Capítulo 34

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Quase um mês se passa desde a invasão daquele fotógrafo na empresa. A confusão gerada naqueles dias se dissipou, graças a Deus, então não tenho mais perseguidores. Os rumores foram morrendo e minha vida voltou quase ao normal.

Retomei minhas funções de assistente pois o Sr. Tomaz retornou ao trabalho após alguns dias merecidos de descanso. Antony falou sobre alguns cursos de especialização que eu poderia fazer na área de atuação do meu trabalho. Juntando a experiência prática mais o curso, poderia conseguir emprego em qualquer lugar fácil. Sr. Tomaz concordou com ele e me falou de um programa voltado para os funcionários. Pediu que eu fosse ao RH me informar melhor e já me programar para iniciar.

Procurei o RH e vi alguns cursos à distância. Assim teria tempo de retornar a outra atividade sem que os outros soubessem. A única pessoa que saberia seria o Sr. Tomaz, que iria me ajudar. Já iniciaria na próxima semana, pois queria estar preparada para qualquer passo do Miguel.

Hoje acabaria o mistério do apartamento de Edu. Ele vai fazer uma inauguração e nos chamou. Rita não segura a curiosidade mais e Ângelo finalmente vai parar com as brincadeiras de batcaverna e tals. Edu disse que passaria no meu apartamento e levaria a todos nós. Não sei o que ele está aprontando, mas está muito empolgado com isso.

Por volta das sete horas da noite Rita e Ângelo chegam e ficamos aguardando Edu. Rita fica andando de um lado ao outro na sala, enquanto tomo uma taça de vinho.

- Ei furacão, vai fazer um buraco no meu tapete.

- Ai Mila, o que o Edu tá aprontando? Ele tá tão diferente, cheio de segredos.

- Calma que ele deve ter um bom motivo pra agir assim.

Ela pega a taça dela e bebe o vinho todo de uma vez.

- Hei, vai com calma senão vai acabar dormindo antes de irmos.

A campainha toca nesse momento. Vou até a porta e abro para Edu.

- Preparados? - Ele pergunta com um sorriso de orelha a orelha.

- Claro!

- Vamos logo!

- Até que enfim!

Todos responderam ao mesmo tempo. Edu cai na gargalhada levando-nos a rir também.

Vamos todos ao elevador e para minha surpresa Edu aperta o botão para o ultimo andar do prédio.

- Onde estamos indo? - Pergunto a ele. Se bem quem nem conheço muita gente no prédio apesar de quase 2 anos morando lá. Minha vida se resumia a trabalho, casa e Rita. Ele dá de ombros e fica calado com um sorrisinho no rosto. Parece satisfeito com a situação.

O elevador para e abre as portas. Então Edu se vira e diz:

- Chegamos.

Saímos do elevador para o hall onde fica a cobertura e vai até o apartamento e o abre.

- Sejam bem vindos a minha humilde residência.

Entro no apartamento depois de Rita e Ângelo. É bem amplo, como se tivessem dois deles num só. Se bem que é esse o tamanho real. Tem pouca mobília. Um sofá em L uma tv tipo painel. Não sei muito de tecnologia, mas parece ser bem moderna, fina. Um som começa a tocar baixinho e percebo alguns alto-falantes no teto. Paredes de cor clara, dando a sensação de amplitude.

- Venham aqui. Vejam a vista. - Edu nos chama subindo uma pequena escada para o terraço. Vejo um pequeno jardim e um cheiro característico. Jasmim.

Edu me olha meio encabulado e sai mostrando os detalhes a Rita e Ângelo. A vista é linda. Um parque, que não sabia existir, a poucos metros daqui nos sorri com seus brilhos noturnos.

- Onde conseguiu dinheiro pra alugar esse apartamento? - pelo tamanho imagino o preço.

- Tinha algumas reservas e recebi o restante da rescisão do meu trabalho anterior. - Edu fala muito rápido como se tivesse decorado a fala e tivesse medo de errar. Logo desconversa perguntando se queremos beber alguma coisa. Fico intrigada com a reação dele mas vejo isso depois.

O restante da noite é agradável. Bebemos, dançamos, Rita conta histórias sobre a época de escola deles que me fazem chorar de rir. Esqueço que estou vivendo um martírio no momento. Nos despedimos de Rita e Ângelo que vão embora pois tem trabalho cedo. Faço o mesmo mas Edu me segura.

- Me concede uma última música?

- Claro.

Começa a tocar Monalisa do Jorge Vercillo. Ele enlaça meu corpo junto ao seu e iniciamos a dança. Sinto seu perfume me impregnar e o percebo puxar meu cheiro direto do meu pescoço. Fecho os olhos ficando um pouco arrepiada. Ele cantarola com a música em meu ouvido.

Paralisa com seu olhar,
Monalisa
Seu quase rir
Ilumina tudo ao redor
Minha vida,
ai de mim.
Me conduza junto a você,
ou me usa pro seu prazer
Me fascina,
Deusa com ar de menina

Ficamos assim, dançando juntinhos, ele deslizando a mão pelas minhas costas, quando a música acaba. Nos olhamos por um tempo, apenas ouvindo nossas respirações, quando ouço meu celular. Quebramos a conexão e vejo que o alarme com uma mensagem do Sr. Tomaz.

"Mila, tudo certo para iniciar na segunda no primeiro horário. Lembre-se de todas as normas de segurança que repassamos e qualquer coisa me chame. Boa noite."

- Tenho que ir. Amanhã tenho que estar cedo na empresa.

- Tudo bem. Deixa eu te levar até a porta.

Vou pegar minhas coisas que ficaram no sofá e vou em direção a porta. Edu abre e assim que saio ele me acompanha até o elevador.

- Fico feliz por você ter encontrado o lugar que queria. - falo tentando quebrar o silêncio que ficou.

- Pois é, como te falei... Aurora... foi uma oferta irrecusável.

Sorrio ao lembrar o apelido e da última vez que ele usou. As lembranças me inundam quando o elevador chega e Edu entra comigo.

- Você não disse que ia me deixar só até a porta?

- Sim. Mas me referi a porta do seu apartamento. - Então pisca para mim.

- Não precisa disso Edu.

- Esqueceu que tem um louco a solta te procurando? Te perseguindo? Eu não. Vou ficar mais tranquilo assim.

- Tudo bem. - Abaixo a cabeça estremecendo um pouco com a menção de Miguel.

Doce RemédioOnde histórias criam vida. Descubra agora