Capítulo 30

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Antony me leva direto para o seu escritório assim que chegamos a empresa. O Sr. Tomaz está nos aguardando lá, parecendo um pimentão de tão vermelho. Me preocupo na mesma hora em que ponho os olhos em cima dele e corro na sua direção sem me preocupar com qualquer pessoa a nos olhar.

- Sr. Frederico! Cadê seu remédio da pressão? Já tomou hoje? Vou buscar o medidor na sua sala. Espere, tome um pouco de água e respire, por favor, respire. - Vou falando ao mesmo tempo em que o ponho sentado em uma poltrona na sala de Antony. Pego um copo d'água do minibar em um canto da sala e levo até ele. Me agacho a sua frente e vejo o quanto está assustado com toda essa situação. Afrouxo sua gravata e abro o primeiro botão da camisa, enquanto o vejo ir se acalmando aos poucos.

- Mila? Você precisa de alguma coisa? Quer que busque alguma coisa na sala do Tomaz? - Antony pergunta.

- Sim, mas pode deixar que eu mesma pego. Ele é muito metódico com suas coisas, então não vão saber o que eu preciso. Vou rápido e volto. Sr. Frederico? Vou pegar seu remédio e o medidor de pressão tá bom? Volto já, não se levante dessa cadeira ou vou ser obrigada a chamar você sabe quem. (A Sra. Tomaz não me perdoaria se eu não falasse qualquer coisa a ela, mas estava blefando pois também não queria preocupa-la, mas o Sr. Frederico não precisa saber disso). - Ele balança a cabeça afirmando com os olhos ainda fechados. Passo a mão em seu rosto e o sinto quente. Me dá uma urgência em ir ao escritório maior ainda e levanto na pressa, pego minha bolsa e vou saindo da sala quando Antony me segura pelo braço.

- Ei, espera. Tem certeza que outra pessoa não pode ir no seu lugar? - Me viro e digo com a voz mais séria e urgente que já me ouvi dizer.

- Não. Só eu sei onde ficam e vai ser mais rápido. Ele precisa do remédio urgente. Me deixa ir Antony. - então ele me solta e corro em direção ao elevador. Todos me olham espantados, mas já nem ligo, hoje estou em estado total de fúria que se vier com gracinhas para o meu lado eu explodo. Passo feito um tornado até chegar ao escritório, pego o que preciso e voo de volta ao Sr. Frederico. Assim que chego lhe entrego o remédio. Ele toma sem pestanejar, sabe que pode confiar em mim. Afasto seu braço para medir a pressão e está em 16 por 10. E começo a xingar baixinho. Espero que o remédio faça efeito rápido, senão ele precisará de um hospital.

- E então? O que fazemos agora? - Antony me pergunta assustado com meus xingamentos.

- Ele precisar descansar um pouco. Para o remédio poder fazer efeito. Caso contrário, teremos de leva-lo a um hospital. Meu Deus, isso é culpa minha! - Começo a me remoer com a situação.

- Ei, do que você está falando? Você não tem culpa de nada disso. Isso é coisa desses jornais sensacionalistas junto com o louco do seu ex. - Ele fala e faço um ganido na menção de Miguel mais uma vez. - Desculpa Mila, mas você não tem culpa do que esse louco faz. Você não mereceu o que ele te fez e não merece tudo o que está acontecendo. - Ele chega e me abraça forte, me passando uma força e uma tranquilidade que me deixam mais serena.

Vou sentar ao lado do Sr. Frederico depois de um tempo e verifico novamente a pressão dele. Está normalizando, graças a Deus. Suspiro aliviada quando ouço o meu telefone tocar. Pego na bolsa e vejo que é Rita.

- Oi Rita.

- Mila, está tudo bem? - A pergunta do século mais uma vez e reviro os olhos com isso, está ficando irritante.

- Sim, estou bem Rita. Por que da pergunta?

- Edu me ligou perguntando se eu sabia alguma coisa sobre você. Não te viu no trabalho ainda. Você não foi trabalhar? Está doente?

- Não, não estou doente e sim estou no trabalho, só que não na minha mesa nesse momento... Na verdade estou verificando o Sr. Tomaz, ele é que não passou bem essa manhã e estou cuidando dele... Oh Rita, por favor não diga nada a ninguém tá bem. - Falo

- Tudo bem. Mas você me liga pra qualquer coisa né? - Me pergunta.

- Sim, meu furacão, eu ligo. Te amo amiga.

- Também te amo. - e desliga.

Vejo meu telefone e tem diversas ligações perdidas, algumas de Rita, Ângelo e muitas de Edu. Muitas mesmo, parece que ele não desgrudou do telefone antes de ligar para outra pessoa tentando falar comigo. Mesmo magoada com ele retorno a ligação.

- Mila?

- Oi. Só vi agora suas chamadas.

- Você está bem? Onde você está? Por que não veio trabalhar ainda? - Ele me enche de perguntas e fecho os olhos apertando a ponte do nariz com força pois minha cabeça está latejando e muito com toda essa confusão. Puxo o ar com força e solto devagar então dou a mesma resposta que dei a Rita.

- Mila, pode pegar água por favor? - escuto o Sr. Tomaz e me viro em sua direção.

- Claro... Olha Edu eu preciso desligar. Não se preocupe ok, qualquer coisa eu ligo. Tchau. - desligo e vou pegar água rápido e volto ao lado do Sr. Frederico. Ele bebe tudo e parece bem melhor mas ainda acho que ele precisa descansar. Olho para o Antony rezando que ele pense a mesma coisa.

- Tomaz, como está se sentido? - Ele pergunta diretamente ao meu chefe.

- Estou melhor Daves, melhor. Acho que já posso voltar a minha sala.

- Acho que já pode voltar para casa e tirar uns dias de descanso, isso sim. Ah quanto tempo não tira férias Tomaz?

Meu chefe abre bem os olhos em direção a Antony e fica tentando entender onde ele quer chegar.

- Sr. Frederico, por favor, vá pra casa e descanse. Não tem nada de urgente hoje e tudo pode ser remarcado sem problemas. Mais tarde se quiser ligar e verificar ficarei esperando, mas agora vá pra casa, por favor. Eu lhe peço. Isso é culpa minha e não vou me perdoar se alguma coisa acontecer ao senhor. - Falo quase quebrando no final.

- Oh minha menina. - ele me olha e me abraça forte. - Você não tem culpa de minha pressão ficar nas alturas, já nasci com isso lembra. - ele e eu o acompanho. - Tudo bem, vou aceitar ir pra casa porque sei que seu trabalho é formidável. E se está dizendo que posso ir, que irá resolver tudo por aqui eu acredito, como sempre acreditei em você. Eu confio em você. Daves, se precisar de alguma coisa pode chama-la, ela sabe do meu trabalho, se duvidar, melhor do que eu. Agora deixa eu ir. Estou realmente precisando de uma folga. - Ele fala e se levanta devagar.

- Tomaz, pode deixar que eu cuido de sua menina. Não se preocupe com nada. Ela estará em boas mãos. - Antony fala em um tom de voz sério. Sem dúvidas para brincadeiras. Me chefe o olha de cima a baixo o medindo, e eu seguro um riso dessa situação.

- Acho bom mesmo Daves. Não é por ser meu chefe que vou deixar passar certas liberdades, se é que me entende. - Ele olha nos olhos de Antony, o enfrentando. Antony desvia o olhar envergonhado. Ele está corado? Não acredito! Antony Daves corado!

- Eu sei disso. Fique tranquilo. E ligue a qualquer momento para checar se precisar.

- Se eu fosse você não teria dito isso - eu falo rindo agora. Sei bem dos ataques de pitis que meu chefe solta ao telefone. E ele começa a rir comigo. - Essa menina sabe das coisas Daves. Não se engane com ela. Ela é mais forte do que aparenta. - E então é a minha vez de corar. Obrigada Sr. Tomaz por isso.

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Doce RemédioOnde histórias criam vida. Descubra agora