Capítulo 17

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Sinto uma forte dor de cabeça. Parece que pesa mil toneladas. Um barulho irritante de bip enche meus ouvidos. Tento falar, mas não consigo. Tento abrir os olhos e não consigo. Parece que tenho milhares de agulhas espetando meu cérebro nesse momento.

- Mila, você vai ficar bem. Descansa. Estamos cuidado de você. – Ouço a voz de Rita ao meu lado, ouço soluços baixos, mas não consigo mexer a cabeça. Dói só de pensar.

- Calma Rita. Ela é jovem e forte. Já já ela acorda. Ela é teimosa, certo Mila? Volta pra gente logo. Faz de tudo pra reagir tá bom? Não desiste. – Edu? A voz dele era calma e ao mesmo tempo quebrada.

- O efeito está passando, mas ela tem que ficar em repouso por uns dias. A droga usada foi em alta dosagem. Ela teve sorte de vocês estarem perto e de tê-la trazido logo. Se demorassem mais um pouco, poderia ser pior. - Quem é esse? Não reconheço a voz. Droga? Alta dosagem? Repouso? O que está acontecendo? Onde é que estou afinal de contas? Não ouço mais nada, apenas sinto um peso, um vazio me puxando e não tenho forças para reagir.

...

- Quanto tempo ela ainda terá de ficar aqui? Internada? – Ouço Rita falar, quase chorosa, com alguém.

- Ainda não sabemos. Quando ela acordar, faremos mais exames. Vamos verificar se tem alguma sequela. Por ora temos que esperar seu corpo fazer a recuperação total de seus sentidos. Torçamos que ela volte. E logo. Quanto mais ela demora em retornar, mais difícil é para recuperar caso tenha sequelas.

Ouço o choro de Rita. Oh minha doce e louca amiga. Quero gritar que estou aqui, que os ouço só que minha boca não se mexe. Quero consolar minha amiga. Quero desesperadamente saber o que aconteceu... Mas a escuridão me domina e não consigo reagir, de novo.

...

- Quais os cuidados mais avançados? Quero saber, para que usem qualquer recurso capaz de recuperá-la. – Ouço uma voz. Será que... Não. Não pode ser. 

- Não me interessa o preço. Use qualquer metódo mais avançado, sofisticado, caro. Não quero saber o preço. Quero que a tragam de volta. - Mas é de... Antony? Pelo amor de Dadá, o que ele faz aqui? O que está acontecendo? Mais uma vez quero gritar, berrar, abrir os olhos e meu corpo não me obedece, nada acontece. E a escuridão me leva em seus braços.

...

Sinto um toque de leve em minha testa. Resmungo e mexo a cabeça devagar, mas parece que tenho chumbo no lugar. Abro os olhos aos poucos, apertando-os para que se acostumem a claridade. Minha cabeça dói a cada tentativa de abrir os olhos. Mexo de novo a cabeça e sinto latejar. Solto outro resmungo e chingamento baixo.

- Srta? Pode me ouvir? - outro toque de leve em meu rosto.

- Sim. – Resmungo com a voz rouca e a garganta seca. – Posso sim. Onde estou?

- A Srta. está em um hospital. Vou chamar o médico de plantão, para informar que acordou. E esclarecer quaiquer dúvidas suas.

- Estou com sede – Falo.

- Trago-lhe já um pouco de água. – A enfermeira sai e me deixa só. Hospital? O que estou fazendo em um hospital? Poucos minutos depois a enfremeira entra com um copo de plástico e me ajuda a beber a água. Nessa hora o médico chega.

- Bem vinda de volta Srta. Olivier. Sou o Dr. Rômulo. Como está se sentindo?

- Zonza, confusa, com uma dor de cabeça infernal. Acho que já estive melhor. O que estou fazendo aqui doutor?

- Antes de responder preciso lhe examinar tudo bem? – Fiz que sim.

Ele me fez perguntas, examinou meus olhos com aquela luzinha chata que me deixaram ainda mais zonza e cega por alguns segundos. Examinou meus reflexos em pernas e braços. Liberou minha alimentação aos poucos e me disse que eu fui vítima do famoso "Boa noite, Cinderella". A droga que usaram é a mesma utilizada nesses casos e que a dosagem foi bastante alta.

- Por quanto tempo fiquei descordada? - perguntei a ele.

- Quase três dias.




Doce RemédioOnde histórias criam vida. Descubra agora