se acumulado ali, comprimido o coração e impedido que o órgão fosse abastecido pela via principal. Abandonando as formalidades técnicas, daria para dizer que o coração de Juliet sofrera um estrangulamento, fora sufocado pelo próprio sangue. Contudo, não se tratava de um crime cometido por um assassino profissional. Os cortes pareciam mais golpes desesperados do que friamente calculados, afinal, o autor estava com pressa.

Sobre Augusto: fora encontrada uma pequena concentração da substância tóxica, organofosforado, presente na maioria dos raticidas, mais conhecidos como "chumbinho". Antes de Augusto morrer, provavelmente sentiu dificuldade respiratória, o que o impossibilitou de pedir ajuda, depois salivou excessivamente e seus olhos lacrimejaram. Na autópsia, foram registrados claramente os indícios sólidos de envenenamento: vômito e secreção nasal.

Depois de reler os documentos, William considerou a ideia de conversar com seu primeiro suspeito, Robson, no entanto, Tony, o perito, foi até sua sala e comunicou que, em algumas horas, o relatório final da perícia feita na Faculdade de Humanas estaria pronto. Desse modo, o detetive decidiu esperar um pouco mais para falar com Robson, preferindo ter em mãos o máximo de documentos e pistas para poder interrogá-lo de novo.

Depois do almoço, William pegou um café expresso na copa, cumprimentou Beatriz, e foi até sua sala. Estava na hora de pôr a massa cinzenta para funcionar outra vez. Era preciso ter em mãos os resultados da perícia e, enquanto não chegavam, decidiu organizar os papéis e pastas em sua mesa.

Com a organização, os diários de Juliet ficaram ainda mais expostos e chamativos. Encarou os objetos enquanto tomava a bebida revigorante. O de capa preta, lembrou-se, continha relatos de momentos depressivos da garota — e para William, esse seria o mais interessante. O outro, azul, relatava fatos mais atuais.

Havia chegado a hora de sua paciência ser posta à frente. Teria que ler os relatos diários de Juliet e tentar encontrar algum fato que tivesse ligação com os homicídios.

William observou os diários com as memórias de Juliet por alguns instantes, e quando decidiu, por fim, se atentar à leitura, Tony chegou.

Agora o detetive tinha todos os dados e análises laboratoriais realizadas, e aí foi atingido por uma verdade: as suspeitas em cima de Robson deveriam ser descartadas.

Robson pareceu um suspeito em potencial quando as primeiras provas chegaram, mas William sentiu um nó na garganta por ter que pensar por outro lado. Estava na hora de se desprender dos primeiros fatos e considerar que talvez Robson não fosse o assassino de Juliet.

O Cúmplice e o Assassino (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora