Capítulo 21

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Segunda, chego ao escritório e meu chefe me dá um longo abraço, cauteloso em não me machucar. Olha para mim da cabeça aos pés, examinando todo o meu rosto e pergunta se realmente estou me sentindo bem para trabalhar, confirmo que estou. Ele pede que o procure imediatamente se não estiver e lembra dos remédios que tenho de tomar caso sinta dor de cabeça ou tontura. Sempre o paizão tomando de conta. Sento a minha mesa para iniciar meu trabalho. O dia segue tranquilo, poucas ligações, alguns emails. Um buquê de rosas vermelhas chega a minha mesa e meio desconfiada abro o cartão. "Espero que esteja melhor. Ansioso por nosso jantar. Antony" Cheiro as rosas e sorrio colocando-as no vaso atrás de minha mesa. Sr. Tomaz olha com uma sombrancelha levantada e dou de ombros em sinal de rendição. Ele apenas balança a cabeça e volta aos seus papéis.

Almoço no refeitório. Depois do que aconteceu na boate estou desconfiada de todos quanto ao que ingerir. Levo meu próprio almoço e lanche a partir de agora. O trabalho acumulou e muito nessa minha ausência. Soube que uma das funcionárias do RH veio ajudar o Sr. Tomaz, mas ele com seus "pitis" não segurou a moça por mais de dois dias. Ou seja? Pilhas e mais pilhas de ofícios e relatórios para arquivar e outro tanto de emails para responder. Volto para casa, quer dizer, para a casa de Rita, esgotada. Tomo um banho quente para relaxar ouvindo Enya, adoro as músicas dela, janto e vou dormir. A semana segue na mesma sequência, trabalho acumulado, almoço desconfiado e retorno pra casa. Não vejo Edu em nenhum desses dia.Nem no trabalho ou em casa. Será que ele está me evitando de propósito? Sinto uma tristeza profunda com esse pensamento. Sinto falta das nossas conversas descabidas, de suas piadas. Daqueles olhos cor de mel brilhando quando estão voltados pra mim logo após nossos encontros. Desperto de meu devaneio quando o tom de mensagem aparece no meu celular. "Boa noite Mila, ainda lembra de nosso jantar? Surgiu um compromisso amanhã a noite que não posso deixar de ir. Gostaria de sua presença comigo, se for possível para você. Espero que sim, por favor. Aguardo sua resposta, Antony" Deixo o celular na mesa e levo minhas mãos a cabeça. E agora? Já aceitei jantar com ele. Não foi? Sou uma mulher de palavra. Pego o aparelho e respondo pouco tempo depois, "Sim, é possível. Qual o traje devo vestir? É um evento social?", envio a resposta e em menos de dois minutos ouço o barulho de mensagem de novo. "Qualquer coisa que vestir ficará deslumbrante, tenho certeza. Mas como é um evento formal, pede traze social a rigor. Obrigado por aceitar ir comigo. Te pego às 18h. Na sua casa ou na de Rita?", respondo rápido "Na Rita. Estarei esperando."

Rita solta foguetes de alegria quando conto sobre o jantar. Já sabe todo o meu look para a noite. Vestido, sapato, bolsa, está super empolgada, mais até do que eu. Ainda não sei como fui aceitar isso. Edu passa por nós duas, dá boa noite e sobe. Rita não parece perceber o nosso desconforto um com o outro. Minutos depois está saindo todo arrumado e diz que talvez não volte hoje. D. Ana, como uma mãe zelosa, pede que tenha cuidado e o deseja um bom divertimento. Aposto que vai sair com o grude da outra noite. Sinto uma certa raiva me invadir e chamo Rita para o quarto para preparar a roupa de amanhã. Assim não fico pensando onde e com quem Edu vai se encontrar.

Meu dia começa bem cedo com minha personal furacão me guiando todos os passos para arrasar a noite. Sessão de shopping completa com direito a compras, almoço, e salão de beleza para no fim da tarde estar toda pronta. Ela escolheu para mim um vestido vermelho estilo sereia com alças bem fininhas e detalhes de renda no corpete. Um conjunto de pedras lindo que pendem em minhas orelhas e um ponto de luz solitário no colar. Meu cabelo está preso metade em um coque desfiado e a outra em ondas sobre meus ombros. Pra finalizar um salto alto prateado me deixando dez centímetros mais alta. Maquiagem leve, dando destaque aos meus olhos e na boca um batom claro.

Às 18h em ponto a campainha toca. Pontualidade britânica a desse homem. Rita atende e Antony entra a cumprimentando e beijando sua mão de leve. Ele está uma delícia em seu smoking preto parecia feito sob medida pois abraçava seu corpo feito uma luva, com camisa branca e gravata borboleta. Quanta tentação num pedaço de homem desses. Por que eu resisto tanto mesmo? Ah, lembrei, chefe e cama é uma combinação muito, muito perigosa. Quando entro na sala ele para e olha de cima a baixo. Tão lentamente que fico vermelha de vergonha. Estende a mão para mim, enquanto lhe dou boa noite e segurando minha mão a beija e diz:

- Está surpreendente Mila. Excedeu todas as minhas expectativas. Não estou levando comigo uma mulher, estou levando uma Deusa.

- Obrigada Antony, mas assim me deixa sem graça.

- Não fique minha querida, você está divina. Vamos? - dá-me seu braço para que me leve ao carro.

Despedimos-nos de todos e vamos em direção ao tal evento. Ele me conta que é sobre um de nossos parceiros e que é sempre um dos outros executivos que comparece, mas já tinham outros compromissos, então, sobrou para ele participar. Ao chegarmos ao evento, fico boquiaberta e paro para admirar tudo. O luxo das decorações, das pessoas, do local. Simplesmente no salão de festas de um dos hotéis 5 estrelas da cidade, o mais cobiçado de todos. Vamos cumprimentando tantos ao logo de nossa chegada que não lembro nem da metade dos nomes ou das empresas que pertencem.




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