Capítulo 4

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Acordo com o barulho da campainha enchendo meus ouvidos. Alguém está prestes a derrubar minha porta. Levanto ainda grogue de sono e vou atender. Rita. E pela cara de poucos amigos me preparo para o furacão.

- Já ia chamar a polícia! Pensei que estivesse morta aí dentro! Você sabe que horas são?

- Exagerada como sempre. Estou viva! Ehhhh! Acabou? Entra.

- Isso! Fica zoando comigo! Sabe que me preocupo com você. Ontem estava doente e a última notícia sua era que Edu ia te deixar em casa.

Flashes da noite passada me atingem e sorrio abrindo a geladeira e me escondendo procurando algo pra comer e disfarçar.

- Você está melhor? - Ela finalmente pergunta.

- Sim. Acho que só precisava descansar. Fora a noite de quinta que exagerei na bebida.

- Sei. E ele demorou por aqui? Porque só chegou em casa de manhã pelo que soube.

- Não. - Será que conto? Acho melhor não. Adoro a Rita, mas ela é bem conservadora com algumas coisas. - Ficou só o tempo de o remédio fazer efeito. - Me viro de novo para ela não ver outro sorriso.

- Ah. Ele é bem esse tipo mesmo.

- Como assim? - Pergunto enquanto nos dirigimos para o sofá.

- Prestativo. Atencioso. Preocupado. Ele é um doce não é?

Alerta vermelho! Será que ela é apaixonada por ele? Pelo amor de Dadá! Ela nunca me falou nada sobre o cara e na primeira oportunidade transo com ele. O que eu faço?

- Você o conhece faz tempo?

- Crescemos juntos. Ele é assim desde que me lembro. Era o nosso protetor na escola.

- Protetor?

- Sim. Sempre preocupado com quem andávamos e coisa e tal. Dava-nos conselhos. Ele era o popular e conhecia todo mundo. Sabia de tudo que rolava sempre.

Ok! Mas ainda não sei se ela gosta dele ou não.

- E vocês...

Ela me olha e cai na gargalhada.

- Não! Não tivemos nada se você quer saber. Sempre o achei um irmão mais velho. Claro que ele é gato! Mas os efeitos colaterais dele eram melhores. Os amigos.

Rimos juntas e alívio me invade. Ufa! Mas ainda não conto o que houve. Tenho que lembrar-me de falar com ele sobre isso. Ela me arrasta ao cinema e chego às 10 da noite em casa. Rita conseguiu o que queria. Companhia o dia inteiro. Tomo banho e vou pra cama quando meu celular toca. É o Eduardo.

- Alô?

- Oi Mila, tudo bom?

- Tudo e você? Chegou bem em casa?

- Cheguei sim. Queria falar com você. Esteve com a Rita hoje?

- Sim. Por quê?

- Só queria saber se você contou a ela sobre ontem?

- Ah! Na verdade não e ia te pedir pra não contar também. Pra ninguém na verdade.

- Por quê? Você tem namorado? O cara é ciumento?

Estremeço com a menção de um namorado ciumento.

- Não, não é isso. É que ela... sabe... é meio conservadora e... bom, acho melhor ela não saber. E como trabalhamos na mesma empresa, quero evitar fofocas por lá também.

- Entendi. Ia te falar a mesma coisa. - ele ri ao telefone - O que vai fazer agora? Vai sair?

- Não, na verdade vou ficar em casa hoje. Tive que domar o furacão Rita o dia inteiro e estou exausta.

- Ah que pena. Ia te chamar pra sair com a gente. Tem certeza de que quer ficar em casa?

- Ah tenho sim. Obrigada. Divirta-se.

- Tudo bem. Nos vemos segunda então. Tchau.



Doce RemédioOnde histórias criam vida. Descubra agora