Capítulo 36

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Jogo o celular longe e ele se desfaz pelo chão. Irritada com toda essa situação. Miguel, Edu, Antony, Rita.

- Por que Senhor? O que eu fiz ou deixei de fazer?

Vou até o quarto e pego uma caixa de recordações, guardada bem no fundo. Tiro a tampa e começo a ver minhas relíquias, meus tesouros. Sim, meus tesouros mais preciosos. Lembranças boas. Pego uma foto antiga de um casal e uma menininha. Meus pais. Quanta saudade deles agora. O destino, ou um bêbado, os levou de mim muito cedo. Meus 13 anos eram para ter lembranças felizes, mas só me trazem a dor da perda. Num trágico atropelamento. Meus avós eram muito humildes e não podiam cuidar de mim, então fui parar na casa de uma tia, solteirona, que só queria saber de me fazer trabalhar e trabalhar em casa. Virei sua empregada. Não saia, não me divertia, até conhecer a Rita e o Ângelo, para onde me mudei pouco tempo depois que minha tia se mandou no mundo sem dar notícias. Graças a Deus que logo fiquei maior, terminei meus estudos e fui morar só. Até aparecer Miguel, em uma festa, cheio de carinho e atenção. Eu era carente disso, apesar de ter muito na casa de Rita, não me sentia a vontade lá, achava estar atrapalhando sempre. Logo me mudei para a casa de Miguel, e achei que seria feliz para sempre. Erro grande o meu.

Um estalo em minha cabeça. "Onde tudo começou" ele disse, remexo a caixa e encontro um dos postais que mandei a Rita. Isso! Era lá onde ele estava escondido.

Pego meu celular extra e faço uma ligação.

- Antony?

- Mila? Aconteceu alguma coisa? Você está bem?

- Hei. Calma. Estou bem, mas preciso saber uma coisa. Esse telefone tem rastreador?

O silêncio que seguiu a minha pergunta já serviu como resposta. Claro que tinha.

- O que você está pensando em fazer, Mila?

- Nada, claro que não vou fazer nada. É apenas por precaução que quero saber.

- Bom...se é assim, tem sim. Você pode ser rastreada se necessário. Contanto que esteja com o celular junto. Mas aconteceu algo. Você parece meio agitada.

- Não é nada. Acabei de chegar de uma reunião entre amigos e acabou não muito bem, só isso.

- Sim... Faz um tempo que não conversamos, nem no trabalho e nem fora dele.

- Verdade. Mas se sairmos fora os abutres aparecem, e no trabalho são as fofocas. Cansei disso sabe.

- Eu te entendo. Mas sempre que quiser conversar por telefone, pode me ligar.

- Ok. Boa noite Antony.

- Durma bem, Mila.

Desligo e penso em um plano de pegar o Miguel. E já se formula na minha cabeça.

Estou deitada na cama quando a campainha toca. Vejo o relógio são 1:47 da manhã, quem será a essa hora? Vou até a porta e vejo Rita pelo olho mágico. Suspiro alto e abro a porta.

- Me perdoa. Me perdoa Mila. Não sei o que me deu.

- Entra.

Ela passa por mim e espera eu fechar a porta, então me dá um abraço bem apertado.

- Mila eu fui uma grossa, estúpida, nem você e nem o Edu mereciam meu ataque. Não tenho que me meter na vida de vocês, mas é que a gente sempre contou tudo uma pra outra e me senti meio traída por você não ter dito nada.

Rita fala sem parar e então uma batida na porta. Ela me olha surpresa e eu levanto para ver quem é. Encosto o a testa na porta fecho os olhos e respiro fundo. Abro a porta para Edu e Ângelo.

Doce RemédioOnde histórias criam vida. Descubra agora