Capítulo 28

1.8K 179 7
                                    

Chego em casa tarde tentando colocar na cabeça de Antony que não vou ficar fugindo de nada. Ele tem que resolver esse problema com a imprensa logo, mas percebo que, no fundo ele gostaria que fosse verdade sobre nós dois.

Rita me liga e passamos um bom tempo conversando e mais uma vez explico minha posição. Ela tenta me convencer a ir para a casa do Sr. Tomaz mas não consegue. Digo que estou cansada e desligo. Passo um bom tempo organizando minhas coisas quando o interfone toca. Vejo que são quase meia noite e estranho. Ele toca de novo e corro para o quarto. Pego o novo celular e deixo em mãos caso eu precise. Volto para a cozinha quando ele toca mais uma vez e de forma bem insistente agora. Atendo:

- Sim? - Pergunto.

- Mila! Graças a Deus! Você está bem? Posso subir? - A voz de Edu parece preocupada.

- Não sei se é uma boa ideia Edu.

- Mila, por favor! Só quero checar se você está realmente bem. Prometo não demorar. Por favor?

Depois de pensar um pouco aceito.

- Tudo bem. - Libero o portão e o aguardo próximo à porta. Olhando sempre pelo olho mágico.

Vejo quando ele sai do elevador e vem em minha direção. Aperta a campainha e abro a porta. Edu me agarra em um abraço tão apertado que quase fico sem ar, então me solta e me avalia.

- Você está bem? - Pergunta.

- Sim. Estou muito bem. Obrigada. - me solto dele e vou em direção ao quarto quando me viro e digo. - Por favor, espere aqui. Volto já. - Vou guardar o celular secreto dentro da bolsa. Visto um robe do conjunto da minha camisola, tenho que lembrar o que estou vestindo antes de abrir a porta da próxima vez, e volto para a sala.

Edu está sentado no sofá com a cabeça entre as mãos e se balançando.

- Você quer beber alguma coisa? Tenho água, suco e refri.

- Não, obrigado. - Ele me olha. Estou parada na entrada da cozinha, encostada no portal, de braços cruzados, cabelos presos de qualquer jeito, feitos um coque no alto da cabeça. Mas ele me olha, desviando por todo o meu corpo, como se eu estivesse vestida de joias e fosse algo raro de se ver. Me remexo encabulada por aquele olhar, pigarreio e falo:

- Já verificou que estou bem? Já está tarde e amanhã temos trabalho cedo. Então acho melhor você ir.

Ele franze a testa, olhando em meus olhos e diz:

- Você está me dispensando?

- Você prometeu não demorar e já está tarde.

- Mila... - Ele começa a falar e para.

- O que Edu? O que você realmente veio fazer aqui? - Pergunto rápido.

Ele balança a cabeça, respira fundo e se levanta.

- Vim checar você. E parece que está tudo bem mesmo. Você está certa, é tarde e já vou indo - Ele vem em minha direção, passa as mãos em meus braços. Sua respiração está acelerada e me olha de maneira intensa. - Você sabe que pode contar sempre comigo, certo?

Ainda me lembro de suas palavras duras, de seu olhar reprovador e isso me fere profundamente e me enche de uma mágoa tão grande que me solto e me afasto dele.

- Sim, eu sei. Melhor você ir logo, ou vai ser difícil arrumar um táxi.

- Tudo bem. Nos vemos amanhã, no trabalho. - ele fala baixo.

- Boa noite, Eduardo - Falo sem olhar para ele.

- Boa noite, Mila.

Ouço a porta se fechar e corro. Paro ainda o vendo pelo olho mágico. Ele está cabisbaixo e com os braços entorno do corpo, esperando o elevador. Apesar de tarde, madrugada na verdade, parece uma eternidade até que ele some dentro dele. Solto a respiração, que não percebi que estava segurando, tranco a porta, apago as luzes e vou deitar.

Minha mente repassa todos os momentos ao lado de Edu. Quando nos conhecemos, seu primeiro dia no trabalho que foi nossa primeira noite juntos. Seu modo delicado depois que contei um pouco sobre Miguel. Sua raiva ao me ver com Antony. As palavras duras e a forma como me julgou. Sinto meus olhos arderem com a vontade de chorar, misturada a raiva sobre toda essa situação. Penso em Antony, com seu modo cavalheiresco, galanteador, alegre de ser. Como foi atencioso também quando ouviu tudo sobre Miguel. Sua preocupação comigo.

Meu Deus! Como vou resolver toda essa situação? E Miguel? Tenho que dar um jeito de me livrar dele. E tem que ser logo.




Doce RemédioOnde histórias criam vida. Descubra agora