Jogo o celular longe e ele se desfaz pelo chão. Irritada com toda essa situação. Miguel, Edu, Antony, Rita.
- Por que Senhor? O que eu fiz ou deixei de fazer?
Vou até o quarto e pego uma caixa de recordações, guardada bem no fundo. Tiro a tampa e começo a ver minhas relíquias, meus tesouros. Sim, meus tesouros mais preciosos. Lembranças boas. Pego uma foto antiga de um casal e uma menininha. Meus pais. Quanta saudade deles agora. O destino, ou um bêbado, os levou de mim muito cedo. Meus 13 anos eram para ter lembranças felizes, mas só me trazem a dor da perda. Num trágico atropelamento. Meus avós eram muito humildes e não podiam cuidar de mim, então fui parar na casa de uma tia, solteirona, que só queria saber de me fazer trabalhar e trabalhar em casa. Virei sua empregada. Não saia, não me divertia, até conhecer a Rita e o Ângelo, para onde me mudei pouco tempo depois que minha tia se mandou no mundo sem dar notícias. Graças a Deus que logo fiquei maior, terminei meus estudos e fui morar só. Até aparecer Miguel, em uma festa, cheio de carinho e atenção. Eu era carente disso, apesar de ter muito na casa de Rita, não me sentia a vontade lá, achava estar atrapalhando sempre. Logo me mudei para a casa de Miguel, e achei que seria feliz para sempre. Erro grande o meu.
Um estalo em minha cabeça. "Onde tudo começou" ele disse, remexo a caixa e encontro um dos postais que mandei a Rita. Isso! Era lá onde ele estava escondido.
Pego meu celular extra e faço uma ligação.
- Antony?
- Mila? Aconteceu alguma coisa? Você está bem?
- Hei. Calma. Estou bem, mas preciso saber uma coisa. Esse telefone tem rastreador?
O silêncio que seguiu a minha pergunta já serviu como resposta. Claro que tinha.
- O que você está pensando em fazer, Mila?
- Nada, claro que não vou fazer nada. É apenas por precaução que quero saber.
- Bom...se é assim, tem sim. Você pode ser rastreada se necessário. Contanto que esteja com o celular junto. Mas aconteceu algo. Você parece meio agitada.
- Não é nada. Acabei de chegar de uma reunião entre amigos e acabou não muito bem, só isso.
- Sim... Faz um tempo que não conversamos, nem no trabalho e nem fora dele.
- Verdade. Mas se sairmos fora os abutres aparecem, e no trabalho são as fofocas. Cansei disso sabe.
- Eu te entendo. Mas sempre que quiser conversar por telefone, pode me ligar.
- Ok. Boa noite Antony.
- Durma bem, Mila.
Desligo e penso em um plano de pegar o Miguel. E já se formula na minha cabeça.
Estou deitada na cama quando a campainha toca. Vejo o relógio são 1:47 da manhã, quem será a essa hora? Vou até a porta e vejo Rita pelo olho mágico. Suspiro alto e abro a porta.
- Me perdoa. Me perdoa Mila. Não sei o que me deu.
- Entra.
Ela passa por mim e espera eu fechar a porta, então me dá um abraço bem apertado.
- Mila eu fui uma grossa, estúpida, nem você e nem o Edu mereciam meu ataque. Não tenho que me meter na vida de vocês, mas é que a gente sempre contou tudo uma pra outra e me senti meio traída por você não ter dito nada.
Rita fala sem parar e então uma batida na porta. Ela me olha surpresa e eu levanto para ver quem é. Encosto o a testa na porta fecho os olhos e respiro fundo. Abro a porta para Edu e Ângelo.
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Doce Remédio
ChickLit-------PLÁGIO É CRIME COM FORÇA DA LEI 9.610/98------- ***Obra Registrada no Avctoris. *** Qualquer semelhança com nomes, fatos, pessoas ou locais nesse livro é mera coincidência.*** *** OBRA ORIGINAL SEM REVISÃO. FÍSICO REVISADO E JÁ NA 2ª EDIÇÃO...