Capítulo 11

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Segunda começa fria. Uma videoconferência no meio da manhã me deixa sem tempo pra pensar em mais nada. E para completar, alguém esquece o celular dentro da sala de reuniões. Arg! Babá de celular de executivo é um tormento. O celular não para de tocar e não sei o que fazer. À tarde, no meio do trabalho de arquivar diversos papéis, o celular toca e atendo no automático.

- Alô?

- Boa tarde. Com quem eu falo?

- Você quer falar com quem?

Risos do outro lado da linha me chamam a atenção e percebo que atendi o celular esquecido. Merda!

- Desculpe, esse celular não é meu. Não poderia ter atendido.

- Eu sei que não é seu. É meu e preciso dele. Poderia fazer a gentileza de informar onde se encontra? - Estranho. O cara não sabe onde perdeu. É tão sem noção assim que não sabe nos locais onde esteve hoje?

- Você poderia me informar um local em que possa entregá-lo. Hoje mesmo.

- Claro, só um momento. - Espero ele fazer sabe-se lá o que até me dar o endereço onde entrego o bendito celular, quando alguém para em frente a minha mesa. Olho para cima e vejo um dos executivos da empresa me olhando com o telefone no ouvido.

- Olá Srta...?

- Olivier, Sr. Daves.

- Srta. Olivier. Prazer em conhecê-la. Poderia por favor, devolver meu celular agora?

Olho atônita para o celular que está em minhas mãos e de volta para ele até que meu cérebro funciona e entrego o aparelho.

- Sr. Daves, peço que me perdoe. Estava distraída com o trabalho e atendi por engano.

- Daves! Algum problema? - Meu chefe sai do escritório correndo e me seguro para não rir da cara dele.

- Apenas de memória. Esqueci meu celular e sua maravilhosa assistente fez a gentileza de guardar em segurança. Obrigado Srta. Olivier. Como posso recompensá-la? - Não me demitindo já está de bom tamanho, eu penso.

- Não precisa de nada Sr. Daves, faz parte do meu trabalho.

- Se é assim, agradeço mais uma vez. - E pisca para mim. Parem o mundo que preciso descer. O segundo executivo em comando da empresa acabou de piscar para mim?

- Mila! - Pulo com o grito do meu chefe. - Termine seu trabalho e pare de ficar com essa cara de boba. - Ele sai zangado. O que foi que eu fiz? Estava quieta no meu canto, ele que veio aqui!

- Parece que não sou só eu que tenho fã clube na empresa.

- Edu, para com isso. Você sabe quem ele é?

- Sei sim, já fui apresentado formalmente.

- O que faz aqui? Não deveria estar no seu setor?

- Calma, ferinha! Vim em oferta de paz. Queria perguntar se podemos conversar depois do trabalho. Um café?

- Pode ser. Agora vai antes que meu chefe me mate e você poderia ter ligado se era só isso.

- Só que liguei e você não atendia.

- Ah, ok. Nos vemos mais tarde. Agora vai.

Faltando alguns minutos pra encerrar meu horário, meu chefe me chama em sua sala.

- Sr. Tomaz. - Bato na porta e entro.

- Sente-se, Mila. Por favor. - Ele não está com a cara muito boa, lá vem bomba. - Não sei se preciso esclarecer, mas cuidado com suas ações dentro da empresa. Ficar com cara de boba como fez hoje para um executivo não é muito inteligente, principalmente se pretende permanecer mais tempo aqui.

- Não estou entendendo Sr. Tomaz. Eu fiz algo de errado? Tratei o Sr. Daves com o mesmo respeito de sempre. Se fiz algo pode falar, sou toda ouvidos, não quero problemas com ninguém na empresa, muito menos com os executivos.

- Não, você não fez nada, mas peço que tenha cuidado. Gosto muito de seu trabalho para perdê-la. Apesar de ter que aturar meus "pitis" vez ou outra. - Eu sorrio e abaixo a cabeça. Ele está coberto de razão. É difícil aturar os acessos de loucura dele. Mas tenho que zelar meu emprego.

Vou com Edu na cafeteria próximo ao trabalho. Ele parece nervoso. O que será que aconteceu?

- Então. O que você quer conversar comigo?

- Você sabe que estou procurando um lugar para morar. E queria sua opinião em alguns locais que escolhi visitar. Poderia ir comigo, por favor? Não sei fazer essas coisas sozinho.

- Claro que sim. Quando?

- No sábado. Na semana não posso por causa do trabalho. E acho que você também não.

- Verdade.

- E como vai o fã clube? Conseguiu domar as feras do escritório? O cara parecia que ia pular e segurar na sua jugular. Te olhava com um jeito... que até eu me animei.

- Edu! Já falei, para com isso. É sério! Não quero ter problemas na empresa, muito menos com um dos executivos. E não sou um animal pra ser... caçada... e que segurem em minha jugular.

- Só estou falando o que eu vi - fala rindo.

- Não basta meu chefe me atazanando, agora você também. Não quero me envolver com ninguém. Estou fora do mercado no momento. - Ele me olha sério enquanto reflete o que eu disse. Droga! Devia ter sido mais sutil com ele. - Olha! Vamos deixar claro uma coisa. Adoro você. A gente curtiu junto, ficamos bem, foi prazeroso pra ambos. Mas não vai passar disso. Tudo bem?

- Hã... tudo bem. Aliás, é bom esclarecer mesmo as coisas. Estava ficando confuso e quase fui pedir abrigo em uma farmácia.

- Edu você não existe.

Começamos a rir, conversamos mais um pouco, mas já estava ficando tarde. E tinha de ir para casa.


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