Segunda é tranquila com meu chefe viajando. Tenho tudo em ordem com o trabalho então vou tomar um café. Em um corredor vejo Edu cercado por outras pessoas, rindo de alguma piada. Ele me vê e sorri, então pisca. Retribuo o sorriso e aceno com o café. Ele sai de perto do grupo e vem onde estou. Percebo olhares hostis de duas garotas e sorrio, elas se viram e saem.
- Você já arrumou um fã clube?
- O que? Ah, elas? Não, não é isso. Mas meu charme é infalível, O que posso fazer? - Ele dá de ombros.
- Cuidado, Sr. Definido. Você pode cair do pedestal da modéstia um dia e não ter quem te ajude.
- Sr. Definido? - Ele me olha rindo.
- Você e esse corpinho todo definido, pensei assim quando nos conhecemos.
- Ah foi? - Gargalha ele, - bom saber disso.
- Me deixa voltar. Não quero problemas se meu chefe liga e não atendo.
- Vai lá. Almoço?
- Te espero.
- Até lá, então. - Pisca pra mim e sai.
A semana toda almoçamos junto. Rita se juntou a nós na quarta e Ângelo na quinta. Percebi a preocupação deles comigo, mas não tocam no assunto. Não conto os pesadelos ocasionais dessa semana. Não quero lembrar disso.
Sábado é dia de faxina. Ah como gostaria de pagar alguém para fazer isso. Mas não posso, então me conformo, coloco uma música bem agitada para me dar ânimos de começar e mãos a obra. Roupas lavadas, apartamento limpo. Dou graças que é pequeno. Banho e sessão filme no sofá. Meu celular toca e sem prestar atenção quem está ligando atendo.
- Alô?
- Olá gatinha?
Paro de respirar. Miguel. Como ele conseguiu meu número? Mudei assim que terminamos.
- Miguel. - falo quase sem voz.
- Olha só! Ela reconhece minha voz.
- O que você quer? E como conseguiu meu número?
- Sou bom em conseguir coisas. Você sabe disso. Não sou bom em perder e você sabe disso também. - Percebi a ameaça em sua voz.
- Ainda não me disse o que quer.
- Quero ver você. Essa semana. - Fala direto, sem chance para mal entendido.
- Não posso. Aliás, pra você nunca vou poder. Não me ligue mais. Adeus.
- Não desligue! - Ele grita - Você sabe como sou quando me irrito. Melhor não abusar. - Fala em um tom de voz ameaçador.
- Eu chamo a polícia se você se aproximar de mim outra vez. Me esquece Miguel! - Digo alto, quase gritando ao telefone.
- Impossível esquecer você, gatinha. - Ele ri e desliga.
Droga! O que vou fazer agora? Gravo o número dele, pra saber quando me ligar e não atender de novo. Sei que ele vai me infernizar agora. Dou um pulo e grito quando o telefone toca de novo, mas é Edu dessa vez.
- Oi - Falo ofegante por causa do susto.
- Você está bem? - Ele pergunta.
- Estou. Tomei um susto, só isso.
- Posso subir? Estou na frente do seu prédio.
Como assim? O que ele faz aqui?
- Ah... pode, claro.
Abro a porta e ele me olha de cima a baixo.
- Está doente? Estava dormindo? - diz enquanto não tira os olhos do meu corpo.
Olho-me e percebo que estou só de camisola. Enrolo meus braços entorno de meu corpo tentando me esconder.
- Ah... não. Estava assistindo um filme. Entra, vou me trocar.
- Não se incomode comigo... err... por minha causa - Os olhos dele brilham brincalhões. - Que filme estava assistindo?
- Como perder um homem em 10 dias.
- Adoro esse filme.
- Você? - Pergunto desconfiada.
- Acho engraçado. O quê? Não posso? - Ergue uma sombrancelha me questionando.
Rimos e vamos para o sofá.
- Gostei muito da sua camisola. É bem... atrativa. - Ele passa as mãos em minha cintura e pulo.
- Para Edu! Faz cócegas!
O telefone dele toca e ele atende rindo.
- Oi, cara. Não, não vou, podem ir, tenho outros planos. Segredo, não posso revelar. Não sei, talvez não durma em casa. Ok, nos falamos amanhã. - Me olha durante toda a ligação, fazendo careta vez ou outra.
- Segredo? Não dormir em casa? O que foi isso? - Pergunto rindo.
- Posso ficar aqui hoje? - Me pergunta assim que desliga. - É que o Ângelo está me empurrando pra cima de uma amiga, e... bem... ela não é o meu tipo, sabe... Posso? Por favor?
- Sei. Você está fugindo da amiga ou do Ângelo?
- Dos dois. - ele ri.
- Tudo bem. Mas temos que pedir comida. Não tenho nada em casa.
- Por mim, fechado. Pedimos pizza e terminamos de assistir o filme.
Enquanto Edu toma um banho, arrumo o sofá para ele dormir. Relembro a ligação de Miguel e sinto um frio subir pela espinha. Sei que ele está aprontando alguma coisa, só não sei o que é. Ainda não sei como ele conseguiu meu número, não passei para ninguém que ele conhecia. Só no trabalho, meu chefe, Rita e sua família sabem. Abraço o travasseiro enquanto penso nisso tudo.
- Oi? Alguém em casa? - Dou um pulo com Edu atrás de mim. - Nossa desculpa. É que te chamei e você não respondeu.
- Ok. Pronto. Sua cama está pronta. Boa noite. - Saiu entregando o travesseiro a ele.
- Obrigado. Boa noite.
Vou para o quarto e apago.
Gatinha manhosa e teimosa merece castigo. Você vai ficar aí, sem fazer um barulho. Senão...
- Aaaaaa!!!
Acordo gritando. Edu entra de uma vez no quarto, assustado com meu grito.
- O que foi?
Então desabo!
Começo a chorar sem parar. Não consigo dizer nada. Ele vem e me abraça, massageando minhas costas. Dizendo que está tudo bem, que foi só um pesadelo. E choro mais lembrando os olhos pretos de Miguel, me encarando, montado em mim na cama. Edu começa a beijar minha cabeça, descendo pelo meu rosto, meus olhos, diz que está tudo bem, que ele está aqui. Seca algumas lágrimas e faz que vai se levantar. O seguro forte para que ele perceba que não quero ficar só, então ele me abraça apertado até que acalmo e caio no sono de novo.
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Doce Remédio
Literatura Feminina-------PLÁGIO É CRIME COM FORÇA DA LEI 9.610/98------- ***Obra Registrada no Avctoris. *** Qualquer semelhança com nomes, fatos, pessoas ou locais nesse livro é mera coincidência.*** *** OBRA ORIGINAL SEM REVISÃO. FÍSICO REVISADO E JÁ NA 2ª EDIÇÃO...