Capítulo 37

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Começo a rir da falta de palavras dele e tento me levantar mas ele me prende de novo.

- Aonde vai?

- Calma, não vou sair correndo. Vou até o banheiro.

Ele me solta, levanto e ando como se morasse ali a tempos. Quando retorno a sala, minhas roupas estão dobradas e postas no sofá, enquanto Edu está na cozinha, preparando alguma coisa para comer.

- Fiz alguns sanduíches, vem.

- Você acertou. Estou com um pouco de fome mesmo.

Sentamos e um estranho silêncio toma conta da cozinha. Olho o relógio e vejo que são quase 3:00. Termino rapidamente o lanche, vou a pia lavar o prato e digo:

- Está tarde, eu preciso ir.

- Não quer ficar aqui hoje?

- Acho melhor não. Rita e Ângelo estão lá embaixo e não quero ter mais o que explicar. Vou pedir ao Ângelo que venha dormir aqui, pois imagino que Rita deve ter desabado no meu sofá ou na minha cama.

- Mas...

- Olha Edu, eu preciso de tempo pra processar tudo, ok? Tudo está indo muito rápido e não quero confundir as coisas mais do que já estou confusa no momento. – Aquele sentimento de... não quero nem pensar nisso, me dá calafrios só de imaginar. Vou até o sofá e visto minha roupa enquanto ele apenas me olha.

- Boa noite, Edu.

- Boa noite, Mila.

Chego ao meu apartamento e vejo Ângelo zapeando a tv, sozinho.

- Dormiu? – Pergunto

- Desmaiou seria mais apropriado. – Ele começa a rir e eu acompanho.

- Mila, posso fazer uma pergunta? Não quero ser intrometido nem nada, mas... – Ângelo se vira e olha no meu rosto. – Conheço o Edu a muito tempo e percebi algo diferente nele desde quando chegou. Ele sempre teve esse espírito de aventureiro, de desapego. Não criar amarras é o seu lema, ou melhor, era. Hoje tive a certeza de que meu amigo foi fisgado de um jeito que nenhuma outra mulher o fez. E para minha surpresa essa mulher é você. Só queria te pedir uma coisa. Do mesmo jeito que o furacão que é minha irmã defende a melhor amiga dela, eu também o faço, e você sabe o quanto gosto de você, mas por favor... por favor não se deixe levar pelo passado e perca a chance de ser feliz e de fazer dar certo entre vocês. Se eu pudesse acabava com o Miguel pelo que te fez, mas você não me deixaria matá-lo, nunca. Mesmo sendo o Miguel e se fosse para ter sossego. Então Mila, você gosta do meu amigo, de verdade?

Fico sem ação com as palavras de Ângelo. Essa defesa que ele diz fazer não é só por Edu, é por mim também, mas eu não consigo dizer que estou apaixonada por Edu. Ainda sobe um nó na garganta em se tratando desse assunto.

- Eu não sei te responder Ângelo, pra te ser sincera até eu estou confusa. Não sei se estou pronta para virar de vez essa página.

- Eu sei que está. Mas você tem que enxergar isso, por seus olhos e não pelo de outros. Você é mais forte do que pensa, mais guerreira do que muitas mulheres que conheço. Busque essa fortaleza dentro de você e vai achar a resposta que tanto procura. Só não demore. Acho que vou ver meu amigo e dormir por lá. Amanhã eu pego meu pacote de volta. – Sorrindo ele me dá um beijo na testa e sai, me deixando com meus pensamentos atordoados.

Acordo no meu sofá, coberta por uma manta, um cheiro de café e pão quentinho me desperta os sentidos e o estomago. Me espreguiçando abro os olhos e vejo minha amiga de cabeça baixa me olhando envergonhada.

- O cheiro tá bom! Estou morta de fome.

- Café do perdão, amiga. Desculpa por ontem. Sério mesmo.

- Rita deixa disso, você sabe que te amo e não vai ser uma briga boba como essa que vai afetar nossa amizade.

Ela suspira e me dá um abraço de ursa, como só ela sabe fazer.

Toc, toc, toc. Alguém bate na porta e Rita vai atender.

- São eles.

Ela abre e Ângelo aparece logo seguido por Edu.

- O que vamos fazer nesse domingo quente e ensolarado? Praia, clube, escalada... ou só beber e assistir alguma coisa na tv, um dvd, cinema...

Ângelo como sempre descontraído, deixa o clima mais sereno. Optamos por ir a praia e depois sessão de cinema em casa, inaugurando o telão de Edu.

No fim do dia eu estava acabada... De tanto rir das conversas sem nexo de Ângelo e Edu, com as histórias de Rita e por fim, da maratona de filmes. Acabei adormecendo e quando despertei eram 5:30 da manhã e estava em um quarto totalmente desconhecido.

Meio confusa pois estava escuro ainda e os raios da manhã eram fracos, entrando sorrateiros pelas frestas da cortina. Ouvi um barulho e fiquei em estado de alerta, até que minhas lembranças foram voltando e sabia que estava no apartamento de Edu. Seu cheiro estava por todo o quarto. Nos lençóis, nos travesseiros.

Levantei, fui ao banheiro esvaziar a bexiga que estava me matando e logo parti para a cozinha. Edu estava fazendo o café ainda enrolado só de toalha, os cabelos molhados de quem acabou de tomar um banho. O cheiro que senti de frescor e sabonete, misturados ao café me embriagaram. Como posso resistir mais a esse pecado?

- Bom dia. – Falei para chamar sua atenção.

- Acordou, Aurora. Mas ainda é muito cedo.

- Pois é, mas acho que já dormi o suficiente. – falo levantando os ombros.

- Você capotou no sofá. Não quis te acordar para ir embora... er.. então... levei você para o quarto, para ficar mais confortável.

- Vi o sofá cheio de panos em cima. Você dormiu lá?

- Sim, não queria te incomodar. – ele fala meio sem jeito.

- O cheiro tá bom, vou tomar o café e ir me vestir. Tenho muito o que fazer hoje. Preciso organizar as coisas antes de... – fecho a boca na mesma hora. Falei demais. Tomo um gole grande do café, quase queimando a língua. Bem feito por abrir a boca.

- Antes de... o que? – Edu pergunta

- Nada demais. Obrigada pelo café e por me deixar dormir aqui. Nos vemos no trabalho.

Sai disparada antes que ele me pergunte mais alguma coisa.

Doce RemédioOnde histórias criam vida. Descubra agora