Capítulo 13

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No início da semana recebo uma ligação bem cedo.

- Alô?

- Mila? Oi docinho, como vai? Nunca mais apareceu? Algum pretendente bonitão está ocupando seu tempo?

- Oi, Sra. Tomaz, não, não tem ninguém. O tempo que anda corrido mesmo.

- Tenho saudades da sua companhia. Você é muito alegre. Venha nos visitar, almoçar conosco no domingo. Será aniversário do Fred. Seremos só nós dois e você pode nos alegrar com sua simpatia.

- Vou ver, mas não prometo nada, tudo bem?

- Está bem docinho, está bem. Mesmo assim apareça depois para conversarmos.

- Vou sim, prometo.

A doce Sra. Tomaz. Tão serena que combina perfeitamente com o marido, agitado. Eles são como meus pais. E me ajudaram muito quando tive meu problema com Miguel. Morei um tempo com eles depois de tudo. Por isso a preocupação do Sr. Tomaz em relação ao Sr. Daves.

- Toc, toc?

- Oi, Edu.

- Sabe da última? Vou ter que viajar por um mês. - Ele revira os olhos. - Apresentar o novo programa e treinar o pessoal da filial. Uhuuuu. Estou super animado. - E faz beicinho. Ah como queria morder esse beicinho lindo dele.

- Que legal. Sinal de que confiam em você o suficiente mesmo com pouco tempo na empresa.

- Mas assim vou demorar pra achar um lugar. Não posso abusar mais da hospitalidade da D. Ana. Acho injusto. Não me deixam ajudar em nada.

- Sei bem como é. Já passei por isso. E quando viaja?

- Viajo na quinta à tarde.

- Aproveita quando não tiver trabalhando. Tem muitos locais para se divertir pelo que me lembro da última vez que estive lá.

- Já me informaram. O Denis vai comigo. Já vou. Almoço?

- Claro, tchau.

É sexta-feira e vou dormir na casa de Rita. Ela quer me mostrar suas novas aquisições. Essa mania de compras que ela tem me deixa tonta. Conversamos bastante, fazemos uma sessão noite das meninas com mais algumas amigas até bem tarde. No domingo vou visitar a Sra. Tomaz. Afinal eles me ajudaram, é o mínimo que posso fazer aparecer no aniversário do Sr. Frederico.

- Mila, docinho. Que bom que pode vir. - Ela me recebe com um abraço apertado. Senti falta desse abraço. Preciso vir mais vezes. Ela me carrega aos fundos da casa onde encontro Sr. Frederico na churrasqueira com mais um casal. Seu irmão e cunhada.

Contamos as novidades, apesar de eu não ter nenhuma, rimos das imitações que ele faz do irmão, que é claro, não gosta muito, mas se rende às gargalhadas. Passo o domingo agradável ao lado deles. Sinto seu carinho como se fosse uma filha de verdade. Seu filho faleceu em um acidente de carro e desde então são só os dois. Acabei virando filha postiça.

A semana passa depressa e vamos sair na sexta. Inauguração de uma boate nova e vamos todos. Dançamos muito, conversamos e quando estamos na mesa um garçom chega com dois coquetéis dizendo ser cortesia. Rita e eu nos olhamos e agradecemos. Brindamos e quando termino meu gole vejo o Sr. Daves se aproximar.

- Boa noite.

- Boa noite. Sr.

- Não estamos na empresa. Então sou só Antony aqui, ok? - Ele dá um sorriso e pisca o olho.

- Claro. - Retribuo o sorriso

- Estão gostando da boate?

- Muito. - Rita responde. - É bem agradável, aconchegante.

Antony não tira os olhos de mim e me sinto desconfortável com isso. Movimento a cabeça e respondo alguns questionamentos seus sobre a boate tentando parecer amistosa, mas só quero distância de confusão e é isso que ele emana, confusão, em cada poro de seu corpo bronzeado, olhos esverdeados, alto e musculoso. Confusão na certa. Rita parece encantada por ele. Algum tempo depois ele se despede e sai. Consigo respirar aliviada. São quase 3 da manhã e pedimos a conta. Para nossa surpresa, nossa despesa estava paga. Tenho certeza de que tem dedo de Antony Daves nessa história. Fomos cada um para sua casa.

Sábado de manhã acordo com o interfone.

- Quem é?

- Entrega para a Mila Olivier.

Libero a entrada e recebo o entregador com um buquê e uma caixa de bombons. Agradeço, pego as coisas e vou procurar um vaso para as flores. Depois me sento no sofá e leio o cartão. "Espero que tenha aproveitado bem à noite. É bem-vinda a minha boate quando quiser. PS: Estava linda ontem. Antony Daves"

Releio o cartão atônita. Como ele sabe onde moro? Pelo amor de Dadá! O que faço para ele não criar expectativas erradas? Tá, o cara é lindo. Charmoso, carismático, bom partido, arrrr.... Mas é um dos donos da empresa... Tenho que dar um jeito nisso.

Doce RemédioOnde histórias criam vida. Descubra agora