Segunda começa fria. Uma videoconferência no meio da manhã me deixa sem tempo pra pensar em mais nada. E para completar, alguém esquece o celular dentro da sala de reuniões. Arg! Babá de celular de executivo é um tormento. O celular não para de tocar e não sei o que fazer. À tarde, no meio do trabalho de arquivar diversos papéis, o celular toca e atendo no automático.
- Alô?
- Boa tarde. Com quem eu falo?
- Você quer falar com quem?
Risos do outro lado da linha me chamam a atenção e percebo que atendi o celular esquecido. Merda!
- Desculpe, esse celular não é meu. Não poderia ter atendido.
- Eu sei que não é seu. É meu e preciso dele. Poderia fazer a gentileza de informar onde se encontra? - Estranho. O cara não sabe onde perdeu. É tão sem noção assim que não sabe nos locais onde esteve hoje?
- Você poderia me informar um local em que possa entregá-lo. Hoje mesmo.
- Claro, só um momento. - Espero ele fazer sabe-se lá o que até me dar o endereço onde entrego o bendito celular, quando alguém para em frente a minha mesa. Olho para cima e vejo um dos executivos da empresa me olhando com o telefone no ouvido.
- Olá Srta...?
- Olivier, Sr. Daves.
- Srta. Olivier. Prazer em conhecê-la. Poderia por favor, devolver meu celular agora?
Olho atônita para o celular que está em minhas mãos e de volta para ele até que meu cérebro funciona e entrego o aparelho.
- Sr. Daves, peço que me perdoe. Estava distraída com o trabalho e atendi por engano.
- Daves! Algum problema? - Meu chefe sai do escritório correndo e me seguro para não rir da cara dele.
- Apenas de memória. Esqueci meu celular e sua maravilhosa assistente fez a gentileza de guardar em segurança. Obrigado Srta. Olivier. Como posso recompensá-la? - Não me demitindo já está de bom tamanho, eu penso.
- Não precisa de nada Sr. Daves, faz parte do meu trabalho.
- Se é assim, agradeço mais uma vez. - E pisca para mim. Parem o mundo que preciso descer. O segundo executivo em comando da empresa acabou de piscar para mim?
- Mila! - Pulo com o grito do meu chefe. - Termine seu trabalho e pare de ficar com essa cara de boba. - Ele sai zangado. O que foi que eu fiz? Estava quieta no meu canto, ele que veio aqui!
- Parece que não sou só eu que tenho fã clube na empresa.
- Edu, para com isso. Você sabe quem ele é?
- Sei sim, já fui apresentado formalmente.
- O que faz aqui? Não deveria estar no seu setor?
- Calma, ferinha! Vim em oferta de paz. Queria perguntar se podemos conversar depois do trabalho. Um café?
- Pode ser. Agora vai antes que meu chefe me mate e você poderia ter ligado se era só isso.
- Só que liguei e você não atendia.
- Ah, ok. Nos vemos mais tarde. Agora vai.
Faltando alguns minutos pra encerrar meu horário, meu chefe me chama em sua sala.
- Sr. Tomaz. - Bato na porta e entro.
- Sente-se, Mila. Por favor. - Ele não está com a cara muito boa, lá vem bomba. - Não sei se preciso esclarecer, mas cuidado com suas ações dentro da empresa. Ficar com cara de boba como fez hoje para um executivo não é muito inteligente, principalmente se pretende permanecer mais tempo aqui.
- Não estou entendendo Sr. Tomaz. Eu fiz algo de errado? Tratei o Sr. Daves com o mesmo respeito de sempre. Se fiz algo pode falar, sou toda ouvidos, não quero problemas com ninguém na empresa, muito menos com os executivos.
- Não, você não fez nada, mas peço que tenha cuidado. Gosto muito de seu trabalho para perdê-la. Apesar de ter que aturar meus "pitis" vez ou outra. - Eu sorrio e abaixo a cabeça. Ele está coberto de razão. É difícil aturar os acessos de loucura dele. Mas tenho que zelar meu emprego.
Vou com Edu na cafeteria próximo ao trabalho. Ele parece nervoso. O que será que aconteceu?
- Então. O que você quer conversar comigo?
- Você sabe que estou procurando um lugar para morar. E queria sua opinião em alguns locais que escolhi visitar. Poderia ir comigo, por favor? Não sei fazer essas coisas sozinho.
- Claro que sim. Quando?
- No sábado. Na semana não posso por causa do trabalho. E acho que você também não.
- Verdade.
- E como vai o fã clube? Conseguiu domar as feras do escritório? O cara parecia que ia pular e segurar na sua jugular. Te olhava com um jeito... que até eu me animei.
- Edu! Já falei, para com isso. É sério! Não quero ter problemas na empresa, muito menos com um dos executivos. E não sou um animal pra ser... caçada... e que segurem em minha jugular.
- Só estou falando o que eu vi - fala rindo.
- Não basta meu chefe me atazanando, agora você também. Não quero me envolver com ninguém. Estou fora do mercado no momento. - Ele me olha sério enquanto reflete o que eu disse. Droga! Devia ter sido mais sutil com ele. - Olha! Vamos deixar claro uma coisa. Adoro você. A gente curtiu junto, ficamos bem, foi prazeroso pra ambos. Mas não vai passar disso. Tudo bem?
- Hã... tudo bem. Aliás, é bom esclarecer mesmo as coisas. Estava ficando confuso e quase fui pedir abrigo em uma farmácia.
- Edu você não existe.
Começamos a rir, conversamos mais um pouco, mas já estava ficando tarde. E tinha de ir para casa.
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Doce Remédio
ChickLit-------PLÁGIO É CRIME COM FORÇA DA LEI 9.610/98------- ***Obra Registrada no Avctoris. *** Qualquer semelhança com nomes, fatos, pessoas ou locais nesse livro é mera coincidência.*** *** OBRA ORIGINAL SEM REVISÃO. FÍSICO REVISADO E JÁ NA 2ª EDIÇÃO...