Capítulo 24

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Primeiro um choque me percorre paralisando meus sentidos. Depois um frio sobe minha espinha. Até que consigo fazer uma conexão entre meu cérebro e minha boca e falo:

- Co... como assim? O que o senhor quer saber? - gaguejo sem saber o que responder.

- Ai Jesus, Mila! Não me diga que você se envolveu com o Sr. Daves. Por favor, me diga que não. – Então ele vira e me mostra a tela de seu computador onde apareço em duas fotos. Uma dançando com Antony e rindo, e outra de braços dados com ele quando chegamos ao evento.

- Você pode me explicar o que fazia com Antony Daves nesse evento?

- Sr. Frederico ele apenas pediu que o acompanhasse e foi o que fiz. Não aconteceu mais nada. Fui ao evento com ele e depois me deixou na casa de Rita. – Omito a parte do beijo, afinal ele não precisa saber disso. O beijo não significou nada. Certo?

- Foi só isso mesmo? Por favor Mila, não me esconda nada. Preciso saber que está segura. Ainda mais com aquele Miguel a solta, é arriscado ficar posando por aí.

- Juro Sr. Frederico. Não houve nada. Fomos como amigos, nada mais.

Ele me examina e dar-se por satisfeito com o que vê. Me libera de volta ao trabalho. Então cai a ficha de que todo o escritório está sabendo disso. O motivo das fofocas sou eu. Levanto o olhar e vejo Edu passando no corredor. Olha na minha direção com um olhar frio. Balança a cabeça de forma negativa e continua seu caminho. Afundo na minha cadeira querendo ser um avestruz nesse momento e me enfiar dentro de um buraco. Faço uma pesquisa rápida no site das fotos e vejo que foram postadas momentos depois de serem tiradas, enquanto ainda estávamos no evento, com a manchete. "UM DOS SOLTEIROS MAIS COBIÇADOS DA CIDADE ESTÁ DE NOVO AFFER. QUEM SERÁ A DAMA DE VERMELHO MISTERIOSA?" Seguro minha cabeça com as duas mãos e solto uma respiração profunda. Como vou sair dessa?

Chego em casa exausta, mais mental do que fisicamente, e depois de um banho e jantar, meu celular toca enquanto preparo minha roupa para o dia seguinte. É Antony. O que ele vai falar sobre tudo isso?

- Alô? - atendo receosa de como ele irá estar ao telefone.

- Boa noite. Espero não estar atrapalhando. - fala suave, educado, mas com um tom que preocupação na voz.

- Boa noite. Não está.

- Queria saber se você já sabe o que está acontecendo. Se já viu nossas fotos em um determinado site de fofocas.

- Sim eu já vi. – Falo enquanto sento no sofá com as pernas cruzadas.

- Não queria lhe prejudicar com essas notícias, mas esses paparazzi se metem onde não devem mais vezes do que pensamos. Queria te pedir desculpas por essa exposição desnecessária. - ele fala com um tom triste.

- Não precisa, tudo bem. Não tem culpa por eles estarem sempre atrás de notícias frescas. Mesmo que inventando a maior parte delas.

Silêncio do outro lado da linha.

- Verdade. – Ele fala. Droga! Percebi o que eu falei.

- Antony, eu...

- Não precisa dizer nada Mila, você está certa. Não existe nada. Somos amigos, certo? É só o que eu preciso saber. Amigos?

- Amigos, certo. - confirmo.

- Então como amigo, gostaria de jantar com você na quinta-feira. Pode ser? Nada de eventos. Apenas jantar em um bom, e de preferência discreto, restaurante. - ele fala tão rápido como se precisasse desesperadamente disso.

- Como amigos? - questiono.

- Sim, como amigos.

- Tudo bem então.

- Ótimo! Nos vemos quinta então. Boa noite, Mila. Durma bem.

- Boa noite, você também. – Desligo

Na terça e na quarta, mais cochichos nos corredores me deixam nervosa. Foco no meu trabalho tentando ficar alheia a toda essa situação. O Sr. Tomaz também não está contente com essas fofocas de bastidores e está na alta de pitis por causa disso. Estou preocupada com ele por causa de sua pressão. A Sra. Tomaz me ligou na quarta perguntando se estava acontecendo algo na empresa e a tranquilizei. 

Na quinta Antony me manda várias mensagens confirmando nosso jantar. "Está de pé ainda o nosso jantar certo? As reservas já foram feitas, te pego na sua casa às 19h." Vou para casa me arrumar. Coloco um vestido grafite com alguns acessórios azuis, scapin preto com detalhes também em azul, mas em outro tom, cabelos soltos escovados e maquiagem leve. Bolsa de mão com tudo que preciso e o interfone toca na hora. Dou uma última conferida no espelho e desço.

Vamos a um restaurante bem discreto, e pela clientela, bem frequentado. Sofisticado, em cores de tons pasteis abertas deixando o ambiente mais aconchegante.

- Gostou? – Antony pergunta.

- Muito. É lindo aqui.

O Maitre nos leva a nossa mesa num dos cantos mais reservados do restaurante, entrega o menu e faz as recomendações. Pedimos a especialidade do chefe. Antony fez questão de que experimentasse. Ele escolhe também o vinho para acompanhar a refeição. Conversamos bastante. Como no evento, fico a vontade ao lado dele depois de alguns minutos constrangedores e alguns goles de vinho.

- Sabe Mila. Você é diferente das mulheres com quem estou acostumado a lidar. - ele fala rindo nervoso.

- E isso é uma coisa boa ou ruim? – Pergunto.

- Boa. Muito boa na verdade. A maioria delas está à caça da minha carteira, sabe... Com você tive que implorar por um encontro.

- Não tivemos um encontro. – Eu me remexo na cadeira. Desconfortável com o rumo da conversa.

- Desculpe. É verdade. – Ele toma um gole de seu vinho, meio desconfortável também.

- Não. Não tivemos um encontro. Mas foi uma das melhores companhias com quem já sai. E que já levei a um daqueles eventos tediosos – E rimos junto.




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