O detetive anotou seu nome, Lúcia Batista Clarim, após ela ter dito com sua voz chorosa e baixa.
— Conte o que sabe sobre o jogo, Lúcia.
— Já não contaram?
— Quero SUA versão!
Ela se retraiu um pouco depois da entonação do detetive, por isso, economizou tempo e já foi contando tudo que sabia.
Logo após tomar algumas notas, o detetive a encarou nos olhos e perguntou:
— Quando iam até a FHCE, viu se havia alguém atrás de vocês?
Lúcia pensou por um momento, e disse:
— Não sei dizer. — Havia dúvida em seu olhar. — Ninguém sabia que estávamos indo para a faculdade, então acho que ninguém nos seguiria às cegas.
— Está certo. E você ouviu algum barulho na hora da brincadeira?
Lúcia negou com a cabeça, sentindo um cubinho de gelo imaginário resfriando seu estômago.
— Não, não ouvi.
— Tem certeza? Não ouviu ninguém arrastar uma carteira?
Ela notou certa ironia na pergunta. Ele sabe...?
Seus olhos estavam lacrimosos, queria não demonstrar tanto nervosismo.
— Não ouvi, senhor. — Preferiu dizer.
— Então me explique o que você estava fazendo na sua sala, porque duas pessoas disseram que ouviram alguns ruídos vindos de lá.
Ela cruzou os braços para esconder a tremedeira em suas mãos.
— Eu... tropecei.
Sua mentira estava estampada na cara.
— Você pode estar bem encrencada. Tem certeza de que vai mentir? — E para deixá-la mais encurralada ainda, William inquiriu: — O que Dênis foi fazer em sua sala?
Até onde a verdade poderia me levar? E até onde uma mentira me comprometeria?
— Não sei do que o senhor está falando. — Quase gaguejou ao mentir.
— Não sabe? Então está me dizendo que Dênis não foi até a sua sala?
— Não. – Preferiu negar mais uma vez.
— Então você nega, veementemente, que Dênis tenha ido até sua sala?
O que foi que eu fiz? Poderia ter dito que foi só um beijo...
— Por que Dênis iria até minha sala? Ele não foi.
— Então você saiu! — devolveu William, deixando-a de boca aberta, pois Lúcia não esperava uma especulação dessas. — A Carol, que estava na sala ao lado da sua, disse que ouviu a porta bater de leve, bem de leve, mas ela ouviu. Se ela disse a verdade, e não sei o motivo para que não dissesse, concluo que: se Dênis não foi até a sua sala, você saiu dela. Por isso, você é uma suspeita.
Ela iria dizer algo, mas foi interrompida.
— Quando lhe perguntei sobre Dênis ter ido até sua sala, você sequer questionou se era ele o Assassino do jogo, pois, até onde sei, nenhum de seus amigos sabe que o Assassino era Dênis, isso quer dizer que, de alguma forma, isso não foi surpresa para você. Então, você sabia que Dênis era o Assassino do jogo, estou certo?
Pare, por favor!
Lúcia tomou a pior das atitudes: começou a chorar.
— Fale! — Exigiu o detetive.
Ela não falou. Continuou soluçando.
Lúcia não podia esconder a verdade, William sabia que ela estava mentindo.
William pediu para que ela esperasse um minuto e saiu da sala. Ela ouviu quando o detetive solicitou a um guarda que a levasse a uma sala vazia e a fizesse esperar até ser chamada.
Quando voltou, William a fitou e disse:
— Conversaremos depois.
— Isso não é justo! — Conseguiu contestar, com lágrimas escorrendo pelo rosto enquanto era levada a uma salinha de espera.
Da salinha, ouviu a voz de William:
— Quem é Dênis?
— Sou eu.
— Certo. Quantos ainda faltam? — Faltavam cinco, incluindo Dênis. — Está bem. Você, por favor, venha.
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O Cúmplice e o Assassino (COMPLETO)
Mystère / ThrillerCabe ao detetive William Guimarães Silva investigar a morte de Juliet - sobrinha e herdeira do poderoso sr. Augusto Gentil -, assassinada durante um jogo na faculdade com seus amigos. Achando que tinha solucionado o mistério, na mesma noite, descobr...