Capítulo 19 - Mais surpresas na madrugada

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No caminho para a mansão, o detetive pegou-se ensaiando em como noticiar ao sr. Augusto Gentil o assassinato de sua sobrinha. Não era de seu feitio analisar e selecionar as palavras menos dolorosas, portanto, estava mais nervoso que o normal. Procurou uma estação de rádio, mas não havia música que o agradasse. Desligou e o silêncio o fez repensar na prisão do rapaz suspeito pelo assassinato, Robson. Talvez o comunicado não doesse tanto, já que o suposto culpado já estava devidamente preso.

Mas o que o intrigava mesmo era a sensação atípica que insistia em pulsar no ritmo de seus batimentos. Ele suspirou e sussurrou para si: "Fui precipitado demais?" - e a mesma voz que fazia a pergunta respondeu: "As provas nunca mentem. Acredite nas evidências, e não nas aparências".

E, mesmo assim, quem disse que o desconforto passou?

Já na mansão, o detetive parou na portaria.

- O que deseja, senhor?

- Sou o detetive William Guimarães Silva. Solicito falar com o senhor Augusto Gentil - disse, mostrando o distintivo. - É urgente!

Um dos dois porteiros presentes chamou a governanta no interfone.

**********

- O que houve? - perguntou uma voz cansada e sonolenta.

- Sra. Abilene, o detetive William Guimarães Silva deseja falar com o sr. Augusto. Ele disse que é de caráter urgente!

- Como assim? São duas da manhã... Ah meu Deus! O que aconteceu?

- Não tenho conhecimento, senhora.

- Ok, tudo bem, peça para que ele venha até o saguão. Eu o recebo. Obrigada.

- Sou o detetive William - apressou-se em dizer quando Abilene o recebeu e o convidou a entrar.

- O que houve? - não conseguiu disfarçar o desespero em sua voz.

- Venho para comunicar um assassinato, senhora.

- Como assim? - Abilene ficou pálida e sentiu sua vista turvar. Já imaginava milhões de coisas ruins. - Por favor, conte-me logo. Um assassinato?

- Sra. Abilene, preciso que mantenha a calma. Preciso dar a notícia ao sr. Augusto Gentil. Poderia chamá-lo, por favor?

- Senhor, me conte. Um detetive batendo à porta com um comunicado de assassinato na madrugada não é nem um pouco agradável, se me compreende. E conheço Augusto melhor que ninguém, e posso garantir que ele não está em condições de receber notícias ruins sem que haja um filtro. Consegue me entender?

- Perfeitamente, senhora Abilene.

- Muito obrigada. Eu e Juliet funcionamos como intermediadoras. Às vezes tentamos suavizar certos acontecimentos. Vou acordá-la para que ela possa...

- Me perdoe por interromper, senhora. Mas não será possível.

- Não será possível? Peço que seja mais claro.

- É sobre Juliet Gentil. Ela foi assassinada nesta madrugada.

Abilene parecia uma pintura realista, desprovida de movimentos. As palavras pareceram não fazer sentido.

Ele não pode estar falando sério.

- O quê? Me desculpe... o que disse?

- Juliet foi assassinada, senhora - repetiu, observando ela esvaziar o ar de seus pulmões e relaxar os músculos, como se fosse bom saber daquilo.

O Cúmplice e o Assassino (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora