Capítulo 16

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Boate lotada. Mal inaugurou já é um grande sucesso. A música alta nos envolve desde a entrada e nos agita. Já chegamos a mesa nos balançando e rindo muito. Querendo me soltar mais começo a beber uma atrás da outra. Edu está com a "amiga" a tiracolo. Parece um grude a criatura! Não sai de perto um segundo. Tento. Juro que tento evitar ficar olhando para eles mas não consigo. É mais forte do que eu.

- Quem é a cola? - Rita aponta.

- Não faço a mínima... Mas seja quem for, está adorando a companhia. - Falo e me viro para o outro lado e fico observando as pessoas se requebrando, gritando ao som da música, pulando. Sem parar para pensar, vou a pista de dança e começo a me mexer. Fecho os olhos e me deixo levar pelas batidas frenéticas da música Techno. Movo meu corpo sem me preocupar com os olhares. Hoje eu quero ser outra pessoa. Hoje não sou a caça, sou a caçadora. E com esse pensamento abro os olhos e dou de cara com o verde reluzente do olhar de Antony. Ele vem dançando em minha direção. Pelo amor de Dadá! Hoje o homem está mais comível do que nunca. Calças jeans apertadas, blusa polo verde, destacando ainda mais seus olhos e aquele sorriso que deixaria qualquer mulher a beira da insensatez, da luxúria, como resistir a um homem desses? Mas algo me chama a atenção. Um par de olhos negros como a noite por trás de Antony. Congelo meus movimentos.

- Boa noite Srta Olivier. Que prazer em vê-la esta noite.

Antony fala, mas não consigo responder. Estou presa no olhar de Miguel que sorri presunçoso olhando para mim e na direção da mesa onde estão os outros. Viro lentamente e vejo Edu e a cola num mega amasso.

- Mila? Está tudo bem? - Antony me chama e consigo olhar para ele.

- Por favor, me tira daqui. - Peço com urgência. Ele não me questiona, segura minha mão e sai me arrastando boate a fora até que estou em seu escritório.

- Você está bem? Parece pálida? - me entrega um copo com água, que seguro com as mãos tremendo. Bebo um longo gole e agradeço. - Precisa de mais alguma coisa? Quer que chame sua amiga?

- Não. Foi apenas um mal estar. Vai passar logo. Obrigada.

- Não por isso. Se quiser ficar aqui até se sentir melhor, fique à vontade.

Agradeço mais uma vez. Sento próxima a janela de onde visualizo todo o movimento lá embaixo. Tento rastrear Miguel mas é praticamente impossível com a quantidade de pessoas por ali. Olho meus amigos e vejo Rita agitada. Deve estar me procurando.

- Tenho que ir. Obrigada mais uma vez.

- Espere que lhe acompanho. - Ele me segue porta a fora e vamos em direção a massa de corpos vibrantes. Segurando minha mão ele me leva até Rita que está a beira de um ataque de nervos por não me achar.

- Graças a Deus você está bem! Você o viu? Quase tenho um AVC quando o vi e ... - ela não para de falar e não percebe quem está ao meu lado.

- Rita! Respira! Calma! Estou bem. Lembra do Antony?

- Oi! - Ela fala quase suspirando em cima dele. Essa é minha amiga. Distrair ela é tão fácil.

- Olá, como vai? - Antony aperta a mão de Rita e a puxa para dois beijinhos de cada lado de seu rosto. Rita parece um pimentão de tão vermelha.

- Melhor agora. - Ela fala sem frear sua língua. Dou um beliscão de leve em seu braço. - Que Mila chegou aqui são e salva. - Cadê o filtro Rita?

Antony me olha intrigado, mas não pergunta nada e agradeço mentalmente por isso.

- Por favor. Vocês estão todos bem seguros aqui. Garanto. Agora preciso ir ver algumas coisas no bar. A próxima rodada é por minha conta. - Ele abre aquele sorriso de molhar calcinha e volta seu olhar para mim. Leva minha mão a sua boca e dá um beijo leve e demorado. - Espero que desfrute de tudo o que minha boate possa oferecer. - Pisca e sai.

- Ganhou hã? O cara tá caidinho em você!

- Quem vai cair aqui já já é você Rita. Dá pra pensar antes de falar? - Ela me olha assustada.

- O que foi que...

- Você fez? Quase solta a história do Miguel! Na frente do meu chefe! - Tecnicamente chefe do meu chefe, mas isso não vem ao caso agora. Nessa hora a garçonete traz uma badeja com a rodada da vez. Pego dois shots de tequila e os tomo um atrás do outro. Percebo os olhares em cima de nós duas e encaro um cor de mel vibrante, questionando meu comportamento. Saio em direção aos banheiros quando ele segura meu braço.

- Onde você pensa que vai?

- Me solta Edu.

- Não. É verdade? O cara está aqui? Porque se ele estiver...

- O que? Vai deixar sua cola princesinha para enfretá-lo? Você não o conhece. Nunca dê as costas à ele. Muito menos deixá-la sozinha. - Indico a grude com a cabeça, me solto de seu aperto e me afasto.

- Vou te acompanhar até o banheiro Mila. - Ouço Ângelo falar perto de mim. Volto a caminhar na direção dos banheiros. Quando sinto uma vertigem. Cambaleio e Ângelo me segura.

- Te peguei. Já bebeu quantas?

- Não muitas. Devo ter bebido os shots muito rápido. Pode me soltar. - Ângelo me solta e continuo minha caminhada até que não sinto meus movimentos e lentamente percebo o chão se aproximar. Silêncio e escuridão.

Doce RemédioOnde histórias criam vida. Descubra agora